Jeff Ireland está empolgado com a classe de 2022 do draft
Jeff Ireland está empolgado com a classe de 2022 do draft
O Draft da NFL de 2022 foi o oitavo supervisionado por Jeff Ireland desde que ele se juntou ao New Orleans Saints em 2015 como diretor de college scouting. Nesse período, ele selecionou 48 jogadores, incluindo 20 que se tornaram longevos titulares e seis que acabaram indo ao Pro Bowl ou sendo escolhidos para a seleção do All-Pro.
Este foi o primeiro draft de Ireland com Dennis Allen como treinador principal. Ireland ingressou no Saints no mesmo ano em que Allen retornou a Nova Orleans após quatro anos longe da organização.
Ireland, que vem de uma família de olheiros, é amplamente considerado um dos melhores avaliadores de talentos da NFL. Em março, ele recebeu o prêmio BART inaugural, que reconhece anualmente os melhores olheiros da liga.
Jeff Duncan, jornalista do nola.com conversou com Ireland após o treino dos Saints na quinta-feira para discutir o Draft da NFL de 2022 dos Saints e ouvir sua opinião sobre cada jogador na classe de cinco jogadores da equipe. E nós do Saints Brasil traduzimos a conversa:
Estou curioso, houve alguma diferença no seu primeiro draft com Dennis Allen como treinador em comparação com os com Sean Payton? Algum procedimento mudou?
Jeff Ireland: Não, eu diria que foi bem parecido. Eu meio que sabia o que veria com Dennis versus Sean. Você tem um (treinador) centrado um pouco mais no ataque, e você tem um mais centrado na defesa. Às vezes (no passado), os treinadores ofensivos (da equipe) eram um pouco mais quietos e se inclinavam para os comentários de Sean. E então com D.A., talvez o mesmo, mas na verdade foi praticamente o mesmo processo. Diferenças muito sutis. E essa é uma das razões pelas quais gostamos de Dennis como nosso treinador principal, é que não tivemos que mudar o processo. Ele entende o que procuramos. Ele entende o que enfatizamos em termos de caráter, protótipo e todas as coisas que procuramos talvez mais do que outras equipes. Ele gosta das mesmas coisas que nós gostamos, especialmente na defesa.
Sei que você sempre falou sobre protótipos e sua importância para o seu processo de avaliação. Isso foi afetado pela mudança de treinador?
Ireland: Não, e diria que é uma coisa dos Saints agora. É nisso que todos nós acreditamos. Não sou mais só eu. É também (o gerente geral) Mickey (Loomis). É Dennis (Allen). Essa é a Sra. B (proprietária Gayle Benson). Vimos o que isso pode fazer pelo nosso time de futebol. E então não sou só mais eu tendo essa influência. Isso é absolutamente Dennis influenciando. É Mickey influenciando. Todos embarcamos juntos quando vemos algumas das características que gostamos. E essa é uma das razões pelas quais foi bom ter Dennis como nosso treinador principal é que sabíamos que ele tinha o conhecimento da importância disso. Que não precisávamos vender isso para mais ninguém.
Você mudou a forma como todos implementam o sistema ao longo dos anos? Você ajusta as informações do protótipo para levar em conta as mudanças na liga?
Ireland: Ajustamos o protótipo com frequência. O protótipo é basicamente o que a liga nos dá, na liga há uma média (de tamanho) para cada posição. Isso é basicamente o protótipo. Depois, há um padrão mínimo para cada posição que realmente permitimos ser chamado de protótipo. E então adicionamos os jogadores com base na altura, peso, velocidade, comprimento. Quando falta um dos mensuráveis, então você é um tipo. Quando você tem tudo, então você é outro tipo. E quando faltam dois dos três, você é um outro tipo. Então, adicionamos esses jogadores e os ajustamos de acordo. E à medida que você desce no draft, a importância do tipo pode ser alterada um pouco, porque não há muitos desses caras. E então você está procurando por traços específicos no atleta.
OK, vamos falar de jogadores. Chris Olave obviamente era um jogador que todos gostavam muito. O que você viu nele como receiver?
Ireland: Ele foi titular durante 3 anos em uma grande universidade. Foi muito produtivo em cada um desses anos. Ele é um ótimo garoto. E eu gostei da maneira como a equipe (de Ohio State) falou sobre sua inteligência. O fato de que eles poderiam usá-lo em todo o campo. O fato de que ele era consistente. As características que procurávamos. Tamanho. Ele tem a altura e a velocidade. Gostaríamos que ele fosse um pouco mais forte, e temos que colocar um pouco de força nele e alguns músculos, mas toda vez que você olhava as imagens, você via Chris Olave fazendo uma jogada naquele jogo. Gosto disso. E ele me lembra alguns jogadores que jogaram em nossa liga, como Marvin Harrison, que era simplesmente suave e jogava facilmente. E tem o mesmo tipo de corpo. Não parece que eles são rápidos, mas quando cronometramos, são uns 4,3 (segundos). Portanto, há alguns aspectos muito bons nele.
Vocês estavam procurando um certo tipo de receiver, uma peça complementar a Mike Thomas? Ou apenas escolheram o melhor jogador que estava disponível?
Ireland: Olha, você não pode ser muito exigente no draft. Quero dizer, nós amamos o Chris e havia alguns outros receivers que realmente gostamos também. Ele se encaixa no tipo de jogador que estamos procurando para ser complemento do Mike. E sentimos que quando você monta uma unidade ofensiva com tipos específicos de jogadores, cremos que podemos chegar a outro nível. E isso não significaria que não gostássemos do receiver da USC (Drake London) ou Garrett Wilson ou Jameson (Williams). Gostávamos de muitos desses jogadores também, mas Chris, ele era muito parecido com o que estávamos procurando para complementar nosso ataque com seu conjunto de habilidades.
Há muitos fãs de Trevor Penning na comunidade dos olheiros. Jim Nagy (Diretor executivo do Senior Bowl) gostou muito dele no Senior Bowl. Este era um cara que já estava em seu radar?
Ireland: Desde o Outono (do hemisfério Norte) em Northern Iowa. Na verdade, isso é desde o ano passado, entrando no draft de 2021, porque havia Spencer Brown, o outro tackle (de Northern Iowa e uma escolha de terceira rodada do Buffalo Bills). E me lembro do nosso olheiro da área. Eu não visitei a faculdade no ano passado, mas nosso olheiro da área disse: “Há um tackle muito bom (de Northern Iowa) este ano, e espere até ver o cara que estará disponível no próximo ano (Penning). Então pedi para um dos nossos treinadores visitá-lo, acho que foi (Dan) Roushar ou Brendan Nugent, mas mandei alguém para trabalhar com Spencer Brown visando o draft do ano passado, e Penning também estava lá. E esses caras estão pensando que estão assistindo o left tackle, Spencer Brown, mas na verdade era Penning que eles estavam de olho. E assim conhecemos o jogador. Sabíamos que na temporada seguinte eu deveria ir pessoalmente a Northern Iowa. Pude vê-lo de perto, e entramos em contato com ele bem no começo do processo. Obviamente, seu tamanho e suas habilidades de movimento se destacam. E eles elogiaram seu caráter. Haviam muitas coisas que gostávamos nele, e então ele jogou no Senior Bowl e teve uma boa semana lá. E o que não sabíamos era a agressividade e a vontade de competir e se esforçar. Você nunca pode empurrar isso para alguém. Isso tem que ser inato. É muito mais fácil puxar um cara e dizer: “Ei, não seja tão agressivo”. É difícil ser “Ei, seja mais agressivo”. Você pode gritar e gritar e fazer todas essas coisas com um jogador, e você nunca vai conseguir. Ele tem todas as coisas intangíveis que nós gostamos e até algumas coisas que são realmente difíceis de encontrar – aquela natureza realmente desagradável, agressiva e violenta. E nós gostamos disso nele também.”
Todo mundo fala sobre seu tamanho e físico, mas os olheiros dizem que seu atleticismo é esquecido.
Ireland: Definitivamente. Com offensive linemen, você está medindo o atleticismo em uma área muito pequena – retroceder, seu primeiro passo, sua capacidade de parar, substituir e recuperar. E ele poderia fazer isso tão bem quanto qualquer jogador do draft deste ano. A técnica e os fundamentos certamente precisam melhorar, o uso das mãos e coisas assim. Porque ele não lida com esse tipo de poder (na faculdade) que verá na próxima temporada. É provavelmente por isso que ele estava lá no (escolha No.) 19 para nós e não tinha saído antes disso. Mas o atleticismo absolutamente está lá.
Durante sua avaliação de um jogador como Penning, quanto você considera a capacidade de desenvolvimento de sua equipe de treinadores?
Ireland: Quando estava em Miami, minha primeira escolha como gerente geral dos Dolphins foi Jake Long. Ele foi a primeira escolha de Michigan. Jake tinha 2m de altura e 150kg. Lembro-me da coletiva de imprensa após o draft, e eu fiquei tipo, “Bem, ele é tecnicamente um pouco falho, e temos que melhorar tecnicamente”. Imediatamente, ouvi: “Espere um segundo, você acabou de escolhe-lo como primeira escolha no draft”. Bem, todo jogador que entra em nossa liga é tecnicamente falho, mesmo que ele esteja jogando em Michigan. Long acabou indo para quatro Pro Bowls seguidos. Vejo esse cara (Penning) tendo as mesmas falhas técnicas, mas também tendo a mesma habilidade de alguém como Jake Long. Ele simplesmente não jogou em Michigan.
Vamos passar para Alontae Taylor. Dennis Allen disse no draft que todos vocês o veem como um cornerback, certo?
Ireland: Sim. Quase ninguém em nossa equipe o vê como safety. Nós o vemos como um corner. Nós o vemos como um corner inteligente. E quando digo corner inteligente, ele pode jogar em várias coberturas e talvez possa se mover por dentro e ser um cara de marcação em zona ou homem a homem. Ele tem tamanho, velocidade e rapidez, e ele é físico. Ele pode acelerar, desacelerar, se mover e acertar alguém. Todas essas coisas talvez sugerissem um safety, mas sentimos que sua habilidade atlética é mais parecida com a de um corner e sentimos que ele poderia utilizar isso por fora (como cornerback).
Ele é um jogador a ser desenvolvido? Ou você acha que poderemos o ver em campo nesta temporada?
Ireland: Oh, definitivamente acho que ele pode entrar em campo. Agora, pode ser nas quartas descidas no início, onde ele estará nos ajudando com o special teams, mas você nunca tem corners suficientes. Nós sempre dizemos, isso é um clichê em nosso negócio, você nunca tem corners suficientes. Nunca tem tackles suficientes, nunca tem pass rushers suficientes. E é por isso que eles saem cedo no draft. E sabemos que isso é uma liga desgastante às vezes, e não vou deixar passar um bom corner quando sinto que nos serve. Talvez ele ainda não esteja pronto, mas todas as características estão lá para que possa jogar rapidamente. Cabe a ele agora desenvolver-se rápido, pegar o ritmo de nossa defesa. Sei que, na pior das hipóteses, ele será um jogador de special teams imediatamente. E então veremos onde poderemos usá-lo. E, obviamente, competirá por uma vaga de titular em algum momento. Agora, seja como nickel ou outside versus (Paulson) Adebo, mas ele está competindo. E temos que prepará-lo porque, novamente, há muitas lesões em nossa liga. Mas espero que não tenhamos nenhuma.
Na quinta rodada você escolheu o linebacker D’Marco Jackson de Appalachian State. O que te atraiu nele como jogador?
Ireland: Amo que ele pode correr. Quando você olha as estatísticas, ele teve algo como uma centena de tackles (na verdade 119), com (seis) sacks, (19) tackles for loss e cinco pass break-ups. Ele tinha essa estatística que nenhum outro linebacker tinha. E isso me diz que eles o colocaram para fazer muitas coisas diferentes. O colocaram nas blitzes. Em coverage. E, de repente, você olha, e ele tem 17 tackles no special teams. OK, e ele tinha 400 snaps lá. Sabe? Foram algumas coisas para olhar. Veio o Senior Bowl, e eu tinha alguns bons amigos na equipe que realmente adoraram sua capacidade e sua pessoa, o que, novamente, é importante para nós. E os instintos estavam lá para um Mike (middle linebacker). E ele também tinha versatilidade, atleticismo. Tivemos uma visão bem clara do tipo de jogador que meio que se encaixava no que estávamos procurando como linebacker.
E, finalmente, você escolheu Jordan Jackson na sétima rodada, um grande defensive tackle da Air Force.
Ireland: Jordan era um cara que… olha, ele é um jogador para ser desenvolvido. Obviamente, ele jogou em Air Force e é um garoto grande. Muito atlético, tipo muito atlético. Sentimos que, ei, é difícil encontrar esses biotipo de three-technique em nossa liga. Nos últimos dois anos, houve um esgotamento de jogadores com esse tipo corporal de three-technique que procuramos. Sentimos que ele tinha o biotipo que estávamos procurando. Ele tem a forma, o atleticismo. Precisa ficar mais forte. Precisa aprender como treinamos, aprender como fazemos as coisas. Se soltar um pouco mais. Mas há todos os traços de desenvolvimento que estamos procurando. E é um garoto simplesmente incrível, para ser honesto.
Você disse que a lista de undrafted este ano seria importante porque seria um grupo grande por causa da COVID-19 no futebol universitário. Você e sua equipe acabaram gastando mais tempo com os undrafted free agents apenas por causa dos números?
Ireland: Sim. Acabamos gastando bastante tempo com isso, e fomos bastante agressivos após o draft para pegar alguns caras que ainda estavam no nosso board (do draft) e ainda no alto do quadro de free agent. Então estávamos prontos. Estávamos realmente prontos para o processo da free agency e sentimos que tínhamos alguns jogadores lá para competir por vagas no elenco e preencher as vagas em nosso practice squad, com certeza. Nos sentimos muito bem com esses caras.
Eu queria te perguntar sobre o running back Abram Smith. Muita gente achou que ele poderia ser draftado. O que todos gostaram nele?
Ireland: Primeiro, ele é de Abilene, Texas. Eu sou de Abilene, Texas. E ele foi para Baylor também. Então, é outra coincidência.
Agora eu vejo por que $222.000 do contrato dele foi garantido para assinar com vocês.
Ireland: Falando sério. Eu estava no championship game da Big 12 e olho para minha lista e não via um jogo de Baylor desde setembro. E esse garoto não estava na minha lista, e percebo que ele estava listado como linebacker e estava fazendo jogadas. E então mando uma mensagem para meu olheiro da área. Eu pergunto, quem diabos é esse cara? Comecei a fazer algumas pesquisas e ele havia saído da defesa no ano anterior para jogar no ataque. Eles precisavam de alguma profundidade no setor. Foi isso que realmente deu início ao processo. Meu olheiro já o havia classificado. Só que eu estava com uma lista antiga. Ele é grande, ele é físico, ele é inteligente. Ele carrega a bola muito bem, mas há um elemento de primeiras e segundas descidas onde ele corre por dentro que gostamos nele. Ele é físico como um linebacker. Você pode ver a mentalidade que ele tem. É um pouco raro. E então você diz “OK, o que ele está fazendo na quarta descida?” Ele era um jogador muito bom de special teams, um jogador jovem. Ele pode correr e entrar em campo e jogar no special teams. E esses free agents, essas escolhas de draft na rodada final. Você tem que ter alguma velocidade e ter valor de special teams para fazer isso. E é muito difícil aqueles jogadores de rodada final e free agents serem titulares. Você está procurando certas características que podem entrar e ajudá-lo dessa maneira. E sentimos que Abram é um cara que pode fazer isso.
Traduzido de: nola.com