COLUNA DO ZÉ: Muito perto do fim
COLUNA DO ZÉ: Muito perto do fim
Por José Eduardo Zanon
Salve, torcedor dos Saints!
E chegamos naquele ponto da temporada do New Orleans Saints tão aguardado. Aquele ponto que todos sabiam que iria chegar, não importando o nível de otimismo.
Após mais uma derrota, a oitava na temporada, para o Los Angeles Rams, por 30 a 22, finalmente apareceu o fim das chances de classificação aos playoffs da temporada 23/24.
Isso porque, no domingo véspera de Natal, o Tampa Bay Buccaneers venceu o Jacksonville Jaguars, tem uma vitória a mais que os Saints e com jogos restando dependem somente de si mesmos para a classificação aos playoffs.
E a muito provável eliminação da briga pelos playoffs veio num jogo sintomático do quanto o time do New Orleans Saints é mal planejado, mal montado, mal dirigido, mal treinado, mal conduzido em campo.
Eu sei que quem vai olhar apenas o placar final vai ter a impressão de que foi um jogo apertado, afinal de contas terminou com a diferença de apenas uma posse. E isso aconteceu em vários jogos na temporada.
E em todas as derrotas, ou praticamente todas, o roteiro foi sempre o mesmo. O rival abre uma vantagem confortável, que praticamente lhe garantiu a vitória, e os Saints apresentam uma reação, quando o outro time já desencanou do jogo, e chegam perto de mudar o resultado final. Mas foco ali no chegam perto. É sempre um quase. Sempre no garbage time.
Jogo ruim da defesa
A defesa dos Saints, que não permitiu um touchdown sequer durante as duas vitórias nos últimos dois jogos, só sacou o quarterback rival Matthew Stafford uma vez e não forçou um turnover qualquer. Nenhum resquício de uma defesa que deveria ser elite.
Com essa paz para trabalhar, o ataque dos Rams aproveitaram, não bobearam e acabaram com o jogo rapidamente. Os Rams lideravam por 17 a 7 no intervalo e somaram 13 pontos no segundo tempo, liderando por 30 a 7 antes dos Saints esboçarem mais uma reação inútil.
Matthew Stafford acertou 24 de 34 passes tentados para 328 jardas, com dois touchdowns. O recebedor calouro Puka Nacua foi seu principal alvo com nove recepções para absurdas 164 jardas, anotando um touchdown. Outro recebedor, o veterano DeMarcus Robinson teve 84 jardas em 6 recepções e também anotou um touchdown. O WR Cooper Kupp nem precisou trabalhar.
O running back Kyren Williams teve mais um bom jogo, com 104 jardas em 22 tentativas de corrida, anotando um touchdown. O kicker Lucas Havrisk anotou três field goals. Um jogo tranquilo para os Rams, que enquanto quis jogar, não encontrou dificuldades contra a defesa dos Saints.
Ataque de nervos
Se a defesa teve uma partida ruim, o que dizer do ataque, então? Para mim, ódio define. Eu vejo a escolha, a chamada das jogadas, e penso “não é possível”. Não bastasse a péssima escolha de jogadas, a execução é quase sempre ruim.
O quarterback Derek Carr acertou 27 de 40 tentativas de passe, para 319 jardas, anotando três touchdowns e cedendo uma interceptação. Ele parece travado em alguns lances, com um processador mais lento que os demais, e perde muitas boas oportunidades de passe e erra passes que seriam mais simples, sem contar nas forçadas de barra em passes longos e disputados contra defensores ligados no lance.
O recebedor Chris Olave voltou depois depois de um jogo ausente, teve nove recepções para 123 jardas, mas não anotou nenhum touchdown. Ele passou de 1.000 jardas recebidas na temporada. Demonstrou que é fundamental para o ataque e também mostrou como está sendo desperdiçado com esse comando técnico.
O running back Alvin Kamara teve um dos piores jogos que já vi, com nove carregadas para apenas 19 jardas e cinco recepções para 16 jardas. Além de sempre ser fundamental e em diversas vezes ter carregado o time literalmente sozinho, ele mostrou que uma comissão técnica sem criatividade, ou mesmo qualquer capacidade para a função, destrói até excelentes jogadores. Ele e Jamaal Williams foram anulados pela defesa dos Rams.
O recebedor Rashid Shaheed anotou o primeiro touchdown dos Saints, no segundo quarto, quando o jogo ainda poderia parecer equilibrado, num passe de 45 jardas com participação fundamental de Olave atraindo a marcação no meio do campo para ele correr livre em profundidade.
Em seguida, os Saints poderia ter anotado um outro touchdown e ter passado à frente com 14 a 10 no placar. Mas uma tentativa de quarta descida frustrada colocou os Rams mais perto da endzone e daí pra frente foi ladeira abaixo. Isso aconteceu diversas vezes no jogo, se não me engano, foram quatro tentativas frustradas de quarta descida.
Os outros dois touchdowns foram anotados no garbage time, digo, no quarto quarto, com o tight end Juwan Johnson e com o recebedor novato A.T. Perry em um passe de 35 jardas com 3 minutos e 53 segundos restantes no relógio. A conversão de dois pontos para Olave foi bem-sucedida e deixou o jogo em uma posse. Que não veio a acontecer, com os Rams controlando bem o relógio e acabando com o jogo.
Destaque para Taysom Hill. Esqueceram que ele existe, não usaram nossa máquina de jogar futebol americano. Derrota na certa.
O que acontece agora?
Os Saints, que até então dependiam apenas deles mesmos (olha o problema aqui!), agora só se classificariam aos playoffs com uma combinação improvável de resultados, isso se os Saints conseguissem vencer os dois jogos que restam, contra Tampa Bay e contra o Atlanta Falcons na última semana (esses dois times venceram na semana 16).
E mesmo que vença os dois jogos, ficam na dependência de uma vitória do Carolina Panthers sobre os Buccaneers na semana 18. É querer demais, não é?
Para mim, o roteiro já está escrito. O New Orleans Saints precisa e deve vencer o jogo contra Tampa Bay, porque eles também são ruins. Daí vai para a última semana, à espera de um milagre. Que não vai vir. E aqui eu tenho duas alternativas bem claras na minha mente.
Alternativa 1: Os Saints vão vencer os Buccaneers que também vão perder para os Panthers. Mas os Saints vão perder novamente para o Atlanta Falcons. Fim de temporada melancólico, principalmente porque os Falcons vão para os playoffs com isso.
Alternativa 2: Os Saints vencem os dois jogos. Buccaneers vencem o jogo contra os Panthers no último drive da partida. Bucs classificados por terem mais vitórias dentro da conferência, uma a mais. Fim de temporada chocante.
A melhor alternativa, infelizmente, é já perdermos esse jogo contra o Tampa Bay, na casa deles, e pronto, ufa!, finalmente esse que vos escreve poderia descansar em paz, apesar do ódio de uma temporada desperdiçada. Mas a gente sabe que não é assim que a banda de jazz toca lá em New Orleans.
O New Orleans Saints é o time do quase. É o time de perder por um detalhe. E vai ser isso que vai acontecer. Vamos chegar quase lá, vamos ser desclassificados por um detalhe. Quantas vezes nas últimas temporadas o time deu esperança ao seu torcedor para este ver tudo ruir no último instante, da pior maneira possível?
Isso vai ter um resultado prático muito ruim. Por sermos desclassificados por um detalhe, os dirigentes terão toda a desculpa que precisam para não mudar nada. E com isso, vamos ter Dennis Allen e toda sua carga de fracassos como treinador principal por mais uma temporada. Nada de mudanças no elenco. Nenhum quarterback selecionado na primeira rodada do draft.
É triste, mas é o que deve acontecer. Esse fim de ano melancólico já estava previsto com o desenrolar da temporada. Só quem era muito otimista, como eu, que não queria enxergar. Mas chega uma hora que a gente também se cansa.
Mas vamos lá. Domingo tem mais. E a gente segue num misto de esperança e desespero.
Bora, Saints!
Foto da capa: (Michael C. Herbert / New Orleans Saints)
Venha me ver falando bobagem e sofrendo com o New Orleans Saints em outros lugares, no antigo Twitter e no Instagram.