O Saints partiu o coração de Jimmy Graham, mas Nova Orleans era o único lugar para reiniciar a carreira
O Saints partiu o coração de Jimmy Graham, mas Nova Orleans era o único lugar para reiniciar a carreira
Por Rod Walker | Traduzido por Bruno Pimenta Starling
Atualizado em 29 de julho de 2023
As duas palavras que Jimmy Graham usou para descrever aquele dia de março de 2015, quando ele foi negociado pelo Saints, são provavelmente as mesmas duas palavras que você usou na terça-feira quando soube que ele estava voltando para Nova Orleans.
“Espanto total”, disse Graham no sábado sobre a transferência ocorrida há oito anos que o levou para longe da cidade de Nova Orleans, a cerca de 4 mil quilômetros de distância, para o Seattle Seahawks.
Graham não falou muito com a mídia sobre a negociação desde que ela aconteceu. Na verdade, ele não falou muito desde então.
A transferência o machucou muito, muito mais do que a lesão no joelho que ele sofreu alguns meses depois durante sua primeira temporada em Seattle.
Ele se recuperou daquela lesão no joelho, mas recuperar-se da negociação levou um pouco mais de tempo. Bem mais tempo.
“Sempre fui um jogador emotivo que colocava o coração nas luvas”, disse Graham. “Depois de sair daqui, basicamente parei de dar entrevistas. Eu não tinha muito a falar, nada que fosse positivo. Na época, doeu muito e foi muito difícil para mim. Realmente não sabia o que dizer e simplesmente não queria ser incomodado.”
“Pensei que nunca deixaria este lugar, mas, esta liga é um negócio e acordei para a parte do negócio que machuca.”
Agora a dor se foi, e é por isso que Graham conseguiu se abrir e ser sincero sobre o assunto neste sábado, após o quarto dia de treinamento do Saints.
É como se colocar novamente o capacete com a flor-de-lis fosse a cura que ele precisava.
Graham recebeu um dia de folga no sábado, então os torcedores não puderam vê-lo receber nenhum passe. Mas, de qualquer maneira, este dia foi mais importante pelo que ouvimos dele na frente dos microfones, do que pelo que teríamos visto dele no campo.
É óbvio que ele está emocionado por estar de volta à cidade, jogando pela equipe que o selecionou na terceira rodada do Draft em 2010. Ele teve a chance de refletir sobre essas lembranças na segunda-feira enquanto dirigia para o centro de treinamento para treinar com o Saints, um dia antes de assinar o contrato.
“Eu me tornei um homem nesta cidade”, disse ele. “Significava tudo para mim jogar por esta cidade. Então, voltar aqui e (reviver) todas essas memórias incríveis, vitórias incríveis, pessoas incríveis e torcedores incríveis, é realmente especial.
“Fiquei muito emocionado por poder estar de volta, por poder colocar minha camisa de volta. Palavras não podem descrever como é ficar tanto tempo longe de algo que você ama.”
Graham ainda ama Nova Orleans tanto quanto a maioria dos torcedores na cidade ainda o adora. Algumas camisas nº 80 foram vistas na multidão na sexta-feira e no sábado, quando os torcedores foram autorizados a acompanhar os treinos, ao passo que a carreira de Graham, agora, fecha um ciclo.
Após a transferência que mudou sua carreira, ele passou três temporadas em Seattle, duas com o Green Bay Packers e depois mais duas com o Chicago Bears. Ele passou toda a temporada passada sem uma equipe e ficaria de fora nesta temporada e se aproximaria da aposentadoria se a chance de retornar ao Saints não tivesse surgido.
Apesar de ser cortejado por várias outras equipes, o recado de Graham para seu agente, Jimmy Sexton, foi clara: o Saints era o único time em que ele queria jogar.
“Se eu não me aposentar como um Saint, não vou jogar de novo”, disse Graham a Sexton. “Estou tentando voltar para casa há muito tempo.”
Seu retorno, no entanto, não é uma turnê de despedida. E não, ele não está aqui apenas para treinar, como presumiu o safety Tyran Mathieu quando viu Graham pela primeira vez nas instalações da equipe.
Graham deixa claro que planeja contribuir para uma equipe de tight ends que já tem Juwan Johnson, Taysom Hill e Foster Moreau. Ele, que foi escolhido duas vezes All-Pro e cinco vezes para o Pro Bowl, está mais magro agora, abaixo dos 129 quilos que tinha durante sua primeira passagem pelo Saints. Ele agora pesa 120 quilos. Porém…
“Ainda tenho 2 metros de altura e gosto da red zone“, disse Graham.
E ele disse que ainda pode enterrar a bola no Y depois de um touchdown se a liga não banir esse tipo de celebração.
“Acho que ainda serei capaz de enterrar quando tiver 50 anos”, disse Graham, que completa 37 anos em novembro.
Dennis Allen chama Graham de “o ajuste perfeito” para o Saints.
O gerente geral do Saints, Mickey Loomis, também pensa assim, e é por isso que os dois lados tiveram tantas conversas ao longo dos anos sobre uma eventual reunião.
Loomis descartou qualquer noção que os torcedores tivessem de que Graham era um mau companheiro de equipe.
“Ele nunca foi um problema no vestiário”, disse Loomis. “De forma alguma. Muito querido pela equipe técnica e pelos jogadores.”
É por isso que o Saints estava disposto a trazê-lo de volta, apesar de toda a conversa ao longo dos anos de que havia problemas entre Graham e a equipe por causa das negociações de contrato em 2014. Graham e o Saints tentaram uma mediação naquele ano por causa da franchise tag que o Saints colocou nele. Graham, que muitas vezes se alinhava como recebedor, queria ser designado como um wide receiver, uma posição de maior remuneração. O Saints o designaram como um tight end e venceram a mediação. Eles acabaram dando a Graham um contrato de quatro anos que o tornou o tight end mais bem pago da liga na época. Ele foi negociado após a temporada seguinte, e muitos culparam a negociação do ano anterior.
“Eu só não queria que colocassem a franchise tag em mim”, disse Graham no sábado. “Desejava um contrato longo, ter a certeza de que poderia cuidar de mim mesmo se acontecesse algo inesperado. Ficou fora de proporção. Todo mundo dizia: ‘Ele quer ser um wide receiver’. Não teve nada a ver com isso. Eu só não queria que colocassem a franchise tag em mim. Joguei com meu contrato de calouro e nunca pedi um dólar a mais.”
“Isso é tudo história agora. Foi há muito tempo e alguns contratos atrás. Só estou feliz por estar de volta.”
Seus novos companheiros de equipe também estão felizes em tê-lo de volta.
Moreau, em sua primeira temporada com o Saints, cresceu em Nova Orleans e Graham foi um dos jogadores que ele viu jogar de perto. Ele até tem uma camisa autografada de Graham em casa, e agora eles dividem um vestiário.
“É engraçado como as coisas funcionam”, disse Moreau. “Jimmy era fera. Ele ainda é, na verdade. Ele corre muito bem. Um tremendo talento, e estou feliz por compartilhar o vestiário com ele.”
Mas ninguém está mais feliz por estar na equipe de tight ends do Saints do que o próprio Graham. Ele citou os nomes de alguns de seus ex-companheiros de equipe, como Drew Brees, Marques Colston e o falecido Will Smith. Ele entende a cultura que esses ex-companheiros de equipe estabeleceram para definir o padrão que permanece até hoje. Aos 36 anos, ele sente que ainda tem muito a oferecer. Ele não liga para aqueles que acham que o jogo já não é pra ele.
“Eu definitivamente entrei nisso com uma sombra me pairando, tenho algo a provar”, disse Graham.
Ele não recebe um passe em um jogo oficial desde o final da temporada de 2021 com os Bears. Não jogar futebol americano por um ano, por mais estranho que ele diga que foi esse tempo ocioso, o rejuvenesceu.
“Agora estou me sentindo melhor do que nunca”, disse Graham. “Acho que tudo acontece por um motivo.
“Quando você está longe do jogo, você percebe o quanto você o ama. E quando você está longe deste prédio, percebe o quão especial este lugar é.”
Traduzido de: nola.com
Imagem de capa: ballysports.com