Recuperação em Campo: Lesão no Ligamento Cruzado Anterior – LCA
Recuperação em Campo: Lesão no Ligamento Cruzado Anterior – LCA
A semana 13 da NFL trouxe novas péssimas notícias para o New Orleans Saints. O canivete suíço, Taysom Hill (34), sofreu uma séria lesão no joelho esquerdo após um trauma, no jogo contra o Los Angeles Rams, no domingo, 01 de Dezembro de 2024.
A ruptura no ligamento anterior é uma das piores lesões que um atleta de alta performance pode sofrer, pois demanda um longo tempo de recuperação. Mas, afinal, o que é essa tão famosa lesão que assombra os atletas de vários esportes?
Os ossos do corpo humano são unidos entre si por ligamentos, que são estruturas compostas por colágeno e tecido conjuntivo com fibras elásticas. Essa propriedade das fibras (de se esticar) permite que o ligamento se alongue, porém esse movimento é limitado. Quando o estresse sobre essa estrutura ultrapassa esse limiar, há a ruptura ligamentar, podendo ser de maneira parcial ou completa.
De forma geral, o ligamento mais conhecido dentro do esporte é o ligamento cruzado anterior, o famoso LCA. Isso se dá pelo fato dele ser uma das principais estruturas que atua nos movimentos de desaceleração e mudança de direção dos atletas, ações que o deixam exposto às rupturas. Entretanto, não só através das entorses acontecem essas lesões, também podem ocorrer através do trauma, ou seja, quando existe impacto na região dos membros inferiores, mais especificamente no joelho.
O desequilíbrio muscular entre os isquiotibiais e o quadríceps também é um fator que pode contribuir para a ruptura do LCA. Por quê? O mecanismo acontece através do pé fixo ao solo associado a uma rotação interna da tíbia e rotação externa do fêmur, e são os posteriores de coxa (isquiotibiais) os responsáveis por sustentarem todas essas estruturas, evitando essas rotações e que também não ocorra a anteriorização da tíbia em relação ao fêmur. Nessa relação Q/I (quadríceps/isquiotibiais) o quadríceps é a musculatura mais forte, logo os posteriores devem ser trabalhados para que não haja esse desequilíbrio, pois, havendo, a chance de ruptura é maior.
O diagnóstico da lesão é feito por testes clínicos, como os testes de gaveta anterior e teste de Lachman, eles detectam a anteriorização da tíbia em relação ao fêmur. Em relação aos exames de imagem, a ressonância magnética (RNM) é utilizada para saber o grau da lesão, se há um estiramento (grau I), uma ruptura parcial (grau II) ou uma ruptura total (grau III).
A recuperação varia de atleta para atleta, tendo em vista suas particularidades fisiológicas. No caso de atletas de alto rendimento, como os atletas de futebol americano da NFL, sempre que acontecer uma ruptura, parcial ou total, na maioria dos casos o procedimento cirúrgico será o indicado para reparar o ligamento. Esse reparo é feito através de enxertos, que são retirados de alguns tendões, sendo os principais o tendão quadricipital (quadríceps), tendão patelar (patela) e tendões dos isquiotibiais (posteriores de coxa).
De uma forma geral, nove meses é o período de recuperação mínima, podendo chegar até aos 12 meses. Esse é o tempo para a cicatrização total e ligamentização dos enxertos usados na reconstrução, e a volta antes desse período coloca o atleta em uma situação provável de recidiva (nova lesão).
A fisioterapia atua diretamente no pré-operatório e no pós-operatório para a plena recuperação do atleta, acompanhando todo o processo de reabilitação. Cada paciente possui suas peculiaridades, porém, dentro de 20 dias já é possível deambular com controle de descarga de peso. Conforme há a evolução da recuperação, são incluídos exercícios de ganho de amplitude de movimento (ADM), fortalecimento do quadríceps e isquiotibiais, e são realizados trabalhos de propriocepção, até que o atleta ganhe alta fisioterapêutica para voltar aos trabalhos físicos, técnicos e táticos.
Desejamos um pronta recuperação para o nosso canivete suíço!
Imagem de capa: Recovering from your ACL Surgery
Artigo escrito por: Gustavo Diniz