Coluna do Zé: Pois é

Coluna do Zé: Pois é

Salve, torcedor dos Saints!

Eu prometi para mim mesmo, e acredito que muitos de vocês também fizeram isso, que não iria me deixar iludir por esse time nessa temporada. Prometi que não abraçaria qualquer lampejo de esperança para vitórias e classificação aos playoffs, em nome da saúde mental (e do coração). É só conferir. Mas não adianta nada, eu não tenho capacidade pra isso.

Bastou fazer um segundo jogo razoavelmente bom, dentro do possível, e já estava eu, no último quarto do jogo, me matando de nervoso, torcendo por pequenos milagres que pudessem trazer a vitória, que pareceu estar ao alcance.

Mas nada adiantou. Segundo jogo da temporada, segunda derrota do New Orleans Saints, no Caesars Superdome, agora para o San Francisco 49ers, por 26 a 21 e a temporada já começa com uma campanha 0-2.

Esse time adora nos dar uma ilusão, a gente pega porque quer. Mas, pensem positivo. Estamos “empatados” com o Kansas City Chiefs. Mas com o Carolina Panthers também.

Vai um drop aí?

Vou começar elogiando o quarterback Spencer Rattler. Fez uma partida mais segura, mostrou uma evolução, não cometeu erros bobos, e segue sem ser interceptado nessa temporada. Não foi brilhante, nem é um futuro “hall-of-famer”, mas tem mostrado segurança atrás de uma linha ofensiva decente, num esquema que o protege e de controle do jogo.

O problema do jogo dessa semana 2 estava do outro lado. O San Francisco 49ers é um dos melhores times da liga há anos, sob os cuidados de Kyle Shanahan, já na sua sétima temporada, com uma das defesas mais agressivas, que não dá muito tempo para o quarterback rival pensar e tomar decisões.

Spencer Rattler tem mostrado evolução, está mais seguro e tem sido capaz de controlar os jogos (Michael C. Herbert / New Orleans Saints)

Mesmo assim, Spencer Rattler foi bem, tomou decisões rápidas, contou com o apoio de Alvin Kamara e o ataque poderia ter fluido melhor se não fosse pelos drops. O recebedor Chris Olave e, principalmente, o tight-end Juwan Johnson deixaram bolas fáceis caírem, matando as campanhas iniciais, tirando chance de anotar um touchdown no primeiro quarto.

Não ajuda muito o fato do kicker Blake Grupe errar um field goal de 40 jardas na primeira campanha. O segundo erro em dois jogos. Já tem kicker sendo demitido por aí por menos que isso.

Os primeiros pontos no placar só vieram no fim do segundo quarto, quando o placar já estava 9 a 0 para os 49ers, depois de uma campanha que teve um passe longo e numa janela apertada para Brandin Cooks salvar a cara dos recebedores do time.

O tight-end Juwan Johnson não gosta de recepções muito fáceis, só gosta de pousar para fotos fazendo acrobacias (Michael C. Herbert / New Orleans Saints)

O touchdown foi anotado por Juwan Johnson, em mais uma das suas recepções acrobáticas, num passe de 18 jardas, sob muita pressão, no canto esquerdo do campo. Houve dúvida se a recepção seria um touchdown, mas a lateral da perna de Johnson toucou o solo antes dele sair de campo enquanto entrava na endzone. Parece que Johnson não gosta de passes fáceis, ele gosta das recepções onde ele precisa dar um salto, uma cambalhota, algo assim.

Alô? Secundária? Você tá aí?

O problema, como disse, estava no outro lado do campo. Os 49ers não são de perdoar, e a secundária dos Saints tem sido uma fada madrinha.  Antes do final do primeiro tempo, com 1:14 sobrando no relógio, o time de San Francisco atravessou o campo e Christian McCaffrey recebeu um passe na endzone para ampliar o placar para 16 a 7.

Falando no running back de San Francisco, a defesa dos Saints até que fez um bom trabalho contendo suas corridas. Em 13 tentativas, foram “só” 55 jardas. O problema é que no jogo aéreo foram mais 52 jardas, incluindo o touchdown.

O cornerback Alontae Taylor (1), o defensive tackle Vernon Broughton (91) e o linebacker Pete Werner (20) fazendo de tudo para parar Chistian McCaffrey (23) (Michael C. Herbert / New Orleans Saints)

O ataque dos 49ers, liderado por Mac Jones na ausência do lesionado Brock Purdy, encontrou certa facilidade no avanço pelo ar, contando com a boa vontade da secundária dos Saints. Foram 279 jardas no total, e três passes para touchdown de 11, 7 e 42 jardas. Os 49ers também tiveram dois field goals. Pois é, os Saints conseguiram perder para Mac Jones.

Em comparação, Spencer Rattler não foi mal, como ressaltei anteriormente. No que considero a sua melhor partida em dois anos na NFL, Rattler completou 25 de 34 tentativas de passe (muitos drops no início, lembra?) para 207 jardas e três passes para touchdown. Rattler chegou a completar 14 passes consecutivos, maior marca de sua curta carreira.

O running back Alvin Kamara não anotou seu touchdown, mas deu muito trabalho à defesa de San Francisco (Michael C. Herbert / New Orleans Saints)

Quem mais ajudou no ataque foi Alvin Kamara. Foram 99 jardas em 21 tentativas pelo chão, e 21 jardas em seis recepções. Mas também foi quem mais prejudicou. Falo sobre isso mais à frente.

O wide receiver Chris Olave liderou o caminho para receber, recebendo seis passes para 54 jardas. Rashid Shaheed não ficou muito atrás, registrando quatro recepções para 52 jardas. Juwan Johnson teve cinco recepções para 49 jardas.

O final é sempre o mesmo

Já que a secundária não estava funcionando, hora de a linha defensiva mostrar serviço. O defensive end Chris Rumph II conseguiu um strip-sack, na base de muita luta e muita raça, que Demario Davis recuperou, na primeira campanha dos 49ers no segundo tempo. Isso levou a uma rápida ação ofensiva que culminou num passe para touchdown de Rashid Shaheed, ainda na metade do terceiro quarto.

Jogo apertado, brigado, era tudo que ela precisava para aparecer. A esperança de uma vitória. E a danada estava ali, em um field goal dos 49ers. “Temos chance”. Até Alvin Kamara receber uma bola esquisita, controlar com o capacete, sofrer um tackle e perder um fumble recuperado pelos 49ers, que transformaram o turnover em touchdown minutos depois, já no começo do último quarto. Pois é.

O defensive end Chris Rumph II (58) conseguindo um strip-sack em Mac Jones (10) no começo do terceiro quarto (Michael C. Herbert / New Orleans Saints)

Mas já que ela veio, ela resolveu ficar. Na campanha seguinte, seis minutos, um touchdown anotado pelo recebedor Devaughn Vele num passe de três jardas, seu primeiro com a camisa dos Saints. Ainda dá tempo. O placar estava em 26 a 21, temos um plano: é só segurar os 49ers, agora que a defesa parece ter engrenado, e anotar mais um touchdown. Vai dar.

Não vai. Quer dizer, a primeira parte do plano infalível até funcionou, a defesa dos Saints segurou o ataque de Kyle Shanahan. Como destaque, o defensive end Carl Granderson teve dois sacks. Alontae Taylor resolveu aparecer, os cornerbacks Kool-Aid McKinstry e Isaac Yiadom resolveram parar de atrapalhar. Os Saints conseguiram que o os 49ers dessem dois punts (saudades, Thomas Morstead!) nas campanhas finais.

Mas falta um molho ali. Pois é. Rattler tentou liderar a equipe em uma campanha da vitória nos dois minutos finais, a partir da linha de seis jardas dos Saints, mas foi parado perto do meio-campo por um strip-sack em uma quarta descida, turnover-on-downs, pronto, de volta à realidade, fim de partida.

O receiver Rashid Shaheed (22) a instantes de anotar o seu primeiro touchdown da temporada (Michael C. Herbert / New Orleans Saints)

Faltam só 15 jogos

Com a derrota, o New Orleans Saints fica com campanha 0-2, e se contar com a pré-temporada, ainda não comemoramos nenhuma vitória. Na divisão, o Tampa Bay Buccaneers está 2-0, o Atlanta Failcons está 1-1 e o Carolina Panthers está brigando com os Saints pela pick 1 no Draft de 2026, com duas derrotas também.

Depois de duas derrotas no Caesars Superdome, é hora de colocar o pé na estrada e os Saints vão enfrentar o Seattle Seahawks no Lumen Field, na janela de jogos das 17 horas do próximo domingo, dia 21 de setembro.

E você? O que espera dos próximos jogos? Vai torcer pelo 0-17? Espera algumas vitórias? Acha que ainda dá para chegar aos playoffs?

Como eu pareço não ser capaz de cumprir promessas que faço a mim mesmo, lá estarei eu, torcendo desesperadamente por algum milagre ou para que o time se ajeite e possamos finalmente trazer uma vitória para casa. Isso é inevitável.

Pois é.

Bora, Saints!

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Foto de capa: Alvin Kamara quebrando tackles e carregando os Saints ao ataque (Michael C. Herbert / New Orleans Saints)

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1 comentário em “Coluna do Zé: Pois é

  1. This article provides a detailed analysis of the Saints loss, highlighting player performances and strategic issues. The authors insightful breakdown of the game dynamics and individual contributions offers a clear perspective on what went wrong.SunPerp Dex

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