Crônicas em Preto e Dourado: A Grande Aposta
Crônicas em Preto e Dourado: A Grande Aposta
Era noite de inauguração do majestoso edifício Raiders Cassino, a mais nova atração de Las Vegas. O Sr. Carr, recém-chegado à cidade, chegou cedo. Apostador jovem, fez alguns ganhos em 2016, mas desde então estava devendo. Entretanto, aquela noite era diferente. Sentia que a sorte poderia estar ao seu lado.
Carr trocou suas fichas e foi logo para a mesa de roleta, que estava vazia. Cumprimentou o crupiê e antes mesmo de fazer a primeira aposta, um outro jogador sentou-se do lado oposto da mesa. “Boa noite, Sr. Brees”, disse o crupiê. O jogador, alguns anos mais velho que Carr, deu um sorriso confiante e o encarou. O Sr. Carr ficou meio tenso e resolveu aguardar a aposta do homem.
“Essa roleta tem um modo de jogo diferente”, disse o crupiê. “Dois jogadores se enfrentam, fazendo apostas em sequência. Ao final, aquele que conseguir mais fichas, vence.”
O Sr. Brees começou apostando no Branco 11 (essa roleta tinha cores diferentes, vale notar). Apostou depois no 41 e não teve sorte com o 10. A aposta no Branco 3 lhe rendeu algumas fichas.
Carr começou suas apostas no Preto 28, mas viu a bolinha cair no Branco 27, o que rendeu uma boa risada ao Sr. Brees. Na sua vez, este deu vários lances no Branco 41, seu número favorito naquela noite, tamanho o magnetismo entre ele e a bola. As apostas voltaram para o Sr. Carr mas não foram longe, pois viu o Branco 91 e 93 pipocarem em sequência, o que fez com que Carr caísse da cadeira!
Enquanto tentava se levantar, sentiu alguém lhe puxar pelo braço, ajudando-o a levantar. Uma mulher elegante, num vestido longo, sorria para ele. “Acho que posso fazer mais do que te ajudar a se levantar”, disse. “Como? Quem é você, afinal?”, perguntou Carr.
“Me chamam de Estratégia. Eu vou te dizer exatamente o que você precisa fazer para vencer o Sr. Brees.”
Ela se sentou ao lado dele. “Vamos lá, aposte rápido. Fichas na mão não viram vitórias, jovem. Aposte no Preto 83.” Carr obedeceu, e deu certo. “Preto 83”, disse ela, no que Carr questionou: “De novo?”
“Quantas vezes for necessário. Entenda que, se algo está dando certo, não há por que mudar.”
Carr começou a ver suas fichas se multiplicarem. Pouco depois, um displicente Brees foi com tudo no Branco 11 e… a bola foi parar no Preto 50. A maré começaria a virar naquele instante. Brees não conseguia mais acertar, suas escolhas eram equivocadas.
O Sr. Carr ficava cada vez mais à vontade, mas chegou a questionar Estratégia. “Estou com receio do Branco 20 ou 23.”
“O Branco 23 não é uma boa aposta hoje”, disse ela. “E o Branco 20 deu bastante azar a um senhor de Tampa Bay semana passada. Mas hoje ele não passa de um número.” E completou: “Apostar nos Brancos hoje será como jogar suas fichas – e suas expectativas – no meio do deserto.”
E à medida que aquela noite de segunda-feira avançava, só se ouvia a voz do crupiê e o tilintar das fichas do Sr. Carr se esparramando pelo pano verde.
“Preto 83.”
“Preto 28.”
“Preto 83 novamente, incrível!”
“Preto. Preto. Preto.”
Quase no fim, o Sr. Brees ainda conseguiria algumas fichas, mas o grande vencedor era o Sr. Carr. “Por que você só ajudou a mim?”, ele perguntou a Estratégia.
“O Sr. Brees e eu já fomos parceiros durante um bom tempo, mas ele já não me escuta tão bem mais. Acho que anda apostando muito alto. Um bom jogador sabe quando é a hora certa de parar.”
“E você acha que a hora dele é agora?”
“Não sei. Eu preciso conversar com ele, dar uns conselhos”, disse ela. “Juntos podemos conseguir algo maior. Tem gente muito boa ajudando ele também. Enfim, fichas ele tem. Se ele será capaz de multiplicá-las este ano, esta é a grande aposta.”