Os técnicos assistentes do Saints Ronald Curry e Curtis Johnson são a base da equipe que treina os wide receivers desde que Johnson retornou a New Orleans em 2017.
Na temporada passada eles viram Michael Thomas quebrar o recorde de 149 passes recebidos. Agora eles terão que descobrir o que podem fazer com um recebedor nº 2 sólido como Emmanuel Sanders.
“Eu acho que Sanders é uma adição bem vinda. Ele é um veterano, já esteve em jogos grandes. Jogou o Super Bowl ano passado”, disse Curry. “Ele já jogou com alguns grandes quarterbacks, (como) Peyton Manning. Assim, o ajuste com Drew (Brees) será fantástico. A liderança como veterano é algo muito esperado. Eu acho que um dos melhores atributos de Ted Ginn Jr era sua liderança no vestiário, eu acho que com a partida dele, Sanders pode se encaixar nisso. Ele é um talento especial e único. Eu acho que ele e Drew vão se dar bem logo de cara.”
Enquanto o Saints ainda se mostra curioso com o potencial de alguns jovens recebedores, o jogador que o time está mais ansioso para ver em campo é Sanders. Ao passo que Curry disse que é difícil enxergar uma posição exata para ele antes de vê-lo praticando, eles fizeram uma alusão a algo similar ao tempo em que jogou com Manning em Denver.
“Ele é um jogador de transição; queremos que a bola chegue nele, temos uma visão dele em terceiras descidas, ou mesmo vencendo as marcações um contra um na red zone“, disse Curry. “Sentimos que ele vai se adequar como Ted Ginn, um veterano que estará lá para Drew no lugar certo e no momento certo. Drew é uma pessoa com quem ele precisa trabalhar muito. Não importa quem chegar aqui, ele (Brees) gosta de encontrar os meios de trabalhar com os caras e desvendar sua linguagem corporal, ver como eles entram e saem das rotas. Temos uma visão de Sanders em terceiras descidas e de como usá-lo, talvez tirando algumas das utilizações com Kamara e optando por algumas coisas que Ted Ginn fazia, movimentações duplas… rotas transicionais. Tem muita coisa neste ataque… mas também precisamos ver com o que ele é capaz de lidar primeiro.”
Numa entrevista para uma mídia local, os técnicos de wide receivers também falaram sobre alguns dos jovens jogadores e qual o próximo passo para Thomas.
The Athletic está fazendo uma série de artigos com os técnicos do Saints durante a pré-temporada. (Leia o artigo com o técnico de linha ofensiva, Dan Roushar, aqui, com o coordenador defensivo, Dennis Allen, aqui, com o técnico de secundária, Aaron Glenn, aqui, com o técnico de tight ends, Dan Campbell, aqui e com o técnico de linebackers, Michael Hodges, aqui).
Harris provavelmente terá um papel maior no ataque
O wide receiver Deonte Harris tem sido um dos melhores free agents calouros não draftados dos últimos tempos.
Harris confirmou um lugar no roster como retornador na temporada passada, mesmo tendo que lidar com problemas no tendão intermitentes, e ao final da temporada, ele era um All-Pro.
Mas ele participou de apenas 6% dos snaps ofensivos da temporada regular, o que foi intencional, não apenas por causa das lesões, mas também porque os técnicos queriam ir devagar com ele.
“Nós gostamos de ir devagar com os mais jovens, nós o colocamos em uma posição, meio que dando suporte a Ted Ginn fazendo alguns reverses e coisas dessa natureza”, disse Curry. “Mas estávamos apenas o conhecendo melhor. Ele perdeu muito tempo de training camp por conta do tendão. Foi um processo lento para ele, e agora é difícil não ter uma pré-temporada de verdade. Desse modo, tem sido complicado dizer o quanto ele cresceu, mas eu tenho toda certeza de que ele vai trabalhar bastante… Ele vai chegar e seu papel vai ser expandido. Quem faz parte deste ataque, ou mesmo desse time, sabe que os caras desempenham bem seu papel, e nós temos 30 dias para descobrir que tipo de papel será o dele.”
Harris mostrou que pode ser uma arma ofensiva quando fez a recepção do passe de 50 jardas de Taysom Hill contra o Vikings, nos playoffs da temporada anterior, numa jogada que foi desenhada especificamente para ele. No começo da temporada, Harris estava em uma baixa posição na hierarquia de recebedores.
“Não é porque o jogador não é bom. É mais porque, quando estamos desenhando o ataque, pensamos primeiro em Mike, e provavelmente, em seguida, em Cook, depois em AK”, disse Curry. “No momento em que se tem estes caras, é como no basquete, primeiro se pensa em LeBron, LeBron e LeBron, até que ele passe para alguém no canto arremessar. As jogadas não são desenhadas para esses caras, a bola simplesmente os encontra, é assim o nosso ataque (funcionando). Um monte de jogadas não são desenhadas para Tre’Quan ou Shorty B (Harris), mas, eventualmente, a marcação vai dobrar em Mike, vai dobrar em Cook, e aí alguém vai aproveitar a chance e a bola vai chegar até ele.”
Os técnicos agora precisam descobrir como utilizar a velocidade de Harris enquanto protegem seu físico de 1,70 m e 77 kg, ele que é um dos melhores recursos dos special teams.
“Eu não vejo sua estatura como uma limitação”, disse Curry. “Sabíamos que esta seria sua função (como retornador)…”
“Em breve, seu papel vai ser mais importante, simplesmente porque ele já está aqui há um ano e será capaz de competir. É mais ou menos a mesma situação envolvendo os números dos recebedores que estão de volta, mas ele é um talento especial. Caras com a estatura dele já tiveram muito sucesso nesta liga.”
Thomas em mais um ano com quebra de recorde?
Quando perguntado como será o ano de Thomas depois da temporada do recorde, Johnson tinha uma resposta na ponta na ponta da língua.
“Bem, é melhor que ele quebre mais alguns recordes. Esta é a melhor coisa que ele poderá fazer”, disse Johnson, rindo. “Veja, eu acho que Michael Thomas é um estudioso do jogo. Ele é um cara do futebol americano, é viciado nisso. Ele ama futebol americano, é um cara esperto. Eu gostaria que ele bloqueasse um pouquinho melhor. Nós podemos trabalhar com isso, vamos tentar isso com ele. Mas no ano passado, ele realmente deu um salto, ele realmente jogou em todas as partes do campo e fez tudo que nós pedimos que fizesse. Ele também pode melhorar em receber todas as bolas, em vez de soltar uma ou duas.”
Johnson, 58 anos, que é técnico desde os anos 1980, disse que Thomas está entre os melhores jogadores que ele já treinou.
“Ele é grande como Andre Johnson e Yatil Green, que são provavelmente dois dos maiores, ele tem mãos como Reggie Wayne e pode criar separação como Santana Moss”, disse Johnson. “Ele não é tão rápido como Devery (Henderson) ou (Robert) Meachem, assim, não vou colocá-lo nesse patamar, mas ele está ali perto do topo. Eu nunca vi um cara grande tão corajoso como ele e que pode criar separação do jeito que ele faz.”
Johnson disse que o jogador de 27 anos cresceu aos trancos e barrancos desde seu primeiro encontro com ele no Scouting Combine em 2016, quando Johnson estava no Bears. Johnson disse que não era muito seu fã a priori e não se lembra de ter ficado espantado quando descobriu que ele tinha se reunido com o Saints.
“Ryan Pace (GM do Bears) me disse ‘Olha, nós queremos esse cara. Queremos ver do que ele realmente é capaz.’ Eles tinham ouvido alguns rumores em Ohio State, se ele era bom ou ruim, sei lá, então, antes da entrevista estávamos batendo papo, eu vi que tinha jogado a isca, e então, na entrevista, eu fiz um interrogatório”, disse Johnson. “Mas Mike e eu estamos bem agora. Nós estamos muito, muito bem. Recentemente, ele comprou um lindo presente de aniversário para minha esposa, assim sendo, tenho que dizer que Mike é o meu favorito, hoje.”
Ele acrescentou: “Eu tenho visto sua personalidade vir à tona cada vez mais. Ele é um líder por exemplos. Ele faz algumas coisas que eu ainda não gosto, mas, OK. Mesmo assim, esse cara é um tremendo líder. Ele está sempre à disposição, sempre o primeiro da fila. Ele vai mostrar pra todo mundo que ele é o melhor, e eu amo treiná-lo. Ele é, simplesmente, um cara incrível para se treinar.”
Johnson disse que Thomas esteve treinando com Andreu Swasey, que também treina Kamara.
“Ele sempre vai nos ligar, ele é como nosso terceiro filhinho. Ele nos liga o tempo todo, nos irritando sobre um monte de coisas. Mas sabemos que ele está destinado a ser grande”, disse Johnson. “Nós nunca nos preocupamos com Mike. Ele sempre estará em boa condição física. Ele vai pegar a bola e fazer jogadas. Ele ama futebol americano e é uma boa pessoa.”
Os técnicos acham que Smith vai estourar logo
Smith não atendeu exatamente às expectativas públicas que recaíram sobre ele depois de sua temporada de estreia. Mas seu nome surgiu espontaneamente várias vezes durante entrevistas com os assistentes do Saints, mostrando que, em seu terceiro ano na liga, a crença dos técnicos nele é alta.
“Eu adoro Tre’Quan. Eu já o adorava quando ele veio do College. Eu passei muito tempo assistindo a vídeos dele antes de decidirmos pegá-lo no draft. Ele é um jogador único. Como eu disse anteriormente, todo mundo acaba exercendo alguma função”, disse Curry. “Tre’Quan tem pernas finas e braços finos, mas ele é mais forte do que se pensa. Ele é inteligente e conhece o jogo. O futebol americano significa algo pra ele. Ele trabalha bastante, apenas precisa continuar jogando, continuar recebendo oportunidades, corrigir seu posicionamento. Uma vez que ele fizer isso, eu acho que ele será um pouco mais explosivo. Ele será ótimo, a gente brinca com isso o tempo todo.”
“Ele é um jogador especial. Ele precisa apenas de algumas oportunidades, e muitas pessoas acham que não precisamos de jogadores porque Mike Thomas pega tudo, Mike Thomas é um craque, e Tre’Quan fica meio chateado, mas não é sobre não ter um bom jogador do outro lado, é sobre Mike Thomas simplesmente receber um monte de passes. Mas ele (Tre’Quan) aguenta, o treinador pega pesado com ele às vezes, mas ele treina duro. Acho que ele precisa continuar se mostrando, quando a oportunidade vier, nós vimos ano passado, o jogo em que Drew quebrou o recorde (de jardas)… Quando a oportunidade se apresentou, ele estava pronto para a ocasião, cara. Na minha opinião, ele só precisa de mais oportunidades.”
Houve ainda uma lesão no tornozelo na Semana 2, contra o Rams, que o conteve um pouco. Aquilo o limitou a 11 jogos na temporada passada. Mas se eles puderem utilizar seu talento como bloqueador e colocá-lo na posição correta este ano, os técnicos acham que ele pode ser especial.
“Qualquer estorvo para um jovem jogador em seu segundo ou terceiro ano acaba sendo muito significativo”, disse Johnson. “Outra coisa que eu diria sobre ele também: nós o movemos de outside receiver para inside receiver por necessidade. Ele tem sido excelente fazendo estas coisas… Acho que seu crescimento será drástico e ele terá uma temporada espetacular. Podem anotar!”
Butler terá que cavar sua vaga nos special teams para fazer parte do time
Emmanuel Butler criou um burburinho no training camp da temporada passada, mas nunca foi além para permanecer no roster de 53 jogadores. Se ele quiser fazer parte do time nesta temporada, ele terá que achar uma função relevante nos special teams.
“Nós o vimos no training camp fazendo um monte de jogadas, mas então ele sofreu a lesão, que o atrasou bastante, ainda mais que a pré-temporada estava prestes a começar. Teria sido ótimo vê-lo continuar a crescer”, disse Curry. “Mas ele é um bom garoto, treina muito, adora treinar. Acontece que temos um grande grupo. Às vezes estamos falando bem de um jogador, mas nós poderíamos falar de todos eles. Acho que ele precisa crescer um pouco nos special teams e dar continuidade ao que vem fazendo, se apoiar nisso para crescer. Ele estava no Arizona trabalhando naquilo que precisamos que ele faça para nos ajudar no próximo ano.”
(Stephen Lew / Getty Images)
Traduzido de: theathletic.com