Coluna do Zé: Mas e daí, como é que é?
Coluna do Zé: Mas e daí, como é que é?
Salve, torcedor dos Saints!
Olha. Tudo bem, a gente já esperava por isso, eu mesmo tinha certeza que aconteceria cedo ou tarde. O New Orleans Saints ia perder um jogo nessa difícil sequência inicial de jogos, isso era óbvio.
Só não precisava ser num jogo duro de se ver. Difícil de assistir.
Um primeiro tempo que termina 3 a 0 para os Saints, no Caesars Superdome, depois de dois jogos marcando mais de 40 pontos, anotando um total de 91 pontos (a segunda maior pontuação em dois jogos da história da NFL), foi algo inesperado para mim.
E o jogo terminar com um placar de 15 a 12 para o Philadelphia Eagles me deixou mais surpreso. Só que não. A gente já viu esse filme antes.
O ataque voltou a não existir
Já dava pra ver que a vaca ia pro brejo na primeira campanha dos Saints. O time avançou muito mais pelas faltas da defesa dos Eagles que por mérito do ataque.
As corridas não entravam como nos primeiros jogos. Alvin Kamara não conseguia avançar pelo meio da linha ofensiva, nem pelas laterais, apenas avanços curtos.
O quarterback Derek Carr estava sendo pressionado. Muito pressionado. Carr pressionado é sinônimo de desastre. Tanto é que Rashid Shaheed terminou o jogo com um total de zero recepções. O tight end Juwan Johnson também.
O único recebedor que funcionou bem foi Chris Olave, com seis recepções para 86 jardas e um touchdown, pra colocar os Saints em condições de ainda ganhar o jogo, no último quarto. O ataque dos Saints conseguiu apenas 219 jardas totais.
Tudo isso pode, talvez, ser explicado pela lesão do center Erik McCoy, no primeiro snap da primeira campanha de ataque dos Saints. O left guard Lucas Patrick passou para a posição de center e Olisaemeka Oduh entrou de left guard.
Claro que isso é treinado (assim espero), mas não gosto muito quando se mexe em duas posições em uma linha ofensiva que estava dando certo. O que acontece que o centro da linha ofensiva dos Saints virou um passeio no parque para Jalen Carter, defensive tackle dos Eagles.
Fora Klint Kubiak
Com a linha ofensiva em frangalhos, as corridas simplesmente não funcionaram. Por mais que eu visse que não estava dando certo, aqui na torcida, o time continuou a insistir em corridas com Kamara pelo meio. Sem chance.
Como eu disse, Derek Carr sob pressão é um desastre. E foi. Ele acertou 14 de 25 passes tentados, para 142 jardas, com um touchdown e uma interceptação, ambos no fim do jogo, um para dar a chance do time ganhar, a outra decretou a derrota quando ainda dava para ganhar.
Eu confesso que fiquei esperando, o jogo todo, uma resposta do novo coordenador ofensivo, alçado à casta de gênio do esporte em duas semanas, para os problemas do ataque. Mas não houve resposta. O ataque dos Saints fracassou diante de uma boa defesa, agressiva e bem postada.
Fora os raros lampejos, como na campanha do touchdown de Olave, os Saints mostraram um repertório muito fraco, previsível e foi facilmente dominado pela defesa de Philadelphia. O time não avançava, e quando avançava, não chegava. Tanto que precisou de Blake Grupe para pontuar em dois field goals, e o time afundou na tentativa de conversão de dois pontos.
Só não foi pior porque o time do New Orleans Saints tem defesa.
E que defesa
O time manteve o Philadelphia sem pontuação em cinco posses consecutivas, que chegaram ao território do Saints.
Começando com um three and out, seguido de uma interceptação do safety Tyrann Mathieu, na endzone, depois do próprio Texugo falhar miseravelmente na cobertura do TE Dallas Goedert, em uma big play de 43 jardas na segunda campanha dos Eagles, já no segundo quarto do jogo.
Na campanha seguinte dos Eagles, uma recuperação de fumble com o linebacker Willie Gay Jr., fumble este forçado por Carl Granderson. A defesa estava voando, fazendo seu trabalho.
A defesa ainda brilhou com dois turnover on downs, uma para encerraar o primeiro tempo sem pontuação dos Eagles, na linha de 15 jardas do Saints pelo linebacker Pete Werner e o defensive end Chase Young, e outra no começo do terceiro quarto com o defensive tackle Brian Bresee.
Ainda zerados no terceiro quarto, o Philadelphia teve um punt bloqueado pelo defensive back J. T. Gray e recuperado pelo defensive back Jordan Howden da linha de 49 jardas do Saints.
Mas a defesa sozinha não faz milagre
Mesmo com essas grandes jogadas da defesa, o ataque dos Eagles avançava bem pelo campo, principalmente com o TE Dallas Goedert e com o wide receiver Devonta Smith. A defesa parecia não ter resposta para eles o jogo todo.
Mas dois lances foram capitais para a derrota. A defesa falhou em dois lances cruciais. No touchdown de corrida de Saquon Barkley, para 65 jardas, não tinha cobertura no fundo do campo e Marshon Lattimore não conseguiu acompanhar o running back dos Eagles, que até então estava enfrentando dificuldades.
A outra falha, essa letal, foi a recepção de 61 jardas de Dallas Goedert, novamente ele, que colocou os Eagles em posição de pontuar novamente com Barkley, decretando números finais no placar com 1:02 faltando no relógio.
Números finais porque na campanha que poderia levar os Saints à vitória, a pressão em Carr fez ele se apressar e soltar um passe horrível para Shaheed que foi interceptado pelo safety Reed Blakenship. Fim de jogo. Finalmente.
Temos coordenador ofensivo?
É claro, é óbvio até, que não íamos ganhar todos os jogos por placares monstruosos. Mas essa derrota trouxe de volta memórias que pareciam estar distantes depois dos primeiros dois jogos da temporada.
O novo coordenador Klint Kubiak nos enganou? Ou ele simplesmente é mortal, como nós, e comete erros de vez em quando? A falta de reservas de qualidade para posições chave vai pesar demais, vai cobrar seu preço?
Derek Carr voltando a atuar como o Derek Carr que conhecemos, aquele de teto bem baixo, nervoso no pocket, lançando passes profundos para serem interceptados, hesitante o tempo todo. Vai ser assim pro resto da temporada?
Alvin Kamara correndo pelo meio e batendo na parede. Pouca utilização de Jamaal Willians. De novo? Claro que a ausência de Taysom Hill pode sim ter limitado o ataque, já que ele além de ser uma boa opção ofensiva ajuda muito na contenção e faz bloqueios importantes para salvar a vida de Carr mas, caramba? Vamos ter problemas nesse nível?
A linha ofensiva inoperante pelo centro, sobrecarregando quem estava bem nos jogos anteriores, trouxe aquele deja vu ruim. Jogadas em desespero, para os WR 3, 4, 5… Putz, que sensação ruim de voltar aos tempos ruins nem tão distantes assim.
Fogo na bomba
O próximo jogo será fora de casa, contra o Atlanta Falcons. Sim, estamos na Falcons Hate Week, e com um gosto ruim na boca. Várias dúvidas pairando sobre nossas cabeças.
Como que vai ser daqui pra frente? Começamos 2-0 na última temporada, terminamos com 9-8 e fora dos playoffs. E nessa temporada, como vai ser?
Pode ter sido aquele jogo ruim dos Saints, que sempre tem, toda temporada. Com maior frequência nas últimas. Pode ligar o sinal de alerta.
Pode fazer o coordenador ofensivo se ligar, e ter alternativas para jogos difíceis, que virão certamente. Uma derrota que pode ser boa. Nunca é bom perder, mas se isso servir para corrigir problemas e se preparar melhor para as adversidades, quem sabe tudo fique bem no final? Basta as lesões não estragarem tudo.
Eu acho que vai dar tudo certo. Como disse, na coluna pós-estreia, se chegarmos 4-2 nessa sequência que ainda tem Falcons, Chiefs e Buccaneers, ficarei mais iludido que criança em show de mágico. Isso credenciaria o time sim como um contender e não um pretender. Super Bowl é logo ali.
Bora, Saints!
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Venha me ver falando bobagem e sofrendo com o New Orleans Saints em outros lugares, no Bluesky, no Threads e no Instagram.
Foto de capa: Alvin Kamara teve muitas dificuldades no jogo, menos com CJ Gardner-Johnson (Michael C. Herbert / New Orleans Saints)