COLUNA DO ZÉ: Agora vai ou fomos enganados?
COLUNA DO ZÉ: Agora vai ou fomos enganados?
Por José Eduardo Zanon
Salve, torcedor dos Saints!
Quero começar minha crônica dessa semana pedindo desculpas pelo atraso. Essa terça-feira pós semana 5 foi meio agitada aqui em casa, com os gêmeos recém-chegados fazendo toda confusão e tendo toda demanda possível ao longo do dia. Um dia bem divertido, diga-se de passagem. Mas mal consegui sentar na frente do computador por mais de alguns minutos para escrever estas minhas bobagens semanais.
Dito isso, foi um belo jogo que tivemos no domingo, hein? O New Orleans Saints foi a Foxborough enfrentar o New England Patriots e venceu (melhor seria deu uma surra) por 34 a 0. Foi uma surpresa para alguns? Para mim, particularmente, foi muito surpreendente. Cheguei a cogitar, minutos antes da partida, fazer uma bet arriscando até nenhum touchdown no jogo. Brinquei no grupo do WhatsApp que a galera apostando em 12 a 9 ou 12 a 6 estavam muito otimistas, pois eu apostaria um 6 a 3.
Mas como diria o velho pensador Mário Jorge “O” Lobo Zagallo, “Aí sim, fomos surpreendidos novamente!”. Porque torcer para os Saints é isso mesmo. Quando a fase está boa, do nada, vem aquele jogo da “feijoada”, onde tudo dá errado, mesmo todo mundo se esforçando para dar certo. E quando estamos em uma fase em que a comissão técnica está fazendo de tudo para dar errado, bum!, um belo jogo de agradar os olhos de quem assiste.
Foi uma semana pesada lá em New Orleans. Já que não tem torcida organizada para pichar os muros, coube à torcida nas redes sociais e principalmente à imprensa fazer a caveira do treinador Dennis Allen e principalmente do coordenador ofensivo Pete Carmichael, o responsável direto pelas chamadas de jogadas do ataque. O ataque que vinha pífio e patético, praticamente uma piada, responsável direto pela derrota contra o Tampa Bay Buccaneers e indireto pela derrota para o Green Bay Packers. E vendo o jogo do Monday Night Football e a derrota destes últimos para o Las Vegas Raiders, a indignação dessa derrota só aumentou.
E também coube aos jogadores. As entrevistas no pós jogo da semana 4 foram tensas, pesadas, carregadas de decepção e frustração. Todos dizendo que algo precisava melhorar, que muita coisa precisava ser mudada. Basicamente aquilo que todos que assistiram os jogos pensavam. Todos menos a comissão técnica.
Apesar de todo calor e pressão, Carmichael foi cozinhado em banho maria e não foi demitido. Os questionamentos da imprensa e dos jogadores foram respondidos em campo. Muitos dos pontos cobrados em entrevistas foram colocados em prática, assim, do nada, num passe de mágica, como se para mostrar que se ele quisesse colocar as jogadas em prática, ele poderia colocar. O que, para mim piora, as coisas.
Do nada, o ataque meio que funcionou. O RB Alvin Kamara voltou de verdade nessa semana, anotou um TD corrido e se isolou como o recordista de touchdowns com a camisa do New Orleans Saints (73 e contando), além de correr muito. O calouro Kendre Miller participou bem e ajudou bastante a mover as correntes. O WR Michael Thomas continua saudável e quando está saudável é sempre uma opção confiável para o ataque progredir com firmeza.
A insegurança que o QB Derek Carr demonstrou nas últimas semanas, principalmente na semana 4 contra os Bucs, aparentemente desapareceu: não foi interceptado, fez um bom trabalho e lançou para dois touchdowns, um com o WR Chris Olave e outro com o TE Foster Moreau (seu primeiro com os Saints). Em quatro incursões na redzone, três resultaram em touchdown. Teve até uma jogada em que ele parece ter mandado um “Senta lá, Cláudia”, para a sideline durante a chamada. Gostei, hein?
Comparado com as últimas semanas, e até com a última temporada, isso é um baita resultado. Difícil lembrar de um ataque tão produtivo nesse passado recente. Mas nem tudo são flores, e eu já chego lá.
Enquanto isso, vou continuar falando das coisas boas. Nossa defesa mostrou que realmente é uma das melhores da liga. Mas você pode falar “Ah, foi contra os Patriots de Mac Jones”. E eu vou concordar com você. Se a coisa está feia lá em New Orleans, imagina como está lá para as bandas de Boston. Esse é o pior time do New England Patriots que já vi.
Mal treinado, mal conduzido. Então, “Tostines vende mais porque é fresquinho ou é fresquinho porque vende mais?” – se você não entendeu a referência, parabéns, você é jovem e espero que tenha uma vida longa e plena. O ataque dos Patriots foi um fracasso por causa da excelente defesa dos Saints ou a defesa dos Saints brilhou por causa da piada que é o ataque dos Patriots?
Eu acredito em uma mistura das duas coisas. Mas acredito mais no potencial da nossa defesa, que já mostrou ser muito boa em outros jogos, inclusive contra bons ataques. Foi uma atuação dominante, permitindo apenas 156 jardas e uma conversão de terceira descida em 14 tentativas. Duas interceptações, uma com retorno para touchdown pelo nosso querido Texugo do Mel, o S Tyrann Mathieu, que estava devendo um bom jogo para a torcida.
Foi uma excelente performance da defesa, com dois sacks e um fumble recuperado pelo DE Cameron Jordan. E que jogo fez o DE Carl Granderson, um espetáculo, mostrando que merecia mesmo ser bem pago. O Special Team não deixou nada a desejar. O punter Lou Hedley não brilhou, mas não decepcionou e a nossa criança que chuta Blake Grupe acertou dois field goals de mais de 50 jardas.
Bom, até aqui, o leitor pode me dizer, tudo bem, não vejo nenhum problema num jogo com shutout (um jogo em que o lado que perde não marca nenhum ponto). Mas quem assiste os jogos do New Orleans Saints sabe que não é bem assim.
Não é possível que toda chamada de corrida para Kamara seja pelo meio da linha ofensiva, ele que já mostrou tanto talento em jogadas explosivas pelas laterais. O ataque precisa ser sempre assim, tão previsível? As jogadas de com Tayson Hill serão sempre as mesmas? Chamadas de passe para Michael Thomas pelo meio, jogadas explosivas para Rashid Shaheed e Chris Olave sempre forçadas? Fora uma ou outra exceção, é quase possível prever as chamadas.
Os problemas diminuíram, mas não sumiram. Teve mais ataque com motion, mas teve mais faltas. E Carmichael culpou o motion, é lógico. Não a falta de treino. Não a falta de criatividade das primeiras semanas. Óbvio. Modelo Pofexô Luxemburgo anos 10-20.
As coisas continuam ruins para o nosso ataque, só que qualquer melhoria já é um grande avanço. Mas tem uma coisa. Não era difícil melhorar visto o quão ruim estava nas últimas semanas. E se tem uma coisa ruim dessa vitória, devo confessar que eu tenho isso em mente, é que o coordenador ofensivo não será trocado tão cedo. Essa vitória, com um razoável desempenho do ataque, é o suficiente para sossegar os críticos da imprensa por um tempinho.
Eu tenho certeza que, se pudesse, Pete Carmichael viria aos microfones da CBS ao fim do jogo, com o rosto todo vermelho da mais pura raiva, com o dedo em riste, e faria um desabafo com plenos pulmões “YOU’RE GOING TO HAVE TO SWALLOW ME!!!”.
É triste, mas é o que tem pra hoje. O que nos resta, como torcedor, é esperar que as lições tenham sido aprendidas, e que o desempenho do ataque agora siga numa crescente, como esperado desde a contratação de Carr na intertemporada. Se uma vitória pode ser ruim, é uma vitória dessas, da maneira como foi. Muitos tinham esperança de Carmichael ser demitido em caso de derrota, alguns até esperavam essa derrota para acelerar as correções.
Não foi dessa vez. Que isso não seja uma espécie de cilada que os Saints armou para si mesmo. Não adianta ganhar esse jogo e o desempenho voltar a cair, porque as coisas não mudaram.
Vamos ver o que a temporada ainda nos reserva. O próximo jogo do New Orleans Saints será no Texas, contra o Houston Texans, do QB calouro C. J. Stroud.
E aí? O que você acha? Comente se você acha que essa vitória é uma cilada ou ela é o “agora vai” do nosso ataque.
Bora, Saints!
Venha me ver falando bobagem e sofrendo com o New Orleans Saints em outros lugares, no antigo Twitter e no Instagram.