COLUNA DO ZÉ: Finalmente, acabou.
COLUNA DO ZÉ: Finalmente, acabou.
Por José Eduardo Zanon
Salve, torcedor dos Saints!
Acabou. Finalmente, acabou. A agonia de ter esperança numa classificação praticamente impossível, finalmente, foi embora.
Na última semana da temporada 23-24, o New Orleans Saints fez a sua parte e espancou sem piedade o Atlanta Falcons por 48 a 17. E teve um final épico. Ou controverso, depende do ponto de vista de cada um. Polêmica em New Orleans! Mas calma, a gente chega lá.
A vitória era mais do obrigatória, se quisesse ter chance de classificação. Mas precisar contar com vitória de Carolina Panthers sobre o Tampa Bay Buccaneers, ou em último caso, contar com vitórias de Chicago Bears sobre o Green Bay Packers e de Arizona Cardinals sobre o Seattle Seahawks, era sinal de fracasso, esperanças malfadadas. Nada disso aconteceu.
Era a esperança depositada em três dos piores time da temporada. De onde menos se espera é que não sai nada mesmo. Os Bears e os Panthers (duas vezes) conseguiram perder para os Saints, isso dá uma medida de quanto esses times são ruins. Portanto, deu o óbvio, nada além do óbvio.
Talvez a única coisa boa dessa desclassificação foi que ela não veio num drama. Num touchdown vindo de uma hail mary no último segundo de jogo. Num fumble besta recuperado para touchdown. Num field goal errado com o cronômetro zerado. Pelo menos isso.
Mesmo o time de Tampa, que tentou de toda maneira entregar a paçoca, não conseguiu tomar sequer um ponto de Carolina (que teve dois TDs anulados, quem diria) e venceu pelo placar monstruoso de 9 a 0. Todos esses jogos foram chatos e modorrentos, sem emoção, pelo menos para o torcedor dos Saints, por causa das circunstâncias ao vivo. Green Bay atropelou e Seattle até virou o placar no final, mas só quando já estava desclassificado.
Mas, como eu disse, pelo menos não tivemos o coração partido num último segundo, como tantas vezes aconteceu nas temporadas em que os Saints jogaram bem e não chegaram ao Superbowl.
O jogo começa daquele jeito
Só sei que foi mais um caso, até rotineiro para esse time, de jogar muito quando já não vale mais nada ou quando não vai dar em nada no final. Foi como um garbage time, só que no caso foi o jogo todo.
No primeiro tempo, um jogo equilibrado. Os Saints parece que queriam cumprir a promessa de perder o jogo em caso de vitória dos Panthers lá no outro jogo. E você que conhece os Saints sabe muito bem que isso era bem possível, muito provável até.
O time de Atlanta não precisou ter muita posse de bola, mas com jogadas explosivas, principalmente com o running back calouro Bijan Robinson, assumiu a liderança por duas vezes, com dois touchdowns. Um num passe do quarterback Desmond Ridder para o tight end Jonnu Smith, e o outro num passe para Robinson correr livre para um touchdown de 71 jardas.
Os Saints precisaram correr atrás para empatar o jogo, primeiro com um passe de 18 jardas de Derek Carr para o calouro A. T. Perry, e no segundo quarto uma corrida de 3 jardas para o primeiro touchdown da carreira do também calouro Kendre Miller, se esticando para alcançar end zone.
O kicker Blake Grupe colocou os Saints na frente, faltando menos de um minuto, mas os Falcons empataram ainda no primeiro tempo. O jogo estava amarrado e parecia que sim, os Saints poderiam escorregar no óleo e jogar toda a fritada de beignets pro alto.
Só deu Saints na segunda etapa
O segundo tempo já começou com uma interceptação promovida por Alontae Taylor, e daí pra frente, o jogo foi ladeira abaixo. Os Falcons sumiram, derreteram, desapareceram, e não anotaram um ponto sequer. O time dos Falcons foi o bom e velho Falcons que todos conhecemos e amamos.
Enquanto isso, Derek Carr teve provavelmente a sua melhor partida com a camisa dos Saints. Logo em seguida à interceptação, Carr lançou uma bola para Chris Olave apresentar habilidades de malabarista nos semáforos do Brasil e fazer uma linda e difícil recepção, incendiando de vez o Caesars Superdome.
Com a defesa ajustada para o segundo tempo, como já vimos em diversos jogos, os Falcons ficaram perdidinhos e Ridder demonstrou toda sua falta de capacidade. Ainda no terceiro quarto, Carr lançou uma bomba em profundidade, num touchdown de 39 jardas, para Rashid Shaheed segurar um touchdown numa luta com o defensor. Especialidade do único probowler dos Saints (apesar de o ser como retornador, não como recebedor).
O QB rival estava numa tarde para se esquecer no segundo tempo. No último quarto, sofreu um fumble no snap, e a bola recuperada por Payton Turner resultou em seguida num passe de Carr novamente para A. T. Perry anotar seu segundo touchdown no jogo (seis jardas). Carr terminou com 22 passes certos em 28 tentativas para 264 jardas e quatro touchdowns com uma ranking de de 145,5.
Jogando sem a estrela Alvin Kamara, o corpo de running backs dos Saints foi eficaz, já que o novato Kendre Miller teve 13 carregadas para 73 jardas, Taysom Hill teve seis carregadas para 51 jardas e Jamaal Williams adicionou 26 jardas em 14 carregadas, enquanto os Saints dominavam o tempo de posse de bola.
O safety Tyrann Mathieu quase teve uma pick-six no final do jogo, mas foi derrubado na linha de 1 jarda após um retorno de 74 jardas com 1:13 para jogar. Parece que ele quis ser derrubado. Talvez planejando o que viria a seguir, ou apenas para fazer o relógio andar. Então, Jamaal Williams marcou em um mergulho de 1 jarda na jogada seguinte, numa formação da vitória fake, que fez explodir de vez o Superdome, colocando números finais no placar. E daí vem a polêmica do fim de jogo.
Decisão coletiva dos jogadores
O head coach chamou a jogada para uma formação da vitória e o QB Jameis Winston deveria ajoelhar com a bola, para matar o tempo. Mas Winston solicitou ao técnico permissão para fazerem a jogada e tentarem fazer com que Williams anotasse seu primeiro TD na temporada. Logo ele, que na temporada passada foi o recordista da NFL, com 17 TDs.
Com a negativa do técnico covarde, o time se reuniu no huddle e decidiu pela jogada passando por cima do técnico. Resultado? Touchdown de Jamaal Williams, com o Superdome simplesmente vindo abaixo em ecstasy, narradores em inglês gargalhando, e com direito ao (agora ex) técnico de Atlanta xingar Dennis Allen ao fim do jogo. Mas quem não quer xingar Dennis Allen, hein?
O pior de tudo, de toda a temporada, com certeza, foi o gran finale proporcionado por Allen na entrevista pós jogo. Ele pediu desculpas ao técnico dos Falcons, e disse que aquilo não era o comportamento digno do New Orleans Saints, condenou os jogadores e praticamente os jogou “embaixo do ônibus”. Técnico covarde, comportamento de perdedor.
Se houvesse um general manager decente ou um proprietário que se importasse com o time, se alguém assistisse essa entrevista ali, ao vivo, ele seria demitido, tamanha demonstração de fraqueza, covardia e total descontrole sobre os jogadores, que estão pouco se fod… importando para ele. Veja a repercussão na excelente matéria trazida pela Thaís, no link abaixo. Tire suas conclusões.
Eu estou com os jogadores. Fora Dennis Allen.
O que vem agora?
Nada. Necas de pitibiriba. Ces´t fini. Zéfini. Tem NFL ainda? Tem, mas acabou. Pelo menos para os Saints. Na próxima semana faço um balanço geral da temporada, expectativas frustradas, o que teve de melhor e de pior, e o que falta acontecer para os Saints saírem dessa mediocridade.
Mas vamos lá. Na próxima temporada tem mais. E a gente segue com a esperança de dias melhores.
Bora pra casa, Saints!
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Foto da capa: Payton Turner comemorando com os jogadores de defesa sua recuperação de fumble. (Michael C. Herbert / New Orleans Saints)
Venha me ver falando bobagem e sofrendo com o New Orleans Saints em outros lugares, no antigo Twitter e no Instagram.