COLUNA DO ZÉ: Nunca é o Bastante Lá Em New Orleans
COLUNA DO ZÉ: Nunca é o Bastante Lá Em New Orleans
Por José Eduardo Zanon
Salve-se, torcedor dos Saints!
Finalmente o New Orleans Saints parece ter conseguido atingir seu objetivo na temporada, que era irritar profundamente o seu torcedor. Não é possível o que está acontecendo por lá não ser planejado. Os Saints sempre inventam uma nova maneira de perderem, uma nova maneira de serem humilhados no Caesars Superdome, sempre uma nova maneira de frustrar sua torcida.
Que, diga-se de passagem, agora está vaiando o time no próprio estádio, quando o ataque falha. E o ataque falha miseravelmente com uma frequência alta.
Agora, foi uma derrota nos minutos finais para o Jacksonville Jaguars, no Thursday Night Football, por 31 a 24. Uma derrota num penúltimo lance, em um drop incrível do tight end Foster Moreau na red zone.
Escrevo isso praticamente uma semana após o jogo, para poder escrever sem os palavrões que gostaria e talvez expressasse melhor meus sentimentos. Demorei seis dias para refletir e atingir a paz de espírito necessária. Mentira. Não consegui. Mas vai sem os palavrões mesmo, infelizmente.
O que aconteceu
O jogo começou, como todos os anteriores, com um desempenho ridículo do ataque. Dessa vez acompanhado da defesa. Algumas lesões poderiam justificar isso. Mas não são o suficiente.
Uma boa medida disso é que os Saints dominaram o tempo de posse de bola (36:10 contra 23:50), mas o QB dos Jaguars, Trevor Lawrence, e seu ataque foram capazes de mover a bola quando necessário, especialmente nos primeiros quartos, marcando em touchdowns terrestres com o RB Travis Etienne. A defesa dos Jaguars contribuiu com uma pick-six de 24 jardas no terceiro quarto.
Os Saints só foram reagir quando o jogo estava quase perdido, por 24 a 6. Eles não marcaram seu primeiro touchdown até o quarto quarto. Foi apenas o segundo touchdown da equipe em casa nesta temporada.
A máquina (desperdiçada) de jogar futebol americano Taysom Hill fez um touchdown correndo numa quarta para o gol da linha de 1 jarda faltando 14:21 no relógio. Ainda houve tempo para uma recepção para touchdown sensacional de 17 jardas do WR Michael Thomas em passe do quarterback Derek Carr. Carr então conectou com o RB Alvin Kamara em uma conversão de 2 pontos para empatar o placar em 24 pontos.
Kamara teve um jogo eficaz, especialmente como recebedor, com 12 recepções para 91 jardas e 17 carregadas para 62 jardas. Mas continuou correndo apenas pelo meio. Carr foi 33 de 55 para 301 jardas com um touchdown e uma interceptação. Hill teve cinco carregadas para 18 jardas e o seu touchdown e adicionou quatro recepções para 50 jardas.
Os outros pontos dos Saints vieram em três field goals da criança que chuta (e erra demais) Blake Grupe. Para não perder o costume, ele errou um field goal de 51 jardas. Isso já parece ter ido longe demais, está comprometendo o desempenho do time. O psicológico dele parece ter se quebrado naquela derrota para o Green Bay Packers, e ele não parece bom o suficiente de maneira regular.
Tragicomédia no fim
No fim, de nada adiantou ter empatado. Os Jaguars voltaram ao ataque com 3:45 para jogar e Sunshine rapidamente se conectou com o recebedor Christian Kirk em um passe para touchdown de 44 jardas para os pontos finais do jogo com 3:08 para jogar. Os Saints ainda marcharam para a linha de 6 jardas do ataque na posse seguinte, mas o quarto passe de Carr para o WR Chris Olave caiu incompleto. Foi nesse drive, que a terceira para o gol foi o drop miserável do Moreau.
O Olavinho do bem, a propósito, foi protagonista de uma jogada em que Carr lançou para ele em profundidade, mas ele simplesmente não correu a rota. Foi alvo de críticas de Carr durante um bate boca na sideline, e de muitas críticas da torcida e da imprensa em geral. Todos reforçando que ele deveria ir a toda velocidade.
Situação: Olave
Aí é que vem o problema. Olave entendeu tudo errado. Na noite de segunda-feira ele foi preso pela polícia por ir acima do limite de velocidade (70 mph em zona de limite 35 mph), colocando em risco outros motoristas. E durante a abordagem, ainda tentou meter uma carteirada “Eu jogo pelos Saints, cara”. O que, nas atuais circunstâncias, só piorou a coisa pro lado dele.
Ou nós é que entendemos errado. A Érica Barros (@ericabarros) disse, no grupo de WhatsApp da firma: “o que a gente não sabe é que ele falou isso como um pedido de socorro”. E isso faz muito sentido, mas muito mesmo. É só lembrar que o WR do Las Vegas Raiders, Henry Ruggs, fez a mesma coisa e ele (não) recebia passes de Derek Carr. Como diria o ET Bilu: “busque conhecimento”. É só fazer a ligação.
O que se passa pela minha cabeça
Que doideira que é ser torcedor do New Orleans Saints. Não faz bem para a saúde mental. Ser jogador também, aparentemente.
Na Coluna do Zé da semana passada, eu ressaltei que pouco seria mudado, ou nada, em comparação ao que aconteceu na semana 6, pois seria uma semana curta. Mas eu me enganei. Piorou muito. O ataque continua patético, sem ânimo, sem vontade de cantar uma bela canção. A não ser, claro, quando o jogo parece estar perdido.
Só que uma peça piorou e merece destaque. O QB Derek Carr demonstrou todo o seu potencial de jogador dispensado pelo time do Las Vegas Raiders ao fim do contrato. Se os Raiders preferiram o QB Jimmy Garoppolo, alguma coisa estava errada.
Mas Carr é quarterback que o head coach Dennis Allen draftou quando estava no antigo Oakland Raiders. É o quarterback que ele queria. E então ele foi buscar. E quem se lascou fomos nós. Mea culpa aqui, eu me enganei, me empolguei. São 30 milhões de dólares, por três anos de contrato. Pegadinha do Mallandro com a torcida! RÁÁÁ! Gluglu, ié ié!
Eu acredito que o poço ainda não tem fundo tão rápido. Nunca é o bastante para esse time demonstrar pequenezes, o general manager Mickey Loomis sempre pensa em novas maneiras de deixar o time num eterno “all or nothing”, que nunca dá em nada. É sempre “nothing”.
Dennis Allen disse que nada vai mudar. Que nenhuma peça, principalmente o coordenador ofensivo Pete Carmichael, vai ser trocada. Vamos com o que temos para o restante da temporada. Cabe aos profissionais que já estão lá fazerem os ajustes necessários para melhorar o desempenho do time, principalmente do ataque.
O futuro
Meu palpite, hoje: não vai melhorar. Nossa defesa vai continuar boa, vai continuar dando condições do ataque ganhar jogos, mesmo este sendo medíocre. Mas o ataque não consegue nem ser medíocre. Nem ruim. É muito pior que isso. Não consegue fazer o básico, com Carr sendo um tapado e péssimo com rotina. Com Carmichael fazendo jogadas previsíveis e estúpidas. Com Grupe chutando pra fora muitas chances de vitória.
A sorte, ou azar, depende do seu ponto de vista, é que a Divisão Sul na Conferência Norte Americana (NFC South) é horrível. Tem o pior time da liga, o Carolina Panthers, apenas um time com campanha positiva, o Atlanta Falcons, que ganhou do outro time da divisão, o Tampa Bay Buccaneers. Ainda vamos jogar duas vezes contra os Falcons. Duas chances de rendição ou de humilhação, escolha o seu humor.
A próxima chance de sofrer uma nova humilhação acontece domingo, contra o Indianapolis Colts do QB Gardner Minshew, agora titular após a lesão do calouro Anthony Richardson, fora de casa.
Por aqui eu já disse que não acreditaria em 5 derrotas para o New Orleans Saints na temporada. Ainda temos apenas 4 derrotas. Tudo é possível. Ou não.
Bora, Saints!
Imagem de capa: Michael C. Hebert/New Orleans Saints
Venha me ver falando bobagem e sofrendo com o New Orleans Saints em outros lugares, no antigo Twitter e no Instagram.