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A casa do torcedor do New Orleans Saints no Brasil!

Encontros, Desencontros e Despedidas

Eu demorei algumas horas para começar esse texto, está difícil encontrar as palavras. A noite mal dormida, os problemas do dia, a família, as aulas da mais velha que estão para iniciar, o mais novo que está para chegar, o trabalho… mas eu só pensava no texto.

Encontro

O texto, ele que me fez entrar para o Saints Brasil! Sim, foi um texto, um teste, em formato de texto, há alguns anos, onde eu coloquei todo o meu coração para escrever de Deuce McAllister, que é um dos meus maiores ídolos na franquia e no futebol americano. Tantos textos depois, traduções, opiniões e até evoluímos para um podcast.

E esse foi um encontro muito bom, um grupo formado por alguns torcedores que nunca quiseram nada além de informar, dar oportunidade ao torcedor do Saints de ter notícias em português, de estarem atualizados sobre tudo, ou quase tudo o que acontecia no dia a dia da franquia. Acho que fizemos e temos feito isso com êxito. Mas isso não vem ao caso e só serve de introdução para embasar o título desse texto.

Desencontro

O desencontro! Foi daqueles! De tirar o sono, a paciência, a calma e tudo mais que se possa ter em um domingo à noite. Era o tão esperado confronto entre Brees e Brady em pós temporada, que o mundo do futebol americano um dia esperou ver em um Super Bowl e infelizmente nunca aconteceu. Dois dos maiores jogadores da história da liga, jogando na mesma divisão e agora se enfrentando em um jogo de divisional da conferência. Saints x Buccaneers, episódio 3. Nos dois jogos anteriores, uma vitória do Saints por 34×23 e um massacre na Flórida, 38×3, onde tudo deu certo para o Brees e tudo deu errado para o Brady. Eis que veio o terceiro encontro, em pós temporada. E aí vem os fantasmas, 2011, 2013, 2017, 2018, 2019… Beastquake, Vernon Davis, Minneapolis Miracle (pra quem gosta da minha narração: “DIGGS… HE CAUGHT IT… SIDELINE… TOCHDOWN!!! UNBELIEVABLE!!!), No Call e finalmente 2019 que eu nem tenho um termo específico pra descrever esse jogo. Enfim, todos os fantasmas estavam aí para nos assombrar… e assombraram. Desencontro total do ataque… jogo amarrado, empatado durante boa parte do tempo… um turnover? Ok, conseguimos sobreviver com ele. Dois turnovers? Ok, ainda é possível conviver com ele. Três turnovers? QUATRO TURNOVERS? Me ajude a te ajudar Saints! Me ajude a te ajudar Brees! Me ajude a te ajudar Jared Cook! Não há time que ganhe dessa forma em playoffs!!! Não há time que ganhe dessa forma jogo nenhum!!! Nós cometemos erros, eles capitalizaram, e ganharam… mais um fantasma… Tom Brady? Não! O Tampa Bay Buccaneers! Sim, aquele que ganhamos 2/2 na temporada regular. Eles vieram com a faca nos dentes, como no logo deles, o bucaneiro com a faca entre os dentes. Executaram melhor, aproveitaram a noite terrível do Brees, e do Cook, do Michael Thomas e do Anzalone, mas o Anzalone não teve só uma noite feliz, a vida esportiva dele é infeliz, mas o errado é o time que o tem no elenco, no caso, o Saints. Destaque para as atuações de Malcolm Jenkins (irretocável), Demario Davis (falar dele é chover no molhado) e Marshon Lattimore (ok, o Evans conseguiu o tão sonhado touchdown, mas não apaga a excelente atuação dele).

Despedida I

Andrew Christopher Brees, Drew Brees… O CARA da franquia durante uma década e meia. Ele que tal e qual New Orleans, tem uma história de superação. Sua altura, 1,83 metro, baixo para um quarterback padrão da NFL, seu braço supostamente fraco para um quarterback padrão da NFL, Purdue, universidade que ele escolheu não somente pelo programa esportivo (Purdue tem apenas um programa mediano no futebol americano universitário) e sim pelo programa acadêmico, dos melhores do país, onde se formou em administração industrial. Ele era o esteriótipo perfeito para um excelente administrador industrial, um bom gestor, mas não um quarterback da NFL. Mas ele contrariou os padrões, foi selecionado na primeira escolha da segunda rodada do draft de 2001, pelo San Diego (agora Los Angeles) Chargers, onde jogou entre 2001 e 2005. Era um jogador razoável para os padrões da liga, mas era um gigante para os seus próprios padrões. Ficou em San Diego até 2005, quando na última semana daquela temporada teve uma lesão no ombro que normalmente acaba com a carreira de um jogador, mas ele não era apenas um jogador, ele era O CARA.

E aí veio a recuperação e a dúvida. Será que alguém apostaria em um quarterback baixo com uma séria lesão no ombro do passe? Nick Saban não o quis em Miami, Sean Payton o quis em New Orleans. New Orleans o quis e ele quis New Orleans (Ô SORTE!!!). New Orleans e Drew Brees, ambos combalidos! Ele, vindo de uma lesão e com muitas dúvidas. A cidade, devastada pelo pior furação da sua história. O time, historicamente um saco de pancadas na liga, que até então tinha vencido apenas UM jogo de playoff na sua história e as aparições em pós temporada eram raras. Juntava-se a tudo isso a possibilidade de mudança de cidade, San Antonio era uma forte candidata. San Antonio Saints? Nem combina! Eram só adversidades, para todos, por todos os lados. Mas eles se juntaram.

Brees e NOLA, NOLA e Brees… um jogador, um time, uma cidade, um lar. E eles lutaram, e eles conseguiram! Brees e Sean Payton se tornaram uma das maiores duplas ofensivas da história da NFL. Um time foi montado, o Superdome, que abrigou milhares de pessoas durante o Katrina e foi parcialmente destruído, foi reinaugurado… REBIRTH! “There is a house in New Orleans… they call the Superdome”. Tudo mudou, vitórias, playoffs, uma final de conferência logo na primeira temporada, alguns tropeços nas temporadas seguintes e veio 2009… o Superbowl XLIV, Brees x Manning, Saints x Colts, e veio a glória. THE PIGS HAVE FLOWN!!! Os Aints não existiam mais, havia se tornado uma franquia com mentalidade vitoriosa, respeitada, campeã!

Brees, baixo, braço fraco, e o ombro? Ele provou que alguns estavam errados! New Orleans provou que alguns estavam errados. Foram muitos bons momentos, outros nem tanto, algumas temporadas carregando uma defesa que figura entre as piores da história da liga, sem times competitivos embora com ótimos ataques. O braço ainda era forte, jogadas explosivas, mas derrotas, sempre correndo na subida pra recuperar pontos cedidos (muitos!) por defesas horrendas…. 2012, 2014, 2015, 2016, os 7-9, com Brees batendo 4000, 5000 jardas, quebrando recordes, de jardas, de touchdowns, de passes completos… sim, 1,83 metro, de precisão, de passes perfeitos, um cara que mal enxerga além das trincheiras. Não tem perfil pra quarterback de NFL… risos, me poupem… mais de 80.000 jardas, mais de 500 touchdowns, 70% de precisão nos passes. O CARA! Mas é evidente que a hora chegou, a idade chegou, 42 anos, a idade pesa, as lesões pesam, nos últimos anos alguns jogos perdidos, lesão no dedão, algumas costelas fraturadas… aparentemente chegou a hora de dizer tchau aos campos. E se assim decidir, terá valido a pena por tudo o que fez, por todos que calou sem nunca nem ter pensado nisso (o que só o torna maior), pela torcida que se formou por causa dos seus feitos, por simplesmente ser Drew Brees, o cara que mudou o jogo, que quebrou paradigmas, que abriu as portas para quarterbacks “fora do padrão”. Hoje temos Russell Wilson, Baker Mayfield provando que não precisa ter 1,95 m para ser um bom quarterback nessa liga! E tudo começou com DREW BREES!

A despedida não foi a esperada, foi um dos piores jogos dele no Saints, então eu escolhi uma imagem especial, que para mim é do maior jogo da história da franquia.

Despedida II

Junto com Drew Brees eu também estou me “aposentando”, quero dizer, me afastando. Não sei se definitivo, nada na vida é definitivo. Mas por algum período eu me afastarei para cuidar de outros projetos, um em especial, chamado Noah, que chegará em breve para aumentar a família. O Saints Brasil é uma família e como toda família tem seus problemas, mas assim como NOLA e Brees, superamos nossas diferenças e seguimos em frente. Por hora só posso dizer que agradeço aos amigos, em especial ao Caio e a Jéssica, por terem me dado a oportunidade. Mas não menos importantes são Léo, Ivanzito, Higão e Xará, este último chegou mais tarde, mas chegou chegando e é da família tanto quanto os outros. E a todos que fizeram e fazem essa página ser o que é. E vai melhorar, podem apostar! Meu muito obrigado, de coração!

Marcelo – O PAI

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