Coluna do Zé: Máquina de jogar futebol americano
Coluna do Zé: Máquina de jogar futebol americano
Salve, torcedor dos Saints!
Como vai você? Está se sentindo melhor depois de duas vitórias seguidas, agora sob o comando de Darren Rizzi?
Eu estou. Uma vitória quase inquestionável sobre o Cleveland Browns, por 35 a 14, é algo que me deixa feliz. Muito por causa das escolhas feitas pela franquia de Cleveland, mas grande parte se deve a nosso multiplayer Taysom Hill.
O chamado “canivete suíço” deu passes, correu com a bola, recebeu passes, retornou kickoff, foi interceptado, sofreu um fumble, manteve os Browns no jogo e ele mesmo tratou de matar o jogo depois.
Um show de quem eu prefiro chamar carinhosamente de A Máquina de Jogar Futebol Americano.
Jogo dentro de um roteiro conhecido
Como no jogo anterior, o primeiro sem Dennis Allen, a defesa entrou com fome. A primeira campanha de Cleveland terminou em um turnover on downs, provocado por Demario Davis, e quando a bola veio para os Saints, já no meio campo, o show começou.
Taysom Hill se posicionou como quarterback e deu um passe (18 jardas, Kevin Austin Jr.), recebeu um passe curto de Derek Carr e correu (posicionado como quarterback) para anotar um touchdown de 10 jardas, em apenas 5 minutos de jogo.
A defesa continuou fazendo seu trabalho, e o ataque avançava bem, com uma variação divertida de jogadas, invocadas por Klint Kubiak, só que uma falta cometida perto da redzone matou a campanha que terminou em punt.
Daí, fomos lembrados que nossa defesa não é tão boa assim. O quarterback dos Browns, Jameis Winston, que tanto tempo ficou na Louisiana, mostrou uma de suas jogadas de melhores momentos da semana da NFL, que tanto gostamos de ver na sua passagem pelos Saints. Um passe para touchdown de 89 jardas de Jerry Jeudy.
Jogo empatado, e na campanha seguinte dos Saints, tudo poderia ter ido para o saco.
Fomos lembrados de que Taysom Hill é um grande jogador, desde que não seja na função de quarterback passador. Em sua última tentativa de passe do jogo, antes do final do primeiro quarto, passe interceptado, na intenção de MVS. Alguém ficou emocionado e insistiu na jogada que deu certo na campanha anterior, pois é.
Sapos enterrados no Superdome
Para a sorte dos Saints, do mesmo jeito que Jameis Winston pode produzir jogadas incríveis, ele pode errar tudo. Pra compensar as muitas jardas de Jerry Jeudy, Winston lançou muitos passes inalcançáveis, ajudando a defesa dos Saints.
Da mesma maneira que o quarterback dos Saints, Derek Carr, vem fazendo ao longo da temporada. Capaz de bizarrices e jogadas incríveis. Mas ele estava num dia de poucos erros. E acertou um belo passe para Marquez Valdes-Scantiling, fazer uma grande jogada, quebrar tackles e anotar um touchdown de 71 jardas. Ordem restaurada na casa.
E pelo segundo jogo seguido, o kicker do time adversário sai envergonhado do Caesar Superdome. Dustin Hopkins enterrou as chances de reação dos Browns em vários momentos da partida.
Uma tentativa de field goal de 51 jardas errada foi o ponto de partida para mais uma boa campanha do ataque que morre miseravelmente na redzone, num fumble dele, Taysom Hill.
A sorte é que os sapos enterrados embaixo do gramado do Superdome parecem ter dado uma folga, ou mudado de lado temporariamente, já que na última campanha do primeiro tempo, o kicker dos Browns errou a sua segunda tentativa de field goal.
Primeiro tempo termina e o domínio dos Saints em todas as estatísticas não se reflete no placar, que poderia estar muito pior.
Aquele apagão de sempre
O terceiro quarto chegou a ser patético. Dava raiva de ver. Parece que todo jogo acontece isso, em um grau maior ou menor de intensidade e de tempo.
O ataque parou de funcionar.
A defesa parou de funcionar.
A sorte que do outro lado era o Cleveland Browns.
Apesar do touchdown no terceiro quarto, fruto de um passe de 30 jardas de Jameis Winston para Elijah Moore, dava pra ver que eles pareciam não querer ganhar também.
Nessas horas eu tenho vontade de desligar a transmissão e caçar algo produtivo para fazer da minha vida. Mas não, infelizmente a gente fica, numa atitude masoquista sem explicação.
Talvez falta de amor próprio. Talvez um amor por um time que sempre nos decepciona.
Talvez pela esperança de que tudo mude. A nossa sorte é que às vezes, tudo muda pra melhor.
E esta parte da minha vida, esta pequena parte da minha vida, chama-se felicidade.
Um último quarto de felicidade
No último quarto, Derek Carr, Alvin Kamara e Taysom Hill voltaram pro jogo. A defesa e o special teams também.
Alvin Kamara teve um jogo consistente, e merecia anotar um touchdown. Mas não era dia dele. Era dia de Taysom Hill.
Faltando pouco mais de 10 minutos para o fim do jogo, os Saints tomam a dianteira com uma campanha bonita de se ver, com participação de muitos jogadores do ataque, finalizada com uma corrida de 33 jardas de Taysom Hill numa tentativa de quarta descida para uma jarda. Audácia recompensada. É isso que o povo gosta!
A defesa que voltou a funcionar conseguiu dois sacks seguidos pra cima de Jameis Winston, com Chase Young junto com Bryan Bresee e depois Carl Granderson. No punt, um touchdown de retorno para Dante Pettis, que infelizmente foi anulado porque ele pisou com um pedacinho do pé para fora na linha de 35 jardas, num tackle do punter dos Browns. Uma pena.
Mas tudo bem, essa campanha curta conduzida por Alvin Kamara até a linha de uma jarda terminou com um touchdown recebido pelo tight end Juwan Johnson. Destaque para os três tight ends, eles tiveram uma partida digna.
Taysom Hill é um pato?
Espera. Três tight ends? Temos o Johnson, o Foster Moreau e quem mais?
Sim. Para efeitos de posicionamento, Taysom Hill é tight end. Mas ele se posiciona em várias posições do ataque. Quase todas. Nesse jogo, foram 10 snaps no slot, oito como quarterback, seis no backfield, quatro abertas como recebedor e quatro como tight end. Sensacional. Faz de tudo, razoavelmente bem. Algumas coisas muito bem. Como um pato, que anda mais ou menos, voa muito e nada muito bem, certo?
E foi mais uma vez posicionado como quarterback que ele fez uma corrida de 75 jardas para anotar o último touchdown do jogo, faltando pouco mais de dois minutos de jogo, dando números finais ao placar.
Meu Fantasy Football agradece.
Três touchdowns, fumble e interceptação, altos e baixos num mesmo jogo. Um jogador que é um espetáculo para quem sabe apreciar um jogo da NFL.
Não é a toa que ele foi eleito o jogador de ataque na NFC da semana 11. Ele vai para o Hall da Fama. Não tem como ficar de fora. Que máquina. Que jogador.
Temporada segue aberta?
Com os tropeços de Atlanta Falcons e Tampa Bay Buccaneers, o New Orleans Saints continua vivo. Parece loucura, depois de sete derrotas consecutivas. Mas não é tanta assim, quando se pensa numa divisão nivelada por baixo como a NFC Sul.
Com essa campanha 4-7, faltando seis jogos a se fazer e os jogadores voltando de lesões (muitos deles), o time volta a ficar bom. Principalmente sem a influência negativa de Dennis Allen.
Darren Rizzi é o oposto. Ele é carismático, e os jogadores demonstram muito amor por ele no jogo, no vestiário. A sua postura parece ter contagiado o elenco que agora joga com vontade. E a torcida vai junto.
Agora temos uma semana de descanso. O New Orleans Saints só volta a campo na semana do Thanksgiving, na semana 13, para enfrentar o Los Angeles Rams no Caesars Superdome, às 18h05 do dia 1º de dezembro.
O problema, como eu não me canso de dizer, é que novamente os Saints estão nos trazendo ela, a esperança. E lá vamos nós. Mas isso fica para as Colunas que virão. Um problema para o Zé do futuro.
Bora, Saints!
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Foto de capa: Taysom Hill em um momento de pura apreciação (Michael C. Herbert / New Orleans Saints)