COLUNA DO ZÉ: Winston no pocket – Vixe Maria!
COLUNA DO ZÉ: Winston no pocket – Vixe Maria!
Por José Eduardo Zanon
Salve, torcedor dos Saints!
Nada de novo lá pelas bandas do New Orleans Saints depois de mais uma derrota, agora diante do Minnesota Vikings, por 27 a 19, comandado pelo herói improvável da temporada, o quarterback Joshua Dobbs.
Mas, ah, vai, confessa, foi divertido pelo menos, não foi? Eu achei. Passar dois tempos de um jogo com o quarterback reserva Jameis Winston soltando Hail Marys é divertido demais. Pelo menos pra quem não é torcedor dos Saints. E pra mim, que estava rindo, mas acho que de desespero mesmo.
Porque terminar um jogo sem o recebedor Michael Thomas, sem o QB Derek Carr e sem o cornerback Marshon Lattimore, todos lesionados ao longo do jogo, é de se preocupar, sim. Mas isso não quer dizer nada, eles muito pouco ou nada fizeram durante o tempo que estiveram em campo…
Começo lento mais uma vez
Estou dizendo lento para ser moderado. Para ser lento, precisava ser um pouco mais ativo do que foi. Não adianta nada limitar o ataque dos Vikings a um field goal no segundo tempo, se você vai para o intervalo tomando uma piaba de 24 a 3.
Isso foi motivo de piada durante a semana, referindo-se à capacidade da defesa se adaptar ao ataque adversário, só que seria depois de um 27 a 7. Foi pior.
O ataque dos Saints só começou a jogar no garbage time, que é o que chamamos o fim de um jogo com o resultado decidido, onde o time vencedor coloca basicamente os reservas em campo e deixa de se matar para evitar lesões. Só que isso durou os últimos dois quartos do jogo, depois que os Vikings abriram 27 a 3.
O coaching staff e os jogadores passaram a semana falando, e falando, e falando de novo, sobre começar bem os jogos para ter um jogo decente, não apenas os últimos quartos. Muita conversinha (fala muito!) e pouca ação.
Defesa ausente
Os Saints não conseguiram achar o quarterback dos Vikings o jogo todo. Ele completou 23 de 34 passes para 268 jardas e um touchdown, para o tight end T.J. Hockenson, e correu para 44 jardas e um touchdown em oito carregadas.
Como sempre, os Saints tem muitos problemas quando enfrentam um quarterback móvel, e Dobbs é o exemplo mais recente. Realmente já passou da hora da defesa resolver essa treta.
Os Vikings ainda tiveram 125 jardas corridas e dois touchdowns em 33 carregadas e New Orleans não conseguiu tirar Minnesota de campo o suficiente no primeiro tempo, quando o jogo foi decidido. O ataque não ficou em campo, a defesa ficou e entregou. Dobbs até foi pressionado, mas só sofreu um sack e com muita facilidade esticava as jogadas escapando pelo pocket.
Ataque inoperante
O ataque não fez nada durante praticamente três quartos do jogo. Enquanto Derek Carr esteve em campo, o que se via era muita indecisão, escolhas de jogadas péssimas, passes errados e a certeza que ele ia apanhar até se machucar. Não porque a linha ofensiva não estava fazendo seu papel. Ela até fez bem, só que Carr vacila demais com a bola nas mãos e isso é um convite a porradas homéricas.
Tanto que ele teve uma concussão e teve que sair do campo faltando pouco mais de 7 minutos no terceiro quarto. Junte a isso uma lesão no ombro ainda não esclarecida. Carr já tinha sofrido fumble e tudo que tem direito. Com a sua lesão, entrou em campo o aclamado (por parte da torcida) Jameis Winston.
E não é que o ataque se animou? Winston é pura empolgação. E falta de noção. Os Saints conseguiram um par de passes para touchdown, em passes longos para os wide receivers Chris Olave e A.T. Perry, este que basicamente substituiu Thomas que saiu com lesão no joelho ainda no primeiro quarto. Além disso, foram convertidas duas corridas para dois pontos com Alvin Kamara.
Mas um déficit de 27 a 3 é demais para esperar uma virada no placar. Ainda mais para um ataque com Winston e o coordenador ofensivo que tem, Pete Carmichael. New Orleans teve que abandonar o jogo corrido (15 carregadas para 65 jardas), e aí o que se viu foi um festival de lançamentos longos de Winston. Praticamente uma Hail Mary por tentativa de ataque.
Hail Mary que pode ser traduzido para Ave Maria, que na hora do jogo virou praticamente um Vixe Maria! em toda tentativa de passe. O Vixe Maria é a versão para a expressão Virgem Maria! aqui em Araçatuba, interior de São Paulo, e em algumas outras partes desse Brasil. Nóis é caipira com orgulho.
E essa estratégia (tática???) não deu em outra coisa a não ser na tragédia anunciada. Muitos erros de passe (apenas 13 de 25 tentativas, para 122 jardas) e as famigeradas interceptações que acompanham Winston em todos os seus anos de NFL.
As mesmas desculpas de sempre
Ninguém esperava que esse ataque tivesse tantas dificuldades para anotar pontos da forma como anotou nestes dez primeiros jogos. Mas os Saints estão exagerando. Chega a ser ridículo.
O treinador Dennis Allen veio com o mesmo papinho furado no pós jogo, ele não gosta de ser cobrado das incapacidades que demonstra na beira do gramado. A defesa é responsabilidade dele, e é a defesa que está entregando ou tentando entregar os últimos jogos. A defesa caiu muito.
Ele não sabe como responder ao fato do time começar tão mal e só acordar depois que está muito atrás no placar. Se ele não sabe, quem poderia saber, não? Talvez minha mãe. Vou lá perguntar (ela assistiu comigo o jogo, estava visitando os netinhos).
Allen acha que Winston foi importante, fez jogadas explosivas, e é claro que ele está vendo apenas o bright side of life (recomendo ver esse vídeo, clicando aqui). Mas eu gosto desse trecho da entrevista:
“Repórter: Sente que, no geral, regrediu nesta temporada?
DA: Progrediu ou regrediu?R.: Regrediu.
Dennis Allen na entrevista coletiva pós jogo.
DA: Não acho que estamos jogando tão bem quanto somos capazes de jogar, sabe. Então, sim, não acho que estamos jogando tão bem quanto somos capazes de jogar. Acho que precisamos jogar melhor.”
O que isso quer dizer? Nem ele sabe. Pra mim significa que um técnico com recorde de 15 vitórias e 38 derrotas não deveria ser técnico na NFL. E muito menos carregar consigo um coordenador ofensivo tão incompetente quanto. Quero deixar claro, que ainda acho Dennis Allen muito capaz como coordenador defensivo, apesar da regressão que vimos na defesa nessa temporada e que ele não entendeu na pergunta do repórter.
Destaques positivos
Com a derrota, os Saints ficam com a campanha 5-5, mas ainda em primeiro lugar isolado da divisão NFC South, pois os outros times conseguem ser piores, mas nem tanto. Então, se você acha que isso é positivo, as chances de playoffs ainda são boas (55% segundo analistas).
A defesa dos Saints foi dominante novamente no segundo tempo, permitindo apenas três pontos e 91 jardas totais, enquanto também segurou os Vikings para 2 de 9 em tentativas de conversão de terceiro down. Bem tarde, eu sei, garbage time, eu sei, mas vamos lá, isso é bem legal.
O linebacker Demario Davis liderou a defesa dos Saints com nove tackles, sendo um para perda de jardas e um sack. O cornerback Paulson Adebo fez novamente um bom jogo, com nove tackles e dois passes defendidos.
O recebedor calouro A.T. Perry fez sua estreia real na NFL, com duas recepções sendo uma delas para um touchdown de 15 jardas. Olave continua mostrando que está lá se precisarem e chamarem. Kamara, sempre ele, continua liderando as estatísticas do ataque, seja por terra ou por ar.
Semana de paz para a torcida?
Agora temos a semana de bye. Eu sei que é uma semana para descanso. Mas isso só deveria acontecer se estivesse tudo bem. Nada está tudo bem. Esse time mal treinado da peste não apresenta evolução suficiente para passar o mínimo de confiança.
Espero que pelo menos os lesionados não sejam graves e que retornem o mais rápido possível, com exceção de Michael Thomas que só deve voltar no fim da temporada, se voltar.
Depois do descanso, teremos um jogo fundamental para as pretensões dos Saints na temporada, contra o Atlanta Falcons no Mercedes-Benz Stadium, na Georgia.
Na próxima semana eu venho falar sobre como eu acho que o problema do New Orleans Saints é o Minnesota Vikings e um lance fatídico de anos atrás.
E você, o que espera do resto da temporada dos Saints? Comente aí. Deixe sugestões de temas também.
Bora, Saints!
Foto da capa: O quarterback reserva Jameis Winston é garantia de emoção. (Michael C. Herbert / New Orleans Saints)
Venha me ver falando bobagem e sofrendo com o New Orleans Saints em outros lugares, no antigo Twitter e no Instagram.