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A casa do torcedor do New Orleans Saints no Brasil!
Coluna do Zé: Achei ofensivo. Continue assim.

Coluna do Zé: Achei ofensivo. Continue assim.

Salve, torcedor dos Saints!

Se eu estava espantado – perdido – e com dúvidas depois da primeira semana, agora estou extasiado. Em euforia. Empolguei mesmo. Se eu fui descrente, não era eu, peço perdão, estava doidão ou com fome. Se transpareci antes que não acreditava, quero deixar claro aqui que já estou pronto para ser decepcionado, como nas temporadas de esperança. Ou não.

Depois de uma demonstração de poder contra um time que vai apanhar muito na temporada, o New Orleans Saints foi a Arlington, no Texas, enfrentar o favorito Dallas Cowboys. Um dos ataques mais poderosos, uma das defesas mais fortes.

Demario Davis conduz o huddle antes dos jogos com maestria (Michael C. Herbert / New Orleans Saints)

E o que se viu é que os Saints versão 2024 não têm dó de ninguém, não.

Mesmo com muita festa na beira do gramado antes da bola começar a voar para o primeiro jogo da temporada em casa, com presenças ilustres como Mike Tyson e Jake Paul, os Cowboys acabaram levando uma cadeirada depois da outra dos Saints, e o jogo terminou 44 a 19, num dos placares mais surpreendentes da rodada.

Um baita de um começo

Na primeira campanha, com apenas 4:10 corridos no relógio, os Saints já tinham atravessado o campo e anotado um touchdown terrestre com Alvin Kamara. Assim, rapidinho, como quem não quer nada. Se você ainda não estava acomodado e assistindo, pode ter perdido.

A defesa entra em campo, mostra que ela enverga, mas não quebra, e contém o time do Texas na redzone e cede apenas um field goal. Até aí, tudo normal.

Cena rara na semana 2: Alvin Kamara sendo contido pela defesa dos Cowboys (Michael C. Herbert / New Orleans Saints)

Mas na segunda campanha acontece algo que me faz questionar sinceramente se o nosso novo coordenador ofensivo, Klint Kubiak, é um cracudo ou é um gênio.

No primeiro snap, na linha de 30 jardas do campo de defesa, Derek Carr fica com a bola, numa calma muito estranha a ele (pensando na temporada passada), e quando a casa quase está caindo, vem uma bomba que só poderia ser pega por ninguém menos que Rashid Shaheed já na redzone para um touchdown de 70 jardas.

Que coisa maravilhosa. E assustadora. Se uma bola dessas é interceptada, o momentum do jogo já viraria para os Cowboys, jogando em casa com estádio lotado. Mas como é que se intercepta uma bola dessas, jogada muito nas costas dos safetys (em cobertura dupla), num lugar onde apenas Shaheed e alguns outros raros recebedores poderiam alcançar.

Aquela sensação boa de anotar quatro touchdowns e saber que vem um bom contrato por aí (Michael C. Herbert / New Orleans Saints)

Paguem esse homem

Daí para a frente foi mais um show do recordista de touchdowns na história da franquia, Alvin Kamara. Ele, que busca por uma extensão de contrato, disse que está aqui para jogar essa temporada e somente ao fim dela vai discutir essas coisas. Ele, que tem mostrado que vale o que está pedindo. Não sei quanto é, mas meu conselho é que paguem o homem. Afundados em void money eles já estão mesmo, o que custa mais um pouco (monte), não é?

Depois de mais um field goal dos Cowboys, mais uma campanha rápida dos Saints, com três corridas, uma de Chris Olave e duas de Kamara, Derek Carr encontra o running back num screen pass para um touchdown de 57 jardas, queimando uma blitz com eficiência. Teve bloqueio de leve feito por Mason Tipton perto da endzone, teve o Cesar Ruiz praticamente acompanhando o Kamara na corrida, teve de tudo menos alguém dos Cowboys para impedir os Saints de abrirem 21 a 6 no placar. No comecinho do segundo quarto. Que jogada bem desenhada e executada.

Alvin Kamara reeditando o “Senhora? Senhora? Volta aqui, senhora!” no Texas (Michael C. Herbert / New Orleans Saints)

E disso vem minha “crítica” a Klint Kubiak. Esse homem não tem dó da defesa de ninguém, nem da defesa do time dele. Com a defesa de novo em campo, sem tempo de descanso decente, os Cowboys anotam um touchdown bem rápido, num passe de Dak Prescott para Ceedee Lamb driblar Tyrann Mathieu e Paulson Adebo só na recepção e correr livre para a endzone, numa jogada de 65 jardas. Não dá pra vacilar.

Mas Alvin Kamara estava lá, e em menos de 5 minutos os Saints anotam mais um touchdown para esfriar os ânimos no estádio. Um estádio que começou a vaiar, de leve, a partir da campanha seguinte, com uma interceptação de Paulson Adebo (se recuperando do drible que levou de Lamb) para cima de Prescott, na linha de 33 jardas do campo dos Saints. Adebo levou a bola até a linha de 20 jardas do campo de Dallas.

Paulson Adebo tentou levar o presente de Prescott para a endzone (Michael C. Herbert / New Orleans Saints)

Mais uma campanha rápida, que teve uma recepção sensacional de Chris Olave praticamente em cima da linha (um pecado não ter sido anotado o touchdown aqui) num passe de 19 jardas, que terminou com Carr entrando na endzone com um sneak.

E o primeiro tempo terminou 35 a 16, com mais um field goal de Brandon Aubrey para o time de Dallas. Já se ouvia vaias no AT&T Stadium, e tinha todo um segundo tempo pela frente.

Quase um belíssimo touchdown de Chris Olave (Michael C. Herbert / New Orleans Saints)

Não para, não para não

A defesa dos Saints continuou a mostrar que continua, sim, a ser uma defesa elite, e no segundo tempo todo limitou o ataque dos Cowboys a um mísero field goal. As campanhas do time de Dallas terminaram em dois turnover on downs, um punt e mais uma interceptação, dessa vez com o texugo do mel, Tyrann Mathieu, também se recuperando daquele drible vexatório de Lamb.

Carl Granderson silenciando o ataque dos Cowboys (Michael C. Herbert / New Orleans Saints)

Chase Young, Demario Davis, Paulson Adebo, Tyrann Mathieu, Alontae Taylor (com quatro sacks na temporada) estão voando e se destacaram. Carl Granderson apareceu com um sack importante. Defesa elite. Quem é Micah Parsons na fila do pão?

Enquanto isso, o New Orleans Saints matou o jogo com mais um touchdown de Alvin Kamara, mostrando balanço, equilíbrio e velocidade espetaculares. Uma corridinha rápida, de 7 jardas, depois de uma campanha de quase 8 minutos.

Nem tudo foi uma maravilha (só o Kamaravilha), já que teve uma interceptação num passe de Carr que Olave desviou para as mãos de Donovan Wilson, na linha de 47 jardas do campo defensivo. Mas no passe seguinte, Prescott devolveu o presente para o Texugo, então, tudo bem, dessa vez.

Tyrann Mathieu segurando o presente de Dak Prescott (Michael C. Herbert / New Orleans Saints)

E ainda houve tempo para um field goal da criança que chuta, Blake Grupe, seu primeiro e único na partida. Vale destacar que ele teve um extra point bloqueado quando Kamara anotou seu quarto touchdown, mas não comprometeu dessa vez.

Com isso, o placar final ficou em 44 a 19, um Scorigami, o 1.086º placar final único na história da NFL. Valeu a pena, Grupe.

Eu sigo o Scorigami é pra isso mesmo.

Temos coordenador ofensivo

Eu já disse isso na semana passada. Sim. Eu sei, eu me lembro. Nem sempre, mas dessa vez me lembro.

Como é bom ver o time usando muito de sua capacidade ofensiva. E a gente sabe que tem espaço pra mais. Chris Olave ainda não anotou touchdown, assim como Taysom Hill (que por sinal, saiu de jogo para o hospital, mas está bem, só com dores na costela, aparentemente).

Kubiak parece que sabe o que está fazendo. E só de tirar a necessidade de Derek Carr pensar e executar as jogadas, cara, que alívio. Carr tem as opções dele, limitadas pelo plano de jogo, e ele vem executando muito bem. O melhor passador da temporada até o momento. Quem diria.

Uma hora, as defesas vão aprender como é o esquema dos Saints de Kubiak, mas até lá a gente espera que ele tenha novas alternativas. Por enquanto, estou empolgado para ver até onde esse time vai. O potencial é grande, e disso eu sempre soube, apesar das minhas desconfianças. Só não podemos lidar com lesões.

O head coach Dennis Allen precisando se preocupar apenas com a defesa, é tudo que a gente precisa. Nisso ele é bom. Muito bom. E isso também me deixa empolgado.

Kool-Aid McKinstry parando o ataque dos Cowboys (Michael C. Herbert / New Orleans Saints)

The show must go on

No próximo domingo, o New Orleans Saints recebe no Caesars Superdome o time do Philadelphia Eagles e seu bom quarterback móvel Jalen Hurts, com transmissão da ESPN (e do DAZN/Gamepass) a partir das 14 horas.

Mais uma chance de dar um show contra um time muito forte, apontado como um dos favoritos no começo da temporada. Favoritismo que parece que virou água, com a derrota na semana 2 contra o Atlanta Falcons, em casa, nossos adversários na sequência.

E isso deve transformar os Saints em favoritos para o jogo. Quem diria. E digo isso com pesar, prefiro continuar como underdog e ir passando o trator de surpresa. Ou não!

Quer saber? Que se f*d@, quero uma campanha 17-0 e ganhar o Super Bowl em casa. Achou ofensivo? Eu também. Mas até aí, é culpa de Klint Kubiak, Alvin Kamara, Derek Carr…

Bora, Saints!

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Foto de capa: O running back Alvin Kamara deixando o defensive end DeMarcus Lawrence muito pra trás. (AP Photo/Tony Gutierrez)

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