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Cinco fatores que colocam o Saints como candidato ao Super Bowl LV

Cinco fatores que colocam o Saints como candidato ao Super Bowl LV

Se há algo que combina com o New Orleans Saints mais do que Drew Brees e Michael Thomas, é a expressão “morrer na praia”.

As estatísticas apontam que, nos últimos anos, o time é um peixão na temporada regular, mas incapaz de respirar ao alcançar as areias quentes dos playoffs. Aos torcedores, restam apenas suspiros.

Mesmo com todas as adversidades que a próxima temporada traz, comissão técnica e jogadores estão muito confiantes de que esta é a temporada, pois, muito provavelmente, será a última sob o comando de Brees no ataque. Os movimentos da diretoria na free agency e no draft ilustram este desejo perfeitamente, ao trazer jogadores mais experientes, como Emmanuel Sanders e Malcolm Jenkins, e, ao buscar poucos, mas valiosos calouros no draft, como a escolha de primeira rodada Cesar Ruiz, para reforçar uma linha ofensiva que precisa estar ainda mais afiada na proteção a um quarterback que já passa dos 41 anos.

Esta seria então a última oportunidade de Brees conquistar seu segundo título. Mesmo detendo vários recordes na liga, como o de jardas aéreas e passes para touchdowns, existe entre os torcedores o sentimento de que seu reconhecimento deveria ser maior – mas as mesmas mãos que lançaram para mais de 77 mil jardas carregam apenas um anel de campeão.

Em busca de uma temporada histórica, o Saints desponta como favorito. É um dos melhores elencos da liga, com defesa e ataque jogando em alto nível há algumas temporadas. Podemos citar cinco fatores que colocam o Saints como candidato a estar presente no dia 7 de fevereiro, em Tampa Bay, para a disputa do Super Bowl LV.

1. Um dos melhores ataques da NFL dos últimos 14 anos pode ficar melhor ainda

Desde 2006, o ataque do Saints conquistou mais jardas (89.642) do que qualquer outro time na NFL. Também foi o time que cedeu menos sacks (339), tem o maior percentual de terceiras descidas convertidas (46,3) e a maior quantidade de jardas aéreas (290,8 por partida). Além disso, ficou em segundo lugar (atrás do Patriots) em pontos marcados (27,9 por jogo) e primeiras descidas (5.083). Porém, enquanto a franquia de Foxboro venceu três Super Bowls neste período, o Saints conquistou apenas um.

Nas últimas três temporadas, o Saints foi a equipe que mais venceu jogos na liga, vencendo a NFC South em todas. É claro que isso também se deve a uma defesa mais sólida, mas a influência do ataque neste sucesso recente é evidente, como mostram as estatísticas apontadas acima. O feito é ainda mais admirável se levarmos em conta que o time contou com apenas um wide receiver confiável de fato: Michael Thomas.

Thomas quebrou o recorde de recepções em uma única temporada ano passado e teve outros números fantásticos. Mas há quem diga que esse ótimo desempenho se deve, em partes, à dependência do ataque com relação ao jogador. Para se ter uma ideia, em 2019, Thomas foi o alvo em 31,8% dos passes. Ou seja, o jogador era o alvo em praticamente 1 de cada 3 passes lançados. E ele conseguiu impressionantes 80,5% de recepções. O problema é que, em partidas em que a marcação no jogador dobrou, o ataque sofreu bastante, justamente por não ter peças que pudessem chamar a responsabilidade ou, no mínimo, evitar os drops (sim, Ted Ginn Jr, estamos falando de você).

Por isso, o Saints fez um movimento muito interessante na free agency: trouxe Emmanuel Sanders, ex-49ers, para ser o WR nº 2. O próprio jogador e seu agente procuraram o Saints com o interesse de fazer parte do time. Ora, as melhores performances de Sanders foram no período em que jogou ao lado de Peyton Manning; portanto, por que não apostar em uma parceria com um futuro Hall da Fama em New Orleans?

Por causa da redução dos treinos de pré-temporada, Brees viajou para Denver com o intuito de conhecer melhor seu novo recebedor, e durante dois dias eles treinaram juntos em alguns passes e rotas. Claro que isso não é suficiente, e a química entre eles deve ser meio desajustada no início. Mas a experiência do jogador de 32 anos certamente será um facilitador. Além do mais, trata-se de um jogador acostumado a estar em jogos grandes, que é exatamente do que o Saints precisa nesta temporada.

Quanto ao jogo terrestre, a questão inevitável desta temporada é: Alvin Kamara conseguirá ser brilhante novamente? O jogador revelou que jogou grande parte da temporada anterior lesionado. Outro ponto: Kamara sabe que, se quiser um contrato nos moldes de Christian McCaffrey, precisa arrebentar este ano. A julgar pelos treinos físicos “malucos” que o jogador costuma divulgar, um Kamara saudável será uma arma muito poderosa em 2020 (curiosidade: Michael Thomas também vem treinando com o mesmo especialista).

Há ainda a expectativa de que Deonte Harris, que estreou muito bem, apareça mais no ataque. Taysom Hill ganhou um novo contrato. Latavius Murray cumpriu seu papel quando precisou substituir Kamara e Jared Cook foi ganhando entrosamento até se estabelecer como peça importante do ataque. O que já era (muito) bom pode (e deve) ficar ainda melhor.

2. Brees quer um braço forte

Uma das principais críticas com relação ao jogo de Brees, pelo menos nas últimas temporadas, está na (falta de) capacidade do jogador de conseguir passes em profundidade. E elas não são infundadas. Em 2019, sua média de jardas alcançadas por passe foi de apenas 6, 7 jardas da linha de scrimmage, o que o colocou em 36º lugar entre 39 QBs. E apenas 4,2 dropbacks resultaram em passes completados no fundo do campo, deixando-o em 20º lugar na liga.

A probabilidade de esta ser a última temporada de Brees é tão grande quanto a probabilidade do Saints ter um jogo desastroso contra o Falcons. Por isso ele quer estar bem e jogar para vencer o Super Bowl. Como mostra esta reportagem do The Athletic, Brees buscou o auxílio de Todd Durkin e Tom House, treinadores parceiros de longa data, com o objetivo de otimizar sua forma física e melhorar o passe em profundidade. Uma de suas metas nesses treinos era conseguir um passe de 60 jardas.

Durkin também trabalhou em seus membros inferiores. “A força do seu braço não vem do braço em si, mas da parte inferior do seu corpo”, disse Durkin. Com os treinos, Tom House disse que ele estava lançando para “45, 50 jardas como se tivesse 25 anos de novo”.

Se o desempenho de Drew Brees realmente crescer nesse aspecto, com a adição de Sanders e a ultilização de Deonte Harris em rotas de velocidade, o mix de jogadas que este ataque poderá criar será enorme, aumentando ainda mais as chances de chegar ao Super Bowl LV.

3. Se o “olho” de Ireland continuar apurado, o Saints pode confiar em seus calouros

O blog já mostrou aqui como Jeff Ireland tem transformado o Saints em uma máquina de draft, sendo um dos melhores – senão o melhor – time da liga neste aspecto. Dos 22 jogadores titulares do jogo no wild-card contra o Minnesota Vikings na última temporada, 12 foram aquisições de Ireland, que chegou ao Saints em 2015.

Este ano o time optou por menos escolhas, focando nas necessidades imediatas de um roster já muito qualificado. Na primeira rodada, o C Cesar Ruiz foi selecionado; Zach Baun, LB e Adam Trautman, TE, na terceira rodada; por fim, na sétima rodada, o QB Tommy Stevens, vencendo uma eletrizante disputa com o rival Panthers, que o blog contou aqui (O QB foi dispensado no Sábado, 05/09/2020, no primeiro corte obrigatório do elenco).

A escolha de primeira rodada mostrou o quanto Payton e companhia estão preocupados com a proteção ao veterano Brees, ainda mais depois da dolorosa (mais uma) eliminação para o Vikings, quando a OL deixou Drew em apuros. Ruiz chega para deixar a linha mais jovem e atlética (uma melhor análise do jogador pode ser lida aqui). No training camp, vem revezando com McCoy nas posições de center e right guard. Com pouco tempo de preparação, é possível que o segundanista seja mantido como center titular, já que a posição demanda um entrosamento maior com o quarterback.

Zach Baun chega como promessa de, ao menos, compor a rotação dos LBs que formam dupla com Davis. O técnico de LBs, Michael Hodges, tem feito elogios. Ele também tem participado bem no training camp até aqui.

Quem pode surpreender mesmo é Trautman. Um jogador muito atlético, que vem treinando tanto de tight end “Y” (bloqueador) como “F” (mais flexível). Se mostrar uma adaptação rápida, pode ser que esteja presente em alguns snaps logo de início.

Considerando que o “olho” de Ireland e sua equipe tem sido bastante preciso, a expectativa com relação a esses calouros começa alta.

4. Menor tempo de preparação é menos prejudicial para o Saints

A pandemia de COVID-19 alterou drasticamente toda a preparação para a temporada 2020 – e ainda não se sabe o quanto ela vai afetar seu andamento.

Antes do training camp ter início, jogadores e comissão técnica dos times se reuniram diariamente por videoconferência, para que os técnicos pudessem passar todas as instruções quanto a esquemas, jogadas e posicionamento. O problema, óbvio, é que os técnicos não podem ver, na prática, se os jogadores assimilaram essas instruções. E num esporte em que os menores detalhes importam, essa ausência de treinos faz muita diferença, principalmente quanto aos calouros e recém-chegados.

E é por isso que o Saints leva certa vantagem com relação à maioria dos times: seu roster é muito similar ao da temporada anterior. Imagine, por exemplo, que Brady e o ataque do Buccaneers inteiro teve que estudar todas as rotas – pra ficar só nisso – apenas pelo papel. Sintonia entre linha ofensiva e quarterback? Só pelas janelinhas do computador.

O fato do Saints ter optado por jogadores mais experientes na free agency vai ajudar muito neste aspecto, pois a adaptação destes jogadores deve ser mais fácil. Além disso, são peças pontuais, adições que vieram para deixar o time mais competitivo, ao contrário de outras equipes que precisam basear seu jogo em posições específicas com jogadores recém-chegados.

As primeiras semanas desta temporada atípica devem ser bem difíceis para alguns times, já que também não haverá amistosos de pré-temporada. Não será surpresa ver partidas com placares bem expressivos (pela falta de ajustes nas defesas) ou mesmo o contrário, com poucos pontos (pela desarmonia do ataque). Se o Saints conseguir engatar uma sequência de vitórias neste período, o título de divisão e a consequente classificação para os playoffs estarão bem encaminhados.

5. Super Bowl or bust

Esta expressão foi utilizada pelo left tackle Terron Armstead no início do training camp. Poderia ser traduzida para algo como “Super Bowl ou desastre”. Esta é a mentalidade em New Orleans para 2020: a temporada terá sido um fracasso completo se os jogadores não puderem erguer o troféu Vince Lombardi no dia 7 de fevereiro de 2021, em Tampa.

Em junho, seu companheiro Michael Thomas utilizou a expressão em um tweet:

O Saints teve boas chances de vencer o Super Bowl nas últimas três temporadas, mas sequer chegou lá. A frustração por fazer temporadas regulares tão promissoras e depois ser eliminado de forma tão cruel persegue o torcedor. Mas ele pode estar se perguntando: essa mentalidade não deveria ser a tônica em todos os anos anteriores?

Sim e não. Sim, o Saints tinha um elenco forte, conseguiu grandes vitórias e é um adversário duro quando joga no Superdome. Era um dos favoritos ao título e continua sendo. Mas a diferença para esta temporada é o “last dance” de Drew Brees. Mesmo com Sean Payton e um elenco forte, não dá para colocar este time como favorito em 2021 se não há sequer uma definição de quem será o quarterback.

Ou seja, não se trata apenas de ver Drew Brees se aposentando como campeão, e tendo um maior reconhecimento por isso; acontece que os jogadores sabem que, sem ele, esta conquista fica muito difícil de ser alcançada.

Na primeira semana de setembro, jogadores, comissão técnica e funcionários, num total de 150 pessoas, vão se mudar para o Loews New Orleans Hotel, que não receberá outros hóspedes. A ideia é mitigar os riscos de contaminação por COVID-19. Não é mandatório, mas tudo indica que a grande maioria deve aderir. Claro que a saúde dos seus atletas e funcionários é prioridade total, mas é evidente que o impacto de um possível contágio dentro do time poderia causar o “desastre”.

Não se sabe como esta temporada vai acontecer, se jogos terão que ser adiados, se haverá torcida, se o calendário será mantido, se a temporada vai terminar, na verdade. O que se sabe é que o Saints vê nela uma boa oportunidade de conquistar o segundo Super Bowl de sua história – e tem várias ferramentas para isso.

Fontes: theathletic.comtheathletic.com, theathletic.com, espn.com

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