Coluna do Zé: Onde é o limite?

Coluna do Zé: Onde é o limite?
Salve, torcedor dos Saints!
O que você faz por aqui? Veio verificar minha saúde mental? Talvez fosse uma boa eu procurar um psiquiatra, nem seria caso de psicólogo.
Só na base de muitos remedinhos para ser torcedor do New Orleans Saints e não ficar insano. Pra mim, insanidade define o torcedor dos Saints. Ainda bem que eu sou torcedor do Baltimore Ravens. Sempre fui.
E pouco importa, agora, que o Thursday Night Football tenha sido especial, com a volta de Sean Payton, o maior técnico da história dos Saints, ao Superdome, e com uma bela homenagem, no intervalo do jogo, a Drew Brees, maior jogador da história dos Saints, que foi colocado no Hall da Fama do time.
Se eu pudesse usar um neuralizador para apagar minha memória, como no filme MIB – Homens de Preto, sim, eu usaria para apagar as memórias que tenho dessa derrota por 33 a 10 para o Denver Broncos.
Memórias ruins sem limites
Eu me programo para escrever a Coluna do Zé toda terça-feira de manhã, quando a semana da NFL acabou, e sempre posso comentar com algo que vi em todos os jogos, se precisar.
Mas por que estou falando sobre isso aqui? Porque hoje, especificamente hoje, acho isso uma benção. Questão de boa sorte, até.
Como o jogo foi na quinta-feira passada, há cinco dias, fui abençoado pela minha memória de peixe, e já me esqueci de muita coisa que vi naquele jogo.
O pouco que me lembro não é bom. É muito ruim. Foram pouco mais de três horas de um sofrimento desnecessário para o torcedor dos Saints que se importa e não desligou a TV, mudou de canal, fechou a transmissão do streaming ou saiu mais cedo do Caesars Superdome.
Me lembro de um time de preto e dourado sendo anulado, humilhado em sua casa, por um time que tinha uma missão, dada por seu treinador, muito bem executada. Ele sabia o que precisava fazer para vencer. E foi lá, e fez.
Saudades de você, Sean Payton.
Porradaria sem limites
Eu não sei o que Spencer Rattler fez nessa vida pra merecer isso. Mas eu cheguei a ficar com um pouco de dó dele.
Se os Saints tinham uma linha ofensiva destroçada por lesões e péssimas escolhas e um calouro na posição de quarterback, apenas em seu segundo jogo como titular, o problema não era dos Broncos.
Rattler tinha duas opções, basicamente. Correr pela sua vida ou apanhar. Não tinha tempo pra muita coisa. Com isso, ele fez péssimas escolhas o jogo todo.

O Denver Broncos enviou blitz do começo ao fim do jogo. Às vezes nem era blitz, era só uma pressão com três ou quatro jogadores mesmo que chegava no quarterback, que não tinha nada, nenhuma proteção, nem dos lados nem do meio.
Mesmo assim, ele fez o que pode. Acertou 25 de 35 tentativas de passe para 172 jardas, e correu para 34 jardas; só que sofreu dois fumbles, o segundo retornado para touchdown no último quarto do jogo, numa jogada digna de Os Três Patetas.
Não sei dizer qual a porcentagem de “culpa” de Rattler nessa depressão que foi o ataque. Os Saints jogaram sem os recebedores Chris Olave e Rashid Shaheed (esse último com uma lesão no joelho, fora da temprorada). Mas ele mostrou muito desespero e despreparo para a função, principalmente com a quantidade de pressão imposta no decorrer do jogo.
Se ele tem potencial, se ainda tem futuro? Não sei. O cosplay de Patrick Mahomes de New Orleans precisa mostrar muito mais que isso.
Passividade sem limites
Se o ataque parecia incapaz de fazer alguma coisa no jogo, talvez coubesse à defesa fazer alguma coisa. E ela fez.
Entregou o jogo numa passividade inexplicável. Outra vez. Deu a impressão de que eles estavam lá para fazer aquilo mesmo. Uma impressão de que é uma defesa mal treinada, mal preparada, mal desenhada, mal posicionada no lance a lance. Proibido acertar um tackle. Proibido acertar uma cobertura.
Há uma suspeita geral de que esse desempenho ruim esteja relacionado a uma má vontade para com o treinador Dennis Allen. Que estariam fazendo isso para derrubar o treinador. Eu já disse que Dennis Allen nem deveria estar lá ainda. Acredito que os jogadores do New Orleans Saints pensem o mesmo. Com algumas exceções, claro.

Mas para muito além das lesões – lesões demais – que vão servir de desculpa para um treinador ruim, parece mesmo uma falta de vontade de ganhar. Em tempo, Paulson Adebo sofreu uma fratura no fêmur e Marshon Lattimore sentiu o posterior da coxa.
A defesa não faz ajustes, e aceita passivamente a dominância do ataque do time rival.
Mesmo sendo um ataque patético liderado por Bo Nix. O quarterback novato causou tanto dano com as pernas (75 jardas) quanto com o braço (164 jardas), e Denver tem agora campanha positiva (4-3).
O running back de Denver, Javonte Williams, teve duas corridas para touchdown e o ex-kicker do Saints, Wil Lutz, teve quatro field goals (46, 32, 52 e 38 jardas), num jogo de vingança em que a lei do ex se mostrou implacável e infalível.
Nostalgia sem limites
O único alento do torcedor dos Saints, o único momento de paz, foi repleto de nostalgia. Uma saudade que dói mais ainda se você assistiu o primeiro e o segundo tempo do jogo, que ficaram muito em segundo plano nesse Thursday Night Football.

Como alertei na última quinta-feira no meu texto especial sobre a homenagem a Drew Brees, conduzido ao Hall da Fama do New Orleans Saints, o jogo realmente ia parecer de pouca importância.
Foi uma cerimônia simples, rápida, mas repleta de emoções, algumas contraditórias. Todos felizes de ver o maior jogador ali, o ídolo, sendo devidamente homenageado, ovacionado por um Superdome em êxtase. Uma festa mis do que merecida.
Se você não viu, vá ver. As fotos publicada no site oficial do New Orleans Saints estão muito bonitas, e o vídeo da cerimônia está disposto na íntegra, e você pode ver clicando aqui.

Metade do estádio e da torcida vendo pela TV queria que Drew Brees colocasse o uniforme e o capacete e entrasse em campo para salvar o jogo e o time. A outra metade também.
Mas infelizmente, essa Era acabou. A Era Dourada dos Saints. Pode ser que ela nunca mais venha, os problemas atuais são muito grandes, vão de espaço no teto salarial a composição do elenco, envelhecido, à técnicos e dirigentes sem rumo para o futuro próximo e a longo prazo.
Ressaca e melancolia sem limites
O final do jogo, para quem aguentou até o fim, foi completamente melancólico.
O quarterback reserva, Jake Haener, jogou a posse final e lançou um passe de touchdown de 12 jardas para Cedric Wilson com 1:22 para o fim do jogo. Foi o primeiro passe para touchdown da carreira de Haener.
A essa hora, poucos restavam no Superdome. Alvin Kamara, em entrevista pós jogo, disse que entendia completamente a torcida, e disse que faria igual. Circularam uma notícia falsa de que ele estaria pedindo uma troca, para ir embora, mas ele mesmo desmentiu e reafirmou seu amor pelo New Orleans Saints. E eu sigo amando Kamara.

Enquanto isso, a gente fica com um gosto amargo na boca, como se tivesse bebido uma garrafa de tequila, se teletransportado e acordado num canavial na zona rural de Araçatuba/SP. Não que isso tenha acontecido com alguém que eu conheço alguma vez nessa vida.
Fundo do poço sem limites
O que vem por aí pode ser pior do que veio até o momento. Os Saints sofreram sua quinta derrota consecutiva, e uma temporada que começou prometendo tudo termina (na semana 7!) entregando exatamente o oposto.
No próximo jogo, contra o Los Angeles Charges (3-3), no SoFi Stadium, não sabemos que time vai ter condição física de jogar. Se Dennis Allen não foi demitido até agora (terça-feira dia 22 de outubro, pela manhã), não deve ser demitido tão cedo, infelizmente.
Em seguida, os Saints enfrentam o Carolina Panthers, em Charlotte, e depois recebem o rival Atlanta Falcons, no Superdome. E no jogo seguinte, o quarterback Jameis Winston com o Cleveland Browns vai ter sua oportunidade de revanche contra Dennis Allen, e não duvido nada que o New Orleans Saints chegue para a bye week, na semana 12, com uma campanha 2-9.

Eu vou estar por aqui, tentando manter a saúde mental em dia, descarregando as frustrações em palavras, tentando tirar um pouco de sarro de nós mesmos, inclusive nesses tempos sombrios. Não me abandone, não.
Bora, Saints!
Assine a newsletter para receber direto em seu e-mail: mundowhodat.substack.com
Venha me ver falando bobagem e sofrendo com o New Orleans Saints em outros lugares, no Bluesky, no Threads e no Instagram.
Foto de capa: Toalhas com o número 9 para a torcida homenagear Drew Brees (Michael C. Herbert / New Orleans Saints)
1 comentário em “Coluna do Zé: Onde é o limite?”