COLUNA DO ZÉ: É tão difícil jogar assim?
COLUNA DO ZÉ: É tão difícil jogar assim?
Por José Eduardo Zanon
Salve, torcedor dos Saints!
Como eu já disse por aqui antes, a esperança é o que mata o torcedor dos Saints. Depois de uma vitória, fora de casa, contra o Indianapolis Colts, por 38 a 27, é fácil voltar a ter esperança.
Dito isso, se preparem para duas derrotas nos dois próximos jogos, antes da bye week.
Eu fui para esse jogo com o espírito leve, como relatei na minha última coluna, pois não tinha mais nada a esperar de um time que estava se especializando em buscar novas maneiras de frustrar sua torcida, semana após semana.
Deixei a TV sem som no jogo da Roma, que perdeu para a Inter no fim do jogo, coloquei o tablet no Red Zone da ESPN (Star+) e liguei o velho guerreiro notebook no DAZN. Abri uma cerveja, sentei no meu lugar de sempre, e estava pronto para sofrer, passar raiva e xingar muito os jogadores e a comissão técnica através do monitor.
Mas a vida, essa sim, é uma caixinha de surpresas. Foi um jogo daqueles bem divertidos. Nem parecia o New Orleans Saints.
O jogo
O primeiro drive de cada time resultou em punts. Até aí, tudo certo, dentro da normalidade. Mas aí a boa unidade terrestre dos Colts, formada pelos running backs Jonathan Taylor e Zack Moss começou a funcionar e a defesa dos Saints demorou para pegar o jeito. Os caras são bons, fizeram um belo drive e terminaram na endzone. Numa corrida? Não. Num passe do QB Gardner Minshew para o WR Michael Pittman Jr, óbvio. Num baita vacilo do CB Marshon Lattimore e um pouco de vacilo do DE Cam Jordan.
O detalhe desse lance fica para as faltas. As faltas, sempre elas. Nesse lance, houve uma falta do special team que permitiu uma quarta para uma jarda que resultou no touchdown. O New Orleans Saints é o time mais faltoso da NFL, e ninguém havia cedido mais jardas em faltas até aquele momento, bem destacado na transmissão.
Qualquer um poderia ficar cabisbaixo, desanimado, sem vontade de cantar uma bela canção. Mas não. Não dessa vez. Em um drive que nem parecia ser dos Saints, o RB Alvin Kamara recebeu um passe do QB Derek Carr e empatou minutos depois.
Eu já disse que a defesa demorou pra entrar no jogo, e foi assim pelo restante do primeiro tempo. No começo e no fim do segundo quarto foram dois field goals anotados para os Colts. Mas o melhor amigo do ataque dos Colts foi Carr, que sofreu um sack com fumble recuperado pela defesa, que se tornou um touchdown terrestre convertido por Moss em seguida.
Os Colts terminaram o primeiro tempo com 20 pontos, uma barreira quase intransponível para o ataque dos Saints. Mas eu já disse, não dessa vez.
Um primeiro tempo diferente
A máquina de jogar futebol americano chamada Taysom Hill foi bem utilizada pela comissão técnica, como nunca havia visto antes, e ele fez um TD terrestre de 20 jardas. Hill terminou com 63 jardas em 9 carregadas, e 1 passe certo de 2 tentativas para 44 jardas, conectando o WR Rashid Shaheed.
Shaheed terminou o jogo com APENAS três recepções, mas para 153 jardas e um touchdown, confirmando cada vez mais seu papel como ameaça em profundidade. Carr até fez um post com uma piadoca sobre isso no seu Instagram, pois o seu passe para o touchdown de 58 jardas de Shaheed foi coisa linda.
E com esses dois touchdowns ainda no segundo quarto, os Saints romperam a barreira dos 20 pontos apenas pela terceira vez em oito jogos na temporada e foram para o intervalo vencendo por 21 a 20. E não pararam por aí.
Um segundo tempo ainda mais diferente
No segundo tempo, a defesa fez alguns ajustes necessários e limitou o ataque dos Colts a apenas mais um touchdown, já perto do fim do jogo. Deusmario Davis liderou a defesa, que não cometeu os erros do primeiro tempo, tendo até uma interceptação realizada pelo CB Paulson Adebo na endzone.
O ataque continuou se comportando corretamente e Carr seguiu, de certa maneira, distribuindo bem a bola e o time avançava sem muitos problemas. Os recebedores Michael Thomas e Chris Olave foram bem, apesar de alguns drops incomuns durante o jogo. Mas os destaques seguiram sendo os mesmos do primeiro tempo.
Shaheed recebendo uma bomba de Hill de 44 jardas, na red zone, marcada em campo como interceptação e revertida pela arbitragem para recepção completada em seguida, foi uma daquelas jogadas memoráveis.
Os principais destaques
Taysom Hill, o mesmo que no começo do quarto quarto anotou mais um touchdown de corrida, para colocar 35 pontos no placar, antes da última pontuação dos Colts, que ainda traria alguma emoção ao fim do jogo. Jogo que foi encerrado num field goal da criança que erra, ops, chuta, Blake Grupe, de 27 jardas faltando 28 segundos para o fim do jogo; Grupe também acertou todos os cinco extra points.
Mas o destaque vai mesmo para Alvin Kamara, que pela 11ª vez na carreira anotou um touchdown correndo e outro recebendo num mesmo jogo, dessa vez chegando a endzone numa corrida (pelo meio!!!) de 16 jardas.
Quase toda jogada passa por Kamara, mas dessa vez ele está tendo ajuda dos outros corredores, Jamaal Williams e Kendre Miller. Kamara terminou com 59 jardas terrestres e 51 jardas em 4 recepções. E é assim que ele faz a alegria de felizes técnicos de Fantasy Football.
O que mudou?
Muita coisa mudou do jogo da semana 7 para esse na semana 8. No que é chamado de “mini bye”, já que o último jogo havia sido no Thursday Night Football, com dez dias para treinar e para fazer os ajustes tão necessários e cobrados pela imprensa e pela torcida, o time evoluiu e acertou mais.
Melhorou as opções de jogadas, não foram todas previsíveis. Teve mais jogadas de ataque com o motion, teve mais corridas com outros running backs, teve melhor distribuição de passes entre os recebedores. Nem tudo está perfeito, muito longe disso. Mas houveram sim sinais de melhora. É um jogo desse que a torcida gosta. Mais acertos, menos erros.
Com exceção das faltas. Essas ainda estão lá, fartas, firmes e fortes. O que é um exemplo bem claro de um time mal treinado. Isso não se corrige assim, em pouco tempo, ainda mais se o treinador ruim continua por lá ainda.
O quarterback Derek Carr teve seu melhor jogo na temporada. Carr completou 19 de 27 passes para 310 jardas e dois touchdowns, sem interceptações. O ataque teve sua maior produção de pontuação ao finalizar com pontuação em 3 de 4 entradas na red zone. Mas que fique claro que ainda há muito a melhorar na comunicação e execução das jogadas.
Provavelmente o que vimos seja a evolução da melhora da comunicação entre o novo quarterback, o ataque e a comissão técnica. Se isso será permanente ou foi, novamente, uma exceção, um ponto fora da curva, só a continuidade da temporada nos dirá.
O que vem agora?
Os Saints estão 4-4 na temporada, empatados em primeiro lugar da divisão com o Atlanta Falcons e um jogo a frente do Tampa Bay Buccaneers, pois ambos os times perderam na semana 8.
Temos dois jogos que podem ser relativamente fáceis se, óbvio, o ataque se comportar bem. O Chicago Bears (no Caesars Superdome) e o Minnesota Vikings (sem o QB Kirk Cousins, fora de casa) são sim adversários possíveis, basta ninguém fazer muita besteira e o time seguir evoluindo. Hoje (terça-feira, dia 31 de outubro), é o último dia para trocas entre os times, e nada deve acontecer lá em New Orleans.
Depois destes dois jogos, teremos a semana de descanso, a bye week. Como será que chegam os Saints, dentro de campo e dentro da divisão, quando for para o seu descanso? O que você acha? Deixe sua opinião nos comentários!
Vamos juntos nos iludir por mais alguns dias com o time de New Orleans,
Bora, Saints!
Foto da capa: Alvin Kamara se contorcendo para anotar um dos seus touchdowns, sob o olhar de Michael Thomas (Michael C. Herbert / New Orleans Saints)
Venha me ver falando bobagem e sofrendo com o New Orleans Saints em outros lugares, no antigo Twitter e no Instagram.