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Adam Trautman poderia seguir os moldes de George Kittle?

Adam Trautman poderia seguir os moldes de George Kittle?

Quando o técnico de tight ends do Saints, Dan Campbell, viu o vídeo de Adam Trautman, ele ficou intrigado com o que o jogador seria capaz de fazer no ataque do Saints.

Trautman foi para Dayton, que não produziu muitos talentos para a NFL (ele foi o primeiro jogador draftado da universidade desde 1977). Mas o Saints não tem tido medo de observar universidades menores na busca por talentos. Quando Campbell foi ao Senior Bowl observar Trautman, ele o viu fazer as mesmas coisas, mas contra jogadores de alto nível competitivo.

O Saints estava bastante convicto em enviar várias escolhas de draft para o Vikings a fim de pegar Trautman na terceira rodada.

“Ele tem essa coisa de mudar rapidamente de direção. Ele tem uma certa rapidez”, disse Campbell. “Ele pode bater a marcação individual, ele fez isso repetidamente. Ele é bom na red zone, é bom carregando a bola, também o vemos se alinhando no snap, com a mão no chão, chegando até o adversário no jogo corrido. Eu estava intrigado com este cara, aí o vi competir no Senior Bowl e foi lá que fiquei realmente empolgado. Porque então pude ver… o quanto ele aprendeu no espaço de uma semana e que tipo de potencial ele tem.”

“Eu sei por mim, pessoalmente, e pelo treinador (Sean Payton) também, todos nós estamos com a expectativa alta sobre esse rapaz. Já estava de olho nele, quando o vi caindo de posição no draft fiquei surpreso, então eu sabia que… nós tínhamos que pegá-lo. Tinha certeza disso naquela hora, eu estava tão empolgado, não podia acreditar que o pegamos.”

Campbell falou sobre Trautman, o potencial de Jared Cook e como George Kittle está mudando a posição, numa entrevista para uma mídia de Nova Orleans.

The Athletic está fazendo uma série de artigos com os técnicos do Saints durante a pré-temporada. (Leia o artigo com o técnico de linha ofensiva, Dan Roushar, aqui, com o coordenador defensivo, Dennis Allen, aqui e com o técnico de secundária, Aaron Glenn, aqui).

A transição para a NFL será um desafio para Trautman

Mesmo com toda sua empolgação em ter o jogador, Campbell não é ingênuo o suficiente para pensar que Trautman será capaz de saltar de uma universidade menor para a NFL imediatamente.

“Ele será atingido pela velocidade do jogo e também pela força, mesmo com seu nível. É um jogo diferente daquele na SEC [NCAA Southeastern Conference]”, disse Campbell. “Em algum momento, ele enfrentará Cam Jordan, que é, possivelmente, o melhor defensive end da liga hoje, um jogador completo, e na primeira vez que nós treinarmos um duo (conceito) e ele estiver cara a cara com Cam… isso vai abrir seus olhos na hora.”

Uma das coisas que chamou a atenção de Campbell quando este observou Trautman foi seu ímpeto em bloquear, assim como sua veia competitiva. Esta é uma troca que ele fará algum dia.

“O que se viu foi um cara que, fundamentalmente, era um pouco cru, particularmente no jogo corrido, mas esse cara, é como se ele atirasse seu corpo e fizesse o possível para conseguir bloqueios, ele é agressivo e durão nisso”, disse Campbell. “Eu pensava, meu Deus, ver um jogador com essa habilidade, poder vê-lo fazer aquelas coisas. Toda a crueldade, a dureza e a bravura deste jogo são apenas OK para ele, eu adoraria trabalhar com esse cara porque para ele o céu é o limite.”

É por isso que ele não acha que enfrentar certa adversidade no começo será um problema para Trautman.

“Aqueles que são competitivos, eles não gostam de ser expostos assim. Para eles é… tudo ou nada. Eles querem as respostas, eles querem ter as ferramentas, querem a excelência pois não gostam daquele sentimento”, disse Campbell. “Ninguém gosta de ser derrotado.”

Tão importante quanto é a parte mental do ataque: aprender responsabilidades e aprender como uma defesa pode atacar. Campbell tem falado com ele quatro ou cinco vezes por semana via videoconferência e vê que ele tem lidado bem.

“Estudando posicionamentos com ele, assistindo a tapes antigos de nossos jogos, conversando com ele sobre aquilo, foi quando fiquei empolgado de verdade e descobri rapidamente que A: pode um cara amar tanto futebol americano ou falar sobre? e B: como ele pode saber tanto e pegar as coisas tão rápido?” disse Campbell. “Até este momento está evidente que ‘OK, este garoto pensa um pouco melhor do que um  iniciante.'”

Ele acrescentou: “Com a exceção de Drew Brees, ninguém tem que saber mais sobre este ataque do que nossos tight ends. Eles precisam saber tudo: desde a corrida, passe, proteção até a defesa, a secundária, o que estamos fazendo, quais são as chamadas, as inversões, as mudanças de rota, se é 1 ou 2, saber ler a situação… Tudo isso será mentalizado por ele. Muita coisa será nova para ele… mas acho ele inteligente o bastante e com o tipo de atitude competitiva na qual ele quer sempre mais e mostrar que é capaz.”

O verdadeiro tight end “Y” é raro, mas George Kittle está mudando isso

Nos últimos anos, Campbell tem observado um fenômeno interessante: tem sido cada vez mais difícil encontrar um tight end “Y” ou in-line blocking tight end¹ tradicional.

Muitos tight ends podem ser excelentes em receber passes, mas medianos e até medíocres para fazer bloqueios no jogo corrido, então Campbell está sempre de olho em jogadores que podem ser bons nas duas áreas.

“Achar um cara que possa fazer as duas coisas… que possa ser um diferencial no jogo aéreo e ainda assim ajudar no jogo terrestre, não apenas fazendo sua função, mas ajudando de verdade, de modo que pareça perfeito, por exemplo ‘Precisamos tirar determinado adversário do jogo ou dessa jogada, vamos colocar esse cara pra isso’, esses caras são difíceis de encontrar”, disse Campbell.

Campbell tem notado que tight ends recém-chegados do college estão mais dispostos em mostrar o que podem fazer como bloqueadores, especificamente ao mencionar o tight end do 49ers George Kittle, que está na liga apenas há três temporadas, mas já causou um grande impacto como um tight end polivalente.

“Honestamente, da perspectiva de um tight end, a explosão de Kittle, é, provavelmente, a melhor coisa que aconteceu à liga. Porque Kittle é um tight end completo, e quando o vemos jogar, ele e caras como Rob Gronkowski, estes caras são raros, mas há uma nova onda chegando, quando conversamos com alguns jogadores no combine atualmente”, disse Campbell. “Em quem você se espelha? ‘Ah, em George Kittle’, e acho que é algo bom, pois perguntamos o porquê e eles respondem que é porque ele pode fazer de tudo. Ele é capaz de fazer de tudo e caras assim nos ajudam e tornam o time melhor.”

Campbell foi rápido em dizer que ele não estaria comparando um novato com um All-Pro, mas destacou que, se Trautman puder se tornar um bloqueador de sucesso na NFL, isso poderia criar muitas oportunidades no jogo corrido do Saints.

“Nossa expectativa ao draftar esse garoto é que ele possa nos ajudar um pouco. Ele vai nos trazer versatilidade”, disse Campbell. “Antes de mais nada, quero pensar que ele é um híbrido de nossos dois outros jogadores. Ele é capaz de fazer o trabalho sujo que Josh Hill faz, mas também tem essa habilidade em receber passes como (Jared) Cook. Ele está em algum ponto entre eles. Com um jogador assim podemos ir de 12 personnel com (Trautman) e Cook, podemos ir de 12 personnel com (Trautman) e Josh (Hill), podemos ainda ir de 12 personnel com outros. Isto nos dá um pacote de opções do que podemos fazer ofensivamente, então sim, achamos que ele pode ajudar, estamos esperançosos de que ele possa nos ajudar jogando mais em 12 personnel.”

Jared Cook pode ser um pesadelo nos matchups

Não é exatamente um segredo o que Cook é capaz de fazer. Se suas 43 recepções para 705 jardas e nove touchdowns não foram suficientes no ano passado, toda sua produção ao longo de 11 temporadas na liga fala por si.

Entretanto, demorou um tempinho para que Cook, 33, perceber seu verdadeiro potencial no ataque do Saints, depois de perder o restante do training camp por causa de uma lesão. A lesão de Drew Brees logo no começo da temporada não ajudou, e mesmo com o seu retorno, Cook teve que lidar com um problema no meio da temporada.

“Naquela época foi importante ter uma boa sintonia entre os dois… todas as nuances do jogo são importantes entre eles, acho que no começo foi um pouco turbulento. Mas os dois juntos, cara, olhando para a primeira metade da temporada vemos o que somos capazes de fazer. Aquilo era o que os dois jogadores são capazes de fazer juntos”, disse Campbell.

A produção de Cook no ano passado não é normal na sua idade. Há certamente alguns fora-de-série como o Hall da Fama Tony Gonzalez, que não perdeu um único jogo depois dos 30 anos, mas não é fácil para um tight end mais velho sustentar um alto nível de jogo e se manter saudável.

Mas está claro que o Saints tem grandes expectativas com relação a Cook novamente.

“Eu não consigo falar sobre tudo que ele tem de bom”, disse Campbell. “Não apenas um grande ser humano, este cara é uma pessoa inacreditável e eu não sou o único que diz isso. Fale com as pessoas de uma cafeteria, qualquer um, eles amam demais esse cara. Ele é um baita ser humano que trabalha pra isso, que quer ser bom.

“Ele é um pesadelo no um contra um.”

Emmanuel Sanders dá uma outra dimensão ao ataque

O wide receiver do Saints Emmanuel Sanders é outro jogador sobre quem o time provavelmente tem uma visão clara após ver sua produção nas últimas 10 temporadas. Considerando a forma como ele venceu o Saints no ano passado com o 49ers (157 jardas, um touchdown), não há dúvidas de que o Saints estava ansioso para adicioná-lo ao ataque.

“É mais uma arma. Ele nos dá uma extrema velocidade para tentar o passe ou quebrar a cobertura”, disse Campbell. “Todo mundo tem que ter isso, porque em certo momento, se não há um craque, então as defesas vão apenas marcar rotas pelo meio, eles não vão se preocupar com jogadas de passe longo. Ele é mais uma arma que vai nos ajudar, mas mesmo assim, não quero ignorar Tre’Quan Smith. Tre’Quan tem feito um baita trabalho pra gente. Veja, ele teve algumas lesões, mas Tre’Quan é um daqueles caras quietos. Ele faz muitas coisas que passam despercebidas. Ele faz muito trabalho sujo pra nós, mas mesmo assim, ele está crescendo como recebedor. Esse cara tem muita lenha pra queimar também.”

Tommy Stevens pode começar no grupo de TEs

O Saints brigou com o Panthers por Tommy Stevens no draft, mas agora eles precisam descobrir o que fazer com ele. Stevens não vai fazer parte do time puramente como um quarto quarterback, assim, os técnicos provavelmente vão testá-lo em múltiplas funções o quanto antes para ver onde ele se encaixa.

Payton já disse a visão que eles têm sobre ele é similar à de Taysom Hill, que já jogou como tight end às vezes, entre seus outros muitos papéis.

Campbell não falou com Stevens ainda, mas conhecendo o tipo de versatilidade que ele tem, disse que não ficaria surpreso se ele acabar começando no grupo de tight ends para ver do que ele é capaz.

“Nós o amamos como atleta, é algo que amamos, sentimos que ele tem versatilidade, muito do que Taysom tem, mas é necessário algo mais até que saibamos que ele possa fazer múltiplas funções, mesmo que eventualmente”, disse Campbell. “Eu sei que ele (Payton) quer Stevens fazendo coisas diferentes, em posições diferentes. Estou certo de que o plano é colocá-lo fazendo alguns treinos no meu grupo, outras vezes entre os quarterbacks, talvez substituir alguém aqui e ali, trabalhar com ele em várias posições e ver onde ele se sente mais confortável, ver o que pode fazer e então partir daí”.

Traduzido de: theathletic.com

(Photo: Chris Graythen / Getty Images)

¹Nota do tradutor: um in-line blocking tight end seria um tight end que fica sobre três apoios na linha de scrimmage, bloqueia um DE e se livra de bloqueios para poder fazer recepções. Fonte: thegazette.com

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