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A casa do torcedor do New Orleans Saints no Brasil!
Coluna do Zé: Nada é tão ruim…

Coluna do Zé: Nada é tão ruim…

Salve, torcedor dos Saints!

O New Orleans Saints chegou a quatro derrotas seguidas, numa maré de baixa que ainda está longe de acabar, e de uma forma, eu diria, depressiva, com tons bem fortes de humilhação. Ninguém aguenta mais, e estamos apenas na semana 6.

Na tarde deste domingo, dia 13, os Saints receberam, num barulhento Caesars Superdome, o rival de divisão que mais vem causando estragos nos últimos anos, o Tampa Bay Buccaneers.

E o placar final ficou em impressionantes 51 a 27 para o time da Flórida, um time que teve que se mudar com os familiares, com tudo, para o Texas por conta da passagem do furacão Milton por lá.

E na Louisiana, a destruição foi maior. Tudo parece um meme.

Disse que ia mudar pra melhor. Já tava bom.

A semana começou com a esperança de mudança, desejada por grande parte da torcida. Uma semana curta, depois do Monday Night Football e a derrota para o Kansas City Chiefs, onde o time não se comportou tão mal. Pelo menos era essa a impressão.

Com a lesão no músculo oblíquo do quarterback titular, Derek Carr, a torcida se animou com a possibilidade de encontrar um bom quarterback na figura do calouro Spencer Rattler, selecionado na quinta rodada do Draft de 2024. Aquela motivação que o torcedor precisava, como disse o Ivan, no pré-jogo.

O novo quarterback Spencer Rattler fez o que podia; será que tem futuro na posição? (Michael C. Herbert / New Orleans Saints)

Todo o ambiente favorável no Superdome, aquela atmosfera que só a torcida dos Saints consegue trazer, novo quarterback, agora vai!

Não vai, não. Tudo isso vai por água abaixo na primeira campanha dos Buccaneers, com um touchdown anotado de maneira muita simples.

E na primeira campanha dos Saints, as coisas sempre podem piorar, certo? Por que não, então?

Depois de um passe para o tight end Juwan Johnson, 27 jardas, aê, temos um quarterback!, um passe para Chris Olave, fumble recuperado pela defesa e touchdown para os Bucs. E daí que foi falta de targeting em Olave? Ele teve que sair do jogo pelo protocolo de concussão, mas isso não importa para os juízes, certo?

Ainda houve tempo para mais um field goal, e o primeiro quarto do jogo terminou com o placar de 17 a 0 para os Buccaneers.

Diz que ia mudar ainda pra melhor.

Aí veio o segundo quarto, e com ele, aquela que mata o torcedor dos Saints. A esperança.

Após uma campanha que resultou em um field goal anotado por Blake Grupe, a esperança dobrou a esquina e estacionou na frente de casa, num touchdown de retorno de punt com Rashid Shaheed, para 54 jardas. É sempre muito legal ver um touchdown de retorno de punt ou de kickoff.

Rashid Shaheed entrando na endzone com facilidade no seu touchdown de retorno de 54 jardas (Michael C. Herbert / New Orleans Saints)

E ela, a esperança, tocou a campainha no drive seguinte dos Bucs, numa interceptação com Paulson Adebo anulando Mike Evans, que se converteu em mais um field goal. Lá vamos nós.

E na campanha seguinte dos Buccaneers, a esperança já estava na sala de estar, dando presentes para os meus gêmeos, como se fosse de casa, só sorrisos, com mais uma interceptação pra cima de Baker Mayfield, agora, com o safety Johnathan Abram após desvio de Willie Gay Jr. Dessa vez, os Saints aproveitaram e anotaram um touchdown, o primeiro da carreira de Spencer Rattler, num passe para o também calouro Bub Means anotar também seu primeiro touchdown na carreira.

Os Saints, num jogo improvável, assumiram a liderança do placar.

Bub Means tem potencial, e veio ajudar no que pode na ausência de Chris Olave (Michael C. Herbert / New Orleans Saints)

E o segundo quarto ainda teve mais dois touchdowns, um para os Buccaneers com o running back  Sean Tucker, e um para os Saints, num excelente drive do ataque, que terminou com Alvin Kamara anotando o seu 60º touchdown terrestre na carreira.

Nessa hora a esperança já estava tomando uma cerveja comigo, com os pés na mesinha de centro, dando risada e cantando bem alto “Who Dat”.

Achou muita coisa no segundo quarto? Não viu nada. O Padeiro Mayfield ainda conseguiu ser interceptado mais uma vez, agora num passe desviado por Bryan Bresee que foi agarrado pelo sumido Cameron Jordan, já no campo de defesa. Só que o ataque não conseguiu aproveitar, e o placar não foi alterado.

Mas o primeiro tempo terminou com impressionantes 27 a 24 para os Saints.

Alvin Kamara e seu jeito “displicente” de sempre entrar na endzone; são 60 touchdowns terrestres na carreira (Michael C. Herbert / New Orleans Saints)

Já não tava muito bom. Tava meio ruim também. 

Apesar do touchdown de Alvin Kamara, o jogo terrestre não ia de jeito nenhum. A falta de uma linha ofensiva, desmontada por lesões, afeta demais o ataque terrestre e consequentemente o aéreo também, principalmente por ser um quarterback calouro. Não que o desesperado Derek Carr fosse diferente disso.

Então o ataque estava com problemas, e se beneficiou dos erros de Baker Mayfield para passar à frente. Mas foi só. O jogo poderia, deveria até, ter acabado no intervalo. Guardaria essas memórias felizes comigo pra sempre. Mas futebol americano é de dois tempos, e os Saints só jogaram em um quarto.

Cam Jordan e a defesa só puderam comemorar as interceptações no segundo quarto; no resto do jogo, foi apenas de se lamentar (Michael C. Herbert / New Orleans Saints)

Se o ataque estava em dificuldades, imagina quando a defesa se junta a ele para fazer as piores jogadas possíveis? Era proibido acertar um tackle. A defesa fez um pacto de não agressão, e o ataque dos Buccaneers fez o que quis nos dois últimos quartos do jogo. Era proibido derrubar jogador com a bola, era proibido encostar em Mayfield. Era proibido marcar a jogada aérea. Era proibido defender.

As chamadas da defesa eram péssimas, e os Bucs tinham liberdade. Não foram feitos ajustes, nem correções. Nada. Apatia total vindo de Dennis Allen na beira do gramado.

O Tampa Bay Buccaneers anotou quatro touchdowns (perderam uma tentativa de conversão pra dois pontos), e chegaram a humilhantes 51 pontos dentro do Superdome. Eu me senti um torcedor dos Dallas Cowboys por uns momentos. Mas o jogo deles veio na sequência e eles conseguem ser piores, muito piores, que os Saints.

Tava ruim. Agora parece que piorou.

Era proibido defender, mas e atacar? Bem. Deixa pra lá. Como os Buccaneers tem técnico, eles se ajustaram, e anularam o ataque dos Saints. Nem pelo chão, nem pelo ar, nada dava certo.

Spencer Rattler terminou o jogo com um touchdown e duas interceptações, e na minha opinião, eles fez o que podia com o time do jeito que estava. Rattler tem mobilidade, pode sobreviver à falta de OL, mas ainda precisa amadurecer em passes em profundidade e visão de campo.

O ataque até tem opções, mas as opções morrem na falta de jogadores. As lesões acabaram com toda e qualquer esperança, e essa hora eu vi que ela tinha tomado minha cerveja, pegou o restante na geladeira e foi embora de fininho, me deixando ali, amargurado.

É claro que Klint Kubiak tem que ser cobrado, mas eu, particularmente, entendo a situação. Lesões atrás de lesões. Linha ofensiva desmontada, peças importantes do ataque fora por sei lá quanto tempo, um quarterback calouro que só agora está sendo colocado à prova. A culpa é de quem monta esse time.

Mais um capítulo da paternidade de Marshon Lattimore sobre Mike Evans, que só teve duas recepções no jogo todo. (Michael C. Herbert / New Orleans Saints)

Mas a defesa, com raras exceções, é indefensável. Mal treinada, mal posicionada. Muitos veteranos, um técnico que em teoria era um excelente coordenador defensivo. Nada justifica a atuação patética. Os jogos perdidos na última campanha do time adversário, nos minutos finais. Nada. Justifica.

E Dennis Allen sempre vem com o mesmo discursinho de quem demonstra não entender nada do esporte. Ele não tem liderança, ela não tem visão de jogo, ele não sabe motivar, nem ajustar o time conforme a necessidade. Ele não deveria estar ali.

O departamento médico e de preparação física dos Saints deveria ser demitido no domingo mesmo. Um terço do time está lesionado, e quase todos os titulares, de ataque e de defesa, estão no departamento médico. Michael Thomas avisou, e foi chamado de câncer do vestiário.

Não sei se tem solução. Não sei se tem saída pra já. Talvez, só a longo prazo.

Mais uma semana curta, agora o jogo é no Thursday Night Football, contra o Denver Broncos de Sean Payton, que volta ao Superdome , três temporadas depois.

O que será que vem por aí?

Bora, Saints!

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Foto de capa: O time celebrando o primeiro touchdown da carreira dos calouros Spencer Rattler e Bub Means (Michael C. Herbert / New Orleans Saints)

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