Coluna do Zé: Garçom, a conta, por favor!
Coluna do Zé: Garçom, a conta, por favor!
Salve, torcedor dos Saints!
Finalmente. A temporada que acabou ali entre a semana 5 e 7, aproximadamente, e se arrastou até a semana 18, enfim, se foi.
Poderia ter terminado de uma maneira pior? Acho difícil, mas sim, poderia. Nunca duvide da capacidade do New Orleans Saints de te surpreender negativamente.
As últimas três semanas de NFL foram bem cansativas pra quem ainda ousava torcer pelos Saints, e pior ainda pra quem queria uma vitória, seja lá por qual motivo.
Uma destruição, uma decepção e uma recordação. É sobre isso que vamos falar resumidamente por aqui.
A destruição
Quando me referi, na minha última Coluna, à pessoa que colocou o New Orleans Saints para enfrentar o Green Bay Packers, lá no Wisconsin, num Monday Night Football, como um ser humano que queria ver o mal para o torcedor dos Saints com todas as forças, eu já estava prevendo o pior. Mas foi muito pior do que eu esperava. É a prova de que se deuses existem, eles odeiam os Saints, sabe-se lá porquê.
Não adiantou nada, mas nada mesmo, colocar os jogadores para se aclimatarem num freezer do refeitório (leia mais aqui) do Centro de Treinamento, para se preparar às baixas temperaturas do Lambeau Field. Aliás, talvez fosse melhor ter esquecido os jogadores lá. A vergonha seria menor, muito menor.
Foi um jogo que não valeu nem como treino para os Packers. Parecia um time de High School, nem de College parecia, jogando contra um time de NFL.
O resultado foi um 34 a 0 para os Packers e eu acho que foi pouco ainda.
Os Packers marcaram touchdowns em suas três primeiras posses e nunca foram ameaçados pelos Saints. Green Bay ainda anotou dois field goals no segundo tempo e uma corrida para touchdown.
O quarterback do Saints foi Spencer Rattler, já que Derek Carr se lesionou na semana 15 e não voltaria mais para o restante da temporada, mas com todos os jogadores de primeira linha da equipe também lesionados, Rattler teve pouco sucesso em sustentar as campanhas.
Os Saints jogaram sem o running back Alvin Kamara, os recebedores Chris Olave, Rashid Shaheed e Marquez Valdes-Scantling e o tight end Taysom Hill. Rattler foi 15 de 30 para 153 jardas com uma interceptação e um fumble perdido, e ganhou 28 jardas em cinco corridas. O running back Kendre Miller teve oito corridas para 15 jardas.
O center Erik McCoy, se lesionou na primeira (!!!) campanha, de novo, e o guard Lucas Patrick saiu no drive final. Só ladeira abaixo.
Muito pouco para se aproveitar nesse jogo. Não sei nem porque eu assisti, a não ser pelo meu baixo valor de amor próprio.
A decepção
O New Orleans Saints voltou ao Caesars Superdome para seu último jogo em casa na temporada, e conseguiu sua quarta derrota seguida, dessa vez para o incrível time do Las Vegas Raiders, por 10 a 25. Mas a decepção não está no placar. Está na ausência.
Derek Carr é detentor do recorde da NFL de quarterback titular que perdeu para mais franquias na história. Carr perdeu, como titular, para 31 times. Só falta um. O seu ex-time. E com sua lesão, lá na semana 15, ele não conseguiu estar em campo para bater o seu próprio recorde. Uma pena.
No mais, foi um jogo que deveria ser a menos. E vou te dizer uma coisa. Em uma semana em que foram transmitidos 12 dos 16 jogos na TV brasileira ou no streaming, foi bom demais esse jogo não ter sido transmitido. Menos pessoas para ver esse jogo horrível. Só a gente, que é mais fanático e (de novo) não tem amor próprio pra ver isso.
Spencer Rattler voltou a ser titular, pela quinta partida, e teve um bom primeiro tempo (11 de 13 para 146 jardas com um touchdown), mas não conseguiu ser produtivo no segundo tempo. Ele terminou 20 de 36 para 218 jardas com um touchdown e duas interceptações. O Saints foi um para nove em terceiras descidas e teve 10 penalidades para 77 jardas.
O running back do Saints voltou a ser Kendre Miller, mas ele deixou o jogo no segundo quarto com uma concussão, levando ao surgimento do recém-contratado running back Clyde Edwards-Helaire. O produto de LSU teve cinco corridas para 20 jardas.
Os Saints tiveram que usar um pouco de malandragem para marcar seu único touchdown no jogo. E é sempre legal quando uma flea flicker funciona. Ainda no primeiro quarto, Rattler deu a bola para Miller, que jogou de volta para Rattler, que então encontrou o tight end Foster Moreau livre para um touchdown de 30 jardas. A lei do ex é implacável, até na NFL. Os Saints acrescentaram um field goal de 34 jardas de Blake Grupe no final do primeiro tempo. E foi só.
A defesa do Saints forçou os Raiders a chutar quatro field goals, mas lutou para parar o jogo corrido de Las Vegas, e Ameer Abdullah teve 115 jardas em 20 corridas, o primeiro jogo de 100 jardas de sua carreira na NFL. O quarterback de Las Vegas, Aidan O’Connell, foi 20 de 35 para 242 jardas, mas com dois passes para touchdown. Olha o nível dos caras para quem os Saints perderam.
E poderia ser pior, se não fosse por Cam Jordan para salvar, por exemplo. O’Connell é o 49º quarterback que Jordan sacou e isso lhe dá 121,5 sacks em seus 14 anos de carreira. Pode ter sido o último jogo dele no Superdome com a camisa dos Saints. Ou na NFL. Vai saber. Ele segue na disputa do Walter Payton Man of the Year. Seria legal para coroar sua carreira. Cam vai deixar saudades.
Mas foi mais um daqueles jogos que não valia a pena. Ali, perdido, num domingo entre o Natal e o Ano Novo, só importava mesmo se você tivesse algum jogador desses times no seu time de Fantasy Football, já que era a semana de disputa de título em quase todas as ligas.
A recordação
E para a última semana da temporada, coube ao Saints visitar o Tampa Bay Buccaneers no Raymond James Stadium, em Tampa. Poderia ser pela honra, poderia ser pelo tank. No fim, foi só decepção. Se os Saints ganham dos Bucs e o Atlanta Failcons vence o Carolina Punthers, os Bucs seriam eliminados dos playoffs, dando lugar aos fracassados de Atlanta.
Então, a torcida estava dividida. Perde de uma vez e fica numa posição melhor para o draft de 2025, ou ganha um jogo que não vale nada, mas vale a chance de se “vingar” do Buccaneers. E o New Orleans Saints parecia que ia para a segunda alternativa.
No intervalo do jogo, o placar estava 16 a 6 para os Saints, numa atuação quase perfeita do ataque, com controle da posse, avanço no campo, jogadas criativas. Mas faltou finalizar as jogadas em touchdowns. Esse time passou o ano todo fracassando na red zone, não ia ser no último jogo que as coisas iriam melhorar, né?
Mas veio o segundo tempo, e só deu o time de Tampa. O placar final ficou em 27 a 19, e os Buccaneers terminaram a temporada 10-7, venceram a NFC South pela quarta temporada seguida e se classificaram para os playoffs. E o Atlanta Falcons deu a sua tradicional atlantafalconizada, perdendo para o Panthers na prorrogação. Se os Saints às vezes decepcionam, os Failcons nunca decepcionam.
O quarterback foi novamente Spencer Rattler, e ele teve 26 de 43 para 240 jardas com um passe de touchdown de cinco jardas para o ilustre desconhecido Dante Pettis. O tight end Juwan Johnson foi o principal recebedor, com seis recepções para 80 jardas. Clyde Edwards-Helaire carregou oito vezes para 26 jardas. Os Saints, que estavam sem sete jogadores ofensivos que começaram o jogo de abertura da temporada, terminaram 0-7 nos jogos em que Derek Carr não começou.
O pior do jogo estava no fim. A defesa dos Saints não conseguiu nem impedir que o recebedor Mike Evans tivesse mil jardas, numa jogada clara em que o passe curto seria pra ele. Cara. Não tem nem como descrever essa vergonha passada.
E do que serviu esse jogo? Serviu para o torcedor lembrar o quanto este time está ruim, está numa pior, e o buraco é tão fundo que não se sabe se tem como sair. Esse segundo tempo foi bem isso, uma recordação de que tudo que está ruim, mesmo quando parece que está melhorando, sempre vai piorar.
Finalmente
Os Saints terminaram a temporada com um recorde de 5-12, o pior desde 2005 e a chegada de Sean Payton. O técnico interino Darren Rizzi ficou com 3 vitórias e 5 derrotas depois de assumir o lugar de Dennis Allen. Os Saints perderam os últimos quatro jogos da temporada.
A única coisa a se comemorar é a nona escolha no Draft de 2025. Se é que isso é uma coisa boa.
Eu ainda volto, para fazer aquela retrospectiva da temporada 2024-25 do New Orleans Saints. Prometo que não vai doer (muito). O pior já passou, já acabou no domingo passado. Agora dá pra olhar pra trás, rir e chorar.
E vale sempre lembrar. Ano que vem, tem mais.
Bora, Saints!
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Foto de capa: Spencer Rattler em ação pelo New Orleans Saints contra o Tampa Bay Buccaneers na semana 18 da NFL (Michael C. Herbert / New Orleans Saints)