Quem será o sucessor de Drew Brees? Especialistas analisam as possibilidades
Quem será o sucessor de Drew Brees? Especialistas analisam as possibilidades
Texto baseado neste artigo do The Athletic.
Tudo indica que esta temporada será a última para o quarterback veterano de 41 anos, independentemente dos resultados do time. Há quem diga que Brees já deveria ter parado antes, graças a atuações discutíveis neste ano.
E se Brees já suscita dúvidas entre os torcedores, o que dizer de seus reservas? Taysom Hill, por enquanto, não faz jus ao seu contrato de US$ 21 milhões por dois anos, com participações pífias em alguns jogos, incluindo um fumble contra o Packers. Jameis Winston e seus 30 touchdowns e 30 interceptações em 2019 ainda deixa muita gente com os dois pés atrás.
As melhores opções do draft de 2021 não estarão ao alcance do Saints, mas há outros prospectos capazes e viáveis? Além disso, haveria opções no mercado para preencher a lacuna deixada por Brees? Cinco especialistas foram consultados por Larry Holder, jornalista do The Athletic que cobre o Saints.
Taysom Hill vs Jameis Winston
Louis Riddick, analista do ESPN “Monday Night Football” e ex-jogador e diretor na NFL, comenta que em conversas com Sean Payton, o head coach do Saints disse que acredita que Hill é um quarterback capaz de fazer a função plenamente, não apenas um “acessório” para o ataque. Entretanto, Riddick acredita que em caso de uma lesão ou descanso de Brees, Winston jogaria. “Porque sabendo que Jameis jogaria em caso de uma lesão de Drew, mas também sabendo que Sean acredita muito em Taysom, qual é o real plano a longo prazo? Eu não sei”.
Riddick acha que seria uma grande aposta com Hill, mas leva em consideração o fato de não termos visto tanto o jogador em ação. Ele diz que Payton deve ter o benefício da dúvida sobre Hill justamente por ver o jogador nos treinos e conhecer sua capacidade mental.
Kurt Warner, Hall da Fama, quarterback MVP, e analista da NFL Network não acha que Taysom Hill será o substituto. “É que eles [os Saints] jogam de forma completamente diferente com Payton e Brees”, disse o ex-quarterback. “Acho que eles tiveram muito sucesso construindo um jogo em torno do passe e com a criatividade e a singularidade de Drew Brees. Portanto, está mais para o desafio de encontrar alguém que possa jogar da mesma maneira que Drew, se quiserem continuar jogando dessa forma.”
Daniel Jeremiah, analista da NFL Network e ex-olheiro de Ravens, Browns e Eagles, traz a comparação com Lamar Jackson. Ele acha que Taysom está mais para um complemento, pois Lamar é um passador mais natural. Replicar todo um esquema que funciona em Baltimore seria muito difícil. Warner concorda e complementa: Taysom procura o contato enquanto Lamar tenta evitar os tackles. Manter um ataque em que o quarterback corra tanto risco seria perigoso.
Já sobre Jameis Winston, Jeremiah acha que ele não é o tipo de QB móvel que consegue jogar fora do pocket, mas que ele é um passador talentoso e a força de seu braço permite um jogo mais vertical. Ele também acha que um novo capítulo na carreira de Winston poderia ser escrito no Saints.
Warner chama a atenção para o que considera ser o maior problema de Winston: sua capacidade de tomar decisões quanto aos passes mesmo que sua leitura não seja ruim. “Ele não tem sido capaz de se livrar dessa sua maneira de jogar forçando o passe. Isto é algo que me intriga”, diz. E completa: “É por isso que o trouxeram, é porque Sean Payton sente que pode eliminar os turnovers e ajudá-lo a tomar decisões melhores, trazendo à tona o melhor de Jameis Winston?”
Greg Cosell, do NFL Films e do “NFL Matchup” da ESPN, acha que Jameis é inteligente, talentoso e poderia ser o cara do ataque do Saints. Ele analisou cada uma das 30 interceptações de Winston no ano passado. Se bem treinado, ele pode ser um ótimo QB com um sistema de jogo bom. Cosell também acha que Payton pode trazer um equilíbrio à agressividade de Winston, sem descartá-la. “Na NFL, é preciso se deixar levar. Não se pode jogar com cautela. Não se pode jogar sem riscos. Mas é preciso achar uma forma de jogar na qual seu sistema, suas rotas e seus treinamentos possam regular esses riscos. Assim é possível minimizar algo como essa natureza destemida de um jogador como Winston. Eu acho que alguém como Sean pode ressuscitá-lo.”
Opções na liga: Sam Darnold é o encaixe perfeito?
Daniel Jeremiah diz que Darnold seria um encaixe perfeito para o Saints. Ele não custaria tanto e ainda teria uma opção de 5º ano. O comentarista acha que Darnold traria mais mobilidade ao ataque que Winston e também tem um bom braço. Greg Cosell comenta que ele tem muito a ser trabalhado ainda, mas com um bom esquema, poderia ser corrigido. “Ele é capaz de fazer grandes jogadas improvisadas e grandes passes ocasionais, mas eu acho que ele precisa de um trabalho significativo em sua mecânica. Ele é muito inconsistente no posicionamento da bola”, disse. Contudo, acrescenta: “Mas ele é capaz. Ele mostra talento. No sistema certo, com os técnicos corretos, ele poderia ser ótimo.”
Já Louis Riddick gostaria de ver Dwayne Haskins trabalhando com Sean Payton. Ele não sabe dizer se Haskins pode se tornar um grande quarterback, mas aposta na ideia de que jovens QBs devem estar com técnicos como Payton, Andy Reid, Doug Pederson e Sean McVay. “Você precisa estar neste círculo. Caso contrário, você nunca sabe até onde pode chegar.”
Kurt Warner não acredita que jogadores do calibre de Darnold e Haskins possam ser liberados tão facilmente. Para ele, o Saints já possui a melhor opção em seu elenco, com Winston.
Nomes do draft 2021 para observar
Jim Nagy, diretor executivo do Senior Bowl e olheiro na NFL por quase 20 anos, acha que Sean Payton pode construir um bom sistema para qualquer que seja o quarterback. Isto abre algumas possibilidades no draft, mas o time não teria alcance para pegar os melhores.
Nagy acha que o cenário ideal seria uma hesitação por parte dos times com relação a Trey Lance, por ele ser nível FCS e ter uma amostra pequena para se avaliar. Mas Nagy acha que até mesmo uma troca para subir algumas posições por ele seria boa, pois acha que ele é um jogador talentoso e bastante físico. E Nagy acha que Loomis, Ireland e Payton são corajosos o suficiente para subir no draft por um quarterback.
Cosell traz algumas notas sobre Lance:
– Prospecto de alto nível com bom braço, muito atlético, muito explosivo em movimentação e lançando;
– Lance é capaz de dar uma dimensão ao ataque em termos de corrida, tanto em jogadas como em reações rápidas;
– Os times da NFL devem ficar empolgados com ele por essa possibilidade de criação de jogadas.
Outro prospecto mencionado é Kyle Trask. Segundo Nagy, Trask não tem um porte físico ou um braço que impressionam, mas não vê deficiências em nenhum aspecto. Além disso, chama a atenção dele a maturidade e a resiliência do jogador, destacando-se em partidas em ambientes hostis. Outra característica que se destaca em Trask é a confiança em seu passe. “Eu sempre gosto de avaliar quarterbacks do college com relação a passes contestáveis, em janelas curtas. Kyle tem extrema confiança em seu posicionamento de bola. E ele também confia em seus companheiros executando as jogadas.” Nesse sentido, o ex-olheiro gosta de compará-lo com Joe Burrow.
Sobre Trask, Cosell destaca:
– É grande e tem boa presença física, mas não é especial como passador, estaria hoje mais para um QB reserva por suas características;
– Discute-se a força de seu braço e se isso seria um impeditivo;
– Trask precisa de um trabalho significativo em sua mecânica corporal na parte de baixo, principalmente nos pés.
Jim Nagy acha que suas deficiências técnicas são compensadas por qualidades que dificilmente são ensinadas, como leitura de jogo, autoconfiança, resiliência e precisão. E finaliza: “Ele se comporta muito bem dentro do pocket. Ele faz um bom trabalho criando espaço suficiente para lançar, como Drew Brees. Drew sempre manipulou o pocket de maneira excelente. Kyle também tem isso.”
Foto em destaque de Sam Darnold: Gregory Fisher / Icon Sportswire via Getty Images)