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A casa do torcedor do New Orleans Saints no Brasil!
COLUNA DO ZÉ: Detalhes tão pequenos…

COLUNA DO ZÉ: Detalhes tão pequenos…

Parece que toda temporada do New Orleans Saints, nos últimos anos, se resumem a apenas detalhes. Meros detalhes. Simples. Detalhes tão pequenos, como diria Roberto Carlos em todo especial de fim de ano que eu nem sei se existe na televisão ainda.

Mas são esses detalhes que meio que explicam o time estar nessa atual situação, nesse chove e não molha. Uma instituição, um time, que parece que vai, mas não vai, e então resolve ficar, mas não fica. Pelo menos, é assim que eu vejo, que fique claro.

Eu comecei a torcer pelos Saints, não sei o porquê, sério. Isso foi lá em 2013, acho. Nunca tenho certeza. Não lembro o exato momento. Mas lembro de já ser torcedor dos Saints num tiroteio com o New York Giants, em 1º de novembro de 2015. O placar foi 52 a 49, numa das vitórias mais loucas que eu já vi dos Saints nesse tempo todo. Um Sunday Night Football com 7 (sete!) touchdowns lançados por Drew Brees. Que homem!

Quem puder, que vá ver os melhores momentos. Novamente ou pela primeira vez, tanto faz. (Associated Press)

Aquele time tinha um ataque fulminante, empolgante, como dava gosto de ver. Valia a pena ver cada drive. Brees no auge da técnica, Marques Colston, Brandin Cooks, Willie Snead IV e Ben Watson recebendo, Mark Ingram e CJ Spiller correndo com a bola. Que saudades!

Mas esse time não teve mais sucesso por conta de um detalhe. Na época era Rob Ryan o coordenador defensivo do time. Talvez o pior da história em toda a liga. Que fique claro que no primeiro ano o esquema defensivo dele teve relativo sucesso, era meio que inovador além de muito louco. Mas com o tempo, ninguém mais caía nas armadilhas e quem se ferrava era o torcedor dos Saints.

Mesmo o ataque voando, a defesa entregava. Todo jogo. Todo drive era um sufoco. O ataque era obrigado a pontuar, porque o ataque adversário iria pontuar com certeza. Não tem como sobreviver assim. E ali, 2013 a 2016, foram anos de campanhas negativas, mesmo com Ryan saindo em novembro de 2015 e Dennis Allen tendo assumido em 2016.

Não adiantava nada Drew Brees lançar para mais de cinco mil jardas por temporada. Um recorde que ele ainda tem. O detalhe que faltava era a defesa.

Aí veio o draft de 2017. O cornerback Marshon Lattimore, o offensive tackle Ryan Ramczyk, o safety Marcus Williams, o running back Alvin Kamara, o linebacker Alex Anzalone, o defensive end Trey Hendrickson. Juntos com o wide receiver Michael Thomas, draftado no ano anterior, formaram um time que surpreendeu muita gente.

Finalmente, na temporada regular de 2017 os Saints conseguem uma campanha positiva (11 vitórias, 5 derrotas) e voltam aos playoffs desde 2013, e três anos consecutivos de campanhas 7-9. No jogo do Wild Card ganha dos rivais de divisão Carolina Panthers e vai para o Divisional contra o Minnesota Vikings, em Minneapolis.

O jogo ia arrastado, difícil, aos trancos e barrancos. Mais aí vem um detalhe. O calouro Marcus Williams comete um erro que só um safety calouro pode cometer, e um milagre é criado em Minneapolis (veja – ou não – o Minneapolis Miracle) quando Stefon Diggs anota um touchdown para a história.

Um milagre que nada mais é que um erro de calouro… (fonte: Minnesota Vikings)

Um detalhe bobo e a temporada mágica vai para o saco. Eu lembro de pouca coisa de depois do jogo, fiquei arrasado.

Na temporada de 2018, era a temporada do Super Bowl. O time estava voando, tanto no ataque quanto na defesa. O time era o favorito em casas de apostas. Temporada regular satisfatória, campanha com 13 vitórias e 3 derrotas, folga na rodada de Wild Card. No divisional, um jogo apertado, mas ganham do Philadelphia Eagles e vão decidir a Conferência contra o Los Angeles Rams no Superdome.

Jogo apertado, brigado, como deve ser um jogo de playoffs. Aqui o detalhe até mudou as regras do jogo.

Com 1:49 para jogar em um jogo de 20-20 e os Saints enfrentando uma terceira decida para 10 da linha de 13 jardas dos Rams, Drew Brees recuou e lançou um passe para TommyLee Lewis, e foi aí que aconteceu. Uma não chamada de falta de interferência de passe aconteceu. E o restante é história.

Foi uma (não) chamada absurda demais para acreditar que foi apenas um erro. (Gerald Herbert / Associated Press)

E é assim que toda temporada dos Saints é perdida por um detalhe. No ano de 2019, novamente uma campanha 13-3, novamente nos playoffs, novamente contra o Minnesota Vikings, mas agora no jogo de Wild Card. Mas agora no Superdome.

O detalhe, dessa vez, foi a moeda na prorrogação. Minnesota ganhou na moeda, e fez um drive para touchdown que acabou com o jogo, sem chance de resposta para o ataque de Drew Brees. Mais uma derrota de partir o coração contra os Vikings, mais uma derrota de playoffs no Superdome.

E não parou por aí. No ano seguinte, uma derrota de realmente partir o coração, novamente no Superdome. No que viria a ser a última dança de Drew Brees, o detalhe foi, talvez, um fumble de Jared Cook no segundo quarto do jogo de Divisional contra o Tampa Bay Buccaneers de Tom Brady. Um fumble que mudou o andamento do jogo e provavelmente deu o ânimo que os Bucs precisavam.

E determinou o adeus de Drew Brees da quarterbecância. O melhor da história. Um adeus triste, que ele não merecia.

Drew Brees merecia pelo menos mais um anel de campeão, e faltou pouco. Só alguns detalhes. (Derick E. Hingle/USA TODAY Sports)

E esse adeus de Drew Brees é um dos detalhes da temporada de 2021. Uma temporada sem Brees já era uma novidade. Jameis Winston assumiu como o quarterback titular, e vinha razoavelmente bem dentro da sua loucura nos primeiros cinco jogos, agradando a torcida. Até sua contusão, num jogo contra, olha só, Tampa Bay Buccaneers. E essa contusão foi o detalhe preponderante para a temporada ir para o ralo.

Uma dança de quarterbacks, sendo que alguns não poderiam ser chamados de quarterback, incluindo a máquina de jogar futebol americano Taysom Hill, Trevor Siemian, Ian Book. Que temporada pavorosa. Se desse para apagar da história seria excelente. Até porque não serviu de lição pra nada.

A temporada de 2021 só serviu para o treinador Sean Payton pegar suas malinhas e ir embora. O hoje treinador do Denver Broncos estava cansado, assim como a torcida, e não via um futuro decente para os Saints a curto ou médio prazo, e preferiu dar área.

Valeu, Paytão! Foi uma bela jornada… (fonte: New Orleans Saints)

E esse foi um dos detalhes para a temporada de 2022 ser um fracasso. Entendeu onde eu quero chegar já? Espero que sim.

Além da saída de Payton e de Dennis Allen assumir como treinador principal, mesmo tendo um histórico muito ruim no (antigo) Oakland Raiders, um outro detalhe atrapalhou. Foi uma nova lesão de Winston que fez com que o coordenador ofensivo decidisse por Andy Dalton como quarterback titular. Alguém pode achar que a lesão de Alvin Kamara, uma nova lesão de Michael Thomas e a falta de recebedores podem ter prejudicado tudo, mas essas coisas também são só detalhes.

E é aqui que chegamos na temporada de 2023. Esses detalhes moldaram o estado atual do time. Atualmente somos um time de campanha com 5 vitórias e 5 derrotas, na tabela de jogos mais fácil da liga, mas pelo menos liderando a divisão mais fraca entre as oito da NFL.

Como toda campanha, como toda temporada termina num detalhe, pouca coisa muda. Ou quase nada nunca muda. Claro que perdemos Drew Brees nessa corrida, mas isso foi uma mudança forçada, e não desejada pelo New Orleans Saints.

É claro que também perdemos o técnico Sean Payton. Mas isso pouco impactou, num olhar mais amplo, pois tudo que fizeram foi para manter tudo igual, para gerar menos impacto com essa mudança. Não trouxeram um treinador novo, pegaram um da casa, mesmo que tenha tido uma experiência ruim. Deixa o mesmo coordenador ofensivo, “ele vai dar conta”.

O elenco continua praticamente o mesmo ao logo desses anos. Não houve reboot. Nem nunca se pensou em fazer. Nem acredito que virá um tão cedo. Os jogadores estão envelhecendo, e com exceção de Deusmario Davis e Taysom Hill, o envelhecimento não tem caído bem para os jogadores.

Claro, Alvin Kamara ainda é fantástico. Chegaram Chris Olave e Rashid Shaheed, e Jamaal Williams e Kendre Miller. Tem havido renovação na defesa, com Alontae Taylor e Paulson Adebo. Mas falta um choque de motivação, um fato novo, algo que realmente dê a impressão que o time vai dar o passo definitivo rumo ao sucesso.

Eu entendo a ideia de sempre dar um all in, sempre tentar ser um contender, pelo menos dentro da divisão. Mas isso é o bastante? O time desse ano está deixando muito a desejar, e não foi a chegada de Derek Carr que mudou a chave. Chegada essa que só aconteceu por causa de um detalhe. A experiência Winston/Dalton falhou miseravelmente.

Faltam sete jogos. Faltam quatro jogos dentro da divisão. Os playoffs são palpáveis, é muito provável que lá estaremos, como seed 4. Mas dependendo da campanha nesse fim de temporada regular, podemos ser até seed 3. Vai que acertam os detalhes que acreditamos que precisam ser feitos e o time decola? Vai que…

O próximo jogo é contra o Atlanta Falcons, na Georgia. Depois da bye week, vamos ver como o time volta. Thomas está na reserva de lesionados, Carr ainda está no protocolo de concussão. O que será que nos reserva esse ano?

E depois, nos playoffs, a gente vê qual vai ser o detalhe que vai levar o time à derrota. Ou não. Vai que, por detalhes, esse ano é o ano do New Orleans Saints e o segundo Super Bowl vem pra casa. Não é?

Foto da capa: Drew Brees comemorando touchdown no “The Superdome Duel”. (Associated Press)

Venha me ver falando bobagem e sofrendo com o New Orleans Saints em outros lugares, no antigo  Twitter e no  Instagram.

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