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Não era para Drew Brees estar nos livros de história

Não era para Drew Brees estar nos livros de história

O que eu mais li desde que Drew Brees fez sua última partida com o New Orleans Saints, em casa, é que ele “merecia uma despedida mais digna.” Não sei se concordo com isso, aliás, quanto mais eu penso no jogo horroroso dele eu percebo que finalmente a carreira dele fez algum sentido.

Drew Brees não deveria sequer estar em campo. Dois meses antes da eliminação para o Tampa Bay Buccaneers ele quebrou 11 costelas e voltou a jogar. “Voltou” daquele jeito, evitando os sacks e se livrando da bola muito rápido.

Talvez Drew Brees não devesse ter jogado nem essa temporada. Uma off season marcada por um comentário que caiu muito mal no elenco (sobre o movimento Black Lives Matter) fez com que ele corresse atrás por meses para limpar a barra dele com o time. Aliás, a eliminação da temporada anterior também foi um jogo ruim dele. O ano retrasado tinha sido meio turbulento, afinal ele rompeu os ligamentos do dedão numa jogada azarada e perdeu quase dois meses da temporada.

Na real que Drew Brees só jogou os últimos quatro anos porque finalmente ele teve um time bom. Aceitou contratos inferiores ao que quarterbacks estavam recebendo. Enquanto times pagavam mais de US$ 30 milhões para caras como Jared Goff, Brees aceitava perto de US$ 25 milhões para continuar levando o time a ótimas campanhas e produção excelente, mesmo não sendo mais o mesmo. Com isso, o Saints sofreu eliminações traumáticas sob circunstâncias trágicas em 2017 e 2018 contra o Minnesota Vikings e o Los Angeles Rams, respectivamente, lembrando-o de que ele deveria ter parado antes de tanto desgosto.

Aliás, mesmo antes desse período Drew Brees convivia com o desgosto em campo. Após o Bounty Gate, o Saints teve a defesa figurando entre as cinco piores em praticamente tudo (pontos cedidos, jardas cedidas, turnovers forçados e sacks) em quatro dos cinco anos entre 2012 e 2016. O que seria o auge de Brees, em que ele facilmente alcançava a liderança da liga em jardas, TDs, passes completos e porcentagem de acerto, foi desperdiçado em times horrorosos e mal montados.

Será que Drew Brees deveria ter ganho um Super Bowl? Bom, acho que só dele estar jogando depois de ter destruído o ombro dele em 2005 enquanto ainda jogava no San Diego Chargers é lucro. Depois disso ele tomou a decisão mais absurda possível de apostar no New Orleans Saints em 2006 que tinha:

  • 40 anos de história e apenas uma vitória em playoffs;
  • Sean Payton como técnico, jovem e que mal tinha participado de trabalhos bem feitos;
  • Uma cidade destruída por um furacão e que mal tinha energia elétrica para abastecer um estádio que, inclusive, mal ficou pronto para o começo da temporada.

COMO esse cara foi ganhar um Super Bowl com esse time? Acho que o fato discordante da carreira do Brees não foi não conseguir um segundo anel de campeão, e sim ter vencido a NFL com essa bagagem aí.

Você não olha para um cara como Drew Brees e pensa que ele conquistaria um esporte como o futebol americano. Uma liga em que jogadores bizarramente fortes e rápidos agridem seus corpos para a extensão de suas vidas, o cara que se aposenta com quase todos os recordes de passe, e que provavelmente será o quarterback mais preciso da história, é um jogador que mal chega a 1,80 de altura, tem uma cicatriz na cara que parece que foi para guerra e tem um ombro que a qualquer momento parecia que não ia funcionar mais.

Acho que é isso. A gente fica impressionado com o Brees por ele, no âmbito do esporte, ter superado tudo isso. A carreira dele ter terminado num jogo horroroso dele é, finalmente, algo esperado.

Não era para Drew Brees estar nos livros de história e, mesmo assim, ele está.

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