COLUNA DO ZÉ: O Time do Garbage Time!
COLUNA DO ZÉ: O Time do Garbage Time!
Por José Eduardo Zanon
Salve, torcedor dos Saints!
Ah, como é gostoso vir escrever sobre um resultado esperado. Óbvio, eu diria. É muito mais tranquilo, a gente nem passa (tanta) raiva. Afinal de contas, até a minha mãe que nunca assistiu mais de dois quartos de um jogo de futebol americano tinha certeza que o New Orleans Saints perderia para o Detroit Lions nessa temporada. O placar foi de 33 a 28, mas ele passa a falsa impressão que foi um jogo apertado. E não foi.
Aliás, o jogo, na verdade, acabou com menos de 7 minutos do primeiro quarto. Pois é. Nesse curto espaço de tempo, Detroit já tinha entrado na endzone dos Saints correndo com David Montgomery e com Sam LaPorta e Amon-Ra St. Brown em passes do quarterback Jared Goff. Placar de 21 a 0 para os Lions, num piscar de olhos.
E o que os Saints fizeram nesse meio tempo? O quarterback Derek Carr entregou uma interceptação (quase toda culpa do tight end Juwan Johnson) e o punter Lou Hedley devolveu uma bola na linha de 46 jardas dos Lions depois de um three-and-out.
Daí para a frente foi um festival de boa parte da torcida pedindo para o Detroit Lions e seu head coach Dan Campbell (que teve longa passagem por New Orleans) não terem piedade dos Saints, para ver se com a humilhação as coisas mudariam. A outra parte da torcida desistiu e foi jogar Ludo com a família.
Tudo dentro do esperado. Previsto muito bem pelo nosso jovem brilhante Ivan Martins no pré jogo (que se você não viu antes, pode conferir clicando aqui). Eu, particularmente, estava cuidando dos gêmeos e tomando uma cervejinha, fiquei só compartilhando as indignações nos grupos de Telegram e WhatsApp. Aliás, se você quer vir para o grupo do Telegram, nos procure nas redes sociais. Vai ser divertido, eu garanto.
Fim de jogo, certo?
Os Saints anotaram um touchdown no começo do segundo quarto, num passe de seis jardas para o veteranaço Jimmy Graham. Mas tudo a partir de agora, aconteceu depois que os Lions já sabiam que tinham vencido a partida. Eles relaxaram, tanto no ataque quanto na defesa, e os Saints começaram a brilhar no Garbage Time. Como vem acontecendo nas últimas semanas.
Uma boa para quem tem jogadores dos Saints nos seus times do fantasy football. Eu, por exemplo, fico feliz de ver Taysom Hill e Alvin Kamara pontuando. Kamara fez 31,5 pontos e Hill fez 15,4 (está ótimo – ele figura em décimo no ranking de todos os tight ends). Além deles, Chris Olave também pontuou bem, mas abaixo do seu potencial – tomara que os Saints não desperdicem o talento desse jovem recebedor.
Alvin e os esquilos?
Isso porque com seus dois touchdowns no jogo, Alvin Kamara subiu para a primeira posição no ranking da história da franquia em touchdowns corridos, um a mais que seu ex companheiro de equipe Mark Ingram, o terceiro. Foram duas corridas curtas, uma no começo do terceiro quarto e a outra no meio do quarto quarto, colocando números finais no placar.
Kamara também é líder da franquia em touchdown totais, estabelecendo essa marca no início desta temporada, e em jardas de scrimmage. Kamara é lindo, Kamara é maravilhoso.
Alvin Kamara está literalmente carregando o time. Junto com Taysom Hill e Chris Olave, forma o trio de ataque que escapa das minhas críticas. Os três vem desempenhando bem, apesar de todo o ataque dar claro sinais de ser mal treinado e mal gerenciado. Um caos divertido, como o filme que dá nome a esse capítulo.
Resposta à torcida?
No final do jogo, os Saints haviam marcado quatro touchdowns. E nenhum field goal. Comparado ao time que marcou apenas cinco FG no último jogo, foi um avanço, né? Você até pode achar que foi. Eu continuo achando que foi no garbage time. Nada muda.
A equipe, principalmente os técnicos Pete Carmichael e Dennis Allen, vem sendo duramente criticada pela torcida nas redes sociais. Torcida e imprensa não estão perdoando o mal desempenho de um time que está muito abaixo. Carr e seus constantes fracassos na red zone também tem sido muito questionados.
Carr sofreu mais um fumble, logo no snap, recuperado dessa vez pela defesa dos Lions, na linha de 25 jardas d campo defensivo. Resultado? Mais um touchdown, agora com o recebedor Jameson Williams numa corridinha engraçadinha.
Viu, New Orleans Saints? Dá para ter chamadas criativas no ataque!
Isso foi logo depois de os Saints começarem a colocar pressão no placar, com um touchdown corrido de Taysom Hill o jogo estava 24 a 21 para os Lions. A resposta veio em seguida, com um field goal e o touchdown depois do fumble. Então o jogo que estava morto, virou um calor momentâneo e morreu logo em seguida.
A esperança, sempre ela?
Confesso que quando Hill anotou seu TD, eu mudei de humor e comecei a torcer pela virada. Achei que dava. Placar apertado, momento todo para os Saints. Torcida que estava protestando começou a apoiar novamente. Pronto, olha ela aí de novo.
Sim. Ela. A esperança. E como é a esperança que mata o torcedor dos Saints, ela não poderia deixar de aparecer nesse jogo. Quando os Lions não anotaram a conversão para dois pontos depois do último TD, e ficaram com apenas 33 pontos no placar, pronto. Agora vai.
Tudo bem, era o quarto quarto, mas ainda tinha tempo. Tanto que Kamara anotou seu segundo touchdown, num drive conduzido por Hill e Jameis Winston, depois de uma lesão na cabeça, ombro (joelho e pé) e costelas de Derek Carr. Sem Carr a esperança aumentou ainda mais, hehehe.
Mas foi só isso. Mesmo a defesa segurando o drive seguinte dos Lions, um turnover on downs melancólico, já no campo de ataque, decretou o fim do jogo, pois os Lions só correram bem com a bola na sequência e fim de jogo.
É nessas horas que me pergunto “por que eu torço pros Saints mesmo”?
E agora, José?
Então, foi isso. Mais uma derrota, essa até previsível, mas o time que tinha a tabela mais fraca de toda a liga já está com uma campanha negativa, agora com apenas 5 vitórias e 7 derrotas. Caímos para terceiro na divisão, atrás de Atlanta Falcons e Tampa Bay Buccaneers, que venceram essa semana.
Se parar para pensar positivamente, estamos atualmente com a 9ª escolha (NONA!) no draft de 2024. Se fosse uma franquia séria, que pensa no futuro, aí estaria uma coisa para se considerar com muito carinho. Tem uns bons quarterbacks na classe do próximo draft (Jayden Daniels de LSU, que tal? Hein, Mike Loomis?).
Mas não somos uma franquia que planeja o futuro. Vivemos apenas de passado. E se for lutar pelo presente, ainda temos muitas chances de classificação em primeiro lugar da divisão sul da NFC, basta vencer a maioria dos cinco jogos que restam, e vencer Tampa e Atlanta no caminho. Seriam vitórias bem possíveis, se não fosse pela comissão técnica atual.
Na próxima semana, a semana 14 (mas já?), enfrentaremos o Carolina Panthers no Caesars Superdome. Tem tudo para ser uma vitória fácil do New Orleans Saints. Eu acho uma pena. Ao menos não será televisionado, como os dois últimos jogos.
Sei que é difícil, nem é legal, ficar torcendo para o time que a gente gosta perder. Mas talvez pensar num futuro fosse melhor. Mas com a direção e a comissão técnica atual, fica difícil imaginar esse futuro melhor.
Enquanto isso, mais uma vez, a gente fica passando raiva e se sentindo frustrado, semana após semana. Mas vamos lá. Domingo tem mais.
Bora, Saints!
Foto da capa: Taysom Hill em um de seus vários momentos Forrest Gump. (Michael C. Herbert / New Orleans Saints)
Venha me ver falando bobagem e sofrendo com o New Orleans Saints em outros lugares, no antigo Twitter e no Instagram.