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O técnico de LBs Michael Hodges faz malabarismo para conciliar um filho recém-nascido, promoção e aulas na pandemia

O técnico de LBs Michael Hodges faz malabarismo para conciliar um filho recém-nascido, promoção e aulas na pandemia

Por Katherine Terrell 15 de Junho de 2020

O técnico de linebackers do New Orleans Saints, Michael Hodges, imaginou como seria comandar sua primeira reunião da posição na NFL.

Quando ele se encontrou com seus jogadores depois de sua promoção de assistente do técnico de linebackers a técnico efetivo, na última primavera (do hemisfério Norte), não era exatamente o que ele havia imaginado enquanto tentava progredir na carreira, começando em Fresno State, depois Eastern Illinois, e então como assistente do Saints sob a tutela de Mike Nolan.

Hodges aprendeu muito sobre treinamento ao longo de oito temporadas, e o Saints não foi o único a vê-lo com bons olhos, com o Bengals e o treinador Zac Taylor (que conheceu Hodges quando esteve em Texas A&M) tendo considerado sua contratação para sua posição de técnico de linebackers, que estava em aberto em 2019.

Nada disso o preparou para dar aulas a jogadores remotamente em meio a uma pandemia.

“A gente nunca imagina ‘Ok, sou um técnico de linebacker na NFL. A gente está esperando uma coisa e de repente a primeira reunião frente a frente com os jogadores é através de um destes meios [de reuniões virtuais].’ E é algo como, o que… sabe, o que a gente está fazendo?”, disse Hodges. “Todo mundo terá o mesmo desafio, certo? E ainda assim, é diferente, sim. Eu gostaria de ver através dos olhos deles. Eu gostaria de senti-los um pouco mais. Eu gostaria de treiná-los no campo, mas estamos superando isso exatamente como todos os outros estão tentando superar.”

“Desde o comecinho, eu sentei com estes caras e disse, ‘Olha, nós vamos achar um jeito.’ E sentei com o (assistente defensivo) Michael Wilhoite e disse ‘Nós vamos achar um jeito de ser os melhores professores na NFL.’ Vamos ser melhores que qualquer um, ambos somos jovens, somos ambiciosos e ambos conhecemos um pouquinho mais sobre tecnologia do que alguns outros técnicos contra os quais estamos competindo. Nós devemos ter uma vantagem aqui. E exatamente como qualquer outra coisa, sempre temos que tentar achar uma abordagem vencedora, e acho que nós fizemos isso. E é assim que temos gastado nosso tempo nessa pré-temporada.”

Em uma entrevista para uma mídia de Nova Orleans, Hodges falou sobre sua transição para técnico de linebackers e discorreu sobre Demario Davis, Zack Baun e o grupo de linebackers.

The Athletic está fazendo uma série de artigos com os técnicos do Saints durante a pré-temporada. (Leia o artigo com o técnico de linha ofensiva, Dan Roushar, aqui, com o coordenador defensivo, Dennis Allen, aqui, com o técnico de secundária, Aaron Glenn, aqui e com o técnico de tight ends, Dan Campbell, aqui).

A transição para técnico de linebackers tem sido (quase sempre) suave

A pandemia de COVID-19 tem sido um desafio que nenhum técnico poderia ter previsto. Mas todos os outros aspectos sobre a transição, que começou pra valer durante o Senior Bowl, têm sido fáceis, uma vez que não há muitos rostos novos.

“O fato dos jogadores me conhecerem e eu conhecê-los e conhecer o esquema, tudo se alinha para fazer esta transição mais suave do que normalmente seria se eu estivesse indo para outro clube”, disse Hodges. “Há um bocado de diferenças até então, agora a decisão é minha sobre as coisas que vamos fazer e principalmente como ensiná-las, isso que é empolgante. Então eu meio que volto para o papel de professor, mais do que já fui um dia. E é por isso que estou ansioso. Eu amo essa parte, essa é a maior mudança e tem sido muito divertido até agora. Estou gostando muito.”

Ele acrescentou: “Mike Nolan foi realmente fantástico em permitir que eu fizesse parte do processo de ensino. E foi uma ótima parceria entre ele e eu. A diferença é quem está no comando agora. Agora eu estou liderando e Michael Wilhoite é meu parceiro, estamos fazendo isto juntos. Esta é a verdadeira mudança. Minha voz não vai mudar. Eu não me vejo como uma pessoa autoritária… Eu me vejo como uma ferramenta e como um educador, é como eu abordo isso tudo.”

Hodges disse que o lado bom de ensinar via videoconferência é que não há pressa em passar as lições do dia para ir para a prática. Ele e Wilhoite descobriram métodos de ensino diferentes e abraçaram de verdade o aspecto tecnológico da coisa.

“Eu estou achando isto extremamente empolgante. Estou amando. Eu amo este desafio”, disse Hodges. “Não é o que estamos fazendo, mas como estamos fazendo. O que estamos conseguindo fazer é gastar um tempo escolhendo bem as palavras, como verbalizamos, porque sem a minha presença, mostrando as coisas pra eles, eu posso confundi-los.”

“Por isso eu tive que focar na linguagem a ser utilizada e colocar isso no papel. É algo que eu terei que fazer por um bom tempo, mas é também algo que eles podem usar como referência. São 10h30 de um sábado à noite e Zack (Baun) não tem nada pra fazer, então ele pega um vídeo de uma aula antiga com explicações bem detalhadas. Inesperadamente, ele está aprendendo algo que não aprenderia antes, porque talvez eu não tivesse nenhuma razão para fazer esse trabalho.”

Hodges está fazendo todo um malabarismo para conciliar tudo isso com o fato de ser pai de uma criança de dois anos e de um recém-nascido.

“Veja, não tem sobrado tempo livre na família Hodges”, ele disse. “Nós temos uma criança de dois anos saindo das fraldas, compramos e nos mudamos para uma casa nova… minha esposa teve outro filho. Na verdade, eu a abracei hoje antes de subir e ela meio que deu uma cheirada no meu ombro e disse: ‘Acho que você tem vômito no seu ombro.’ É com isso que eu estou lidando no intervalo entre reuniões, mas faz parte. A paternidade é, de verdade, a melhor coisa que eu já vivenciei.”

O calouro Zack Baun causou uma boa impressão

Uma das coisas das quais Hodges mais sente falta em reuniões presenciais é o feedback instantâneo que um calouro como Baun teria só de estar na mesma sala com alguém como Demario Davis. Mesmo tendo algo parecido por meio da videoconferência, não é a mesma coisa.

“São coisas que a gente está perdendo, quando um cara como Zack, sentindo a presença de Demario, responde a uma pergunta e sente que Demario está bem ali, ouvindo, com o feedback de todos ali na sala”, disse Hodges. “Mas nós estamos tendo um pouco disso mesmo pelas chamadas de vídeo.”

Baun tem causado uma impressão tão boa que seu nome surgiu durante uma ligação entre Hodges e o general manager do Saints, Mickey Loomis. Com uma classe de calouros de apenas quatro jogadores, cada um tende a querer se destacar. Mas até o momento, os assistentes se mostraram empolgados não só em relação à Baun, mas com Cesar Ruiz e Adam Trautman também.

“Nós estávamos falando sobre Zack, ele tem se mostrado um profissional espetacular. Pela maneira como ele tem abordado as coisas. Digo, eu apenas sei que nós pegamos o cara certo, essa vai pra conta do departamento de olheiros”, disse Hodges. “Eles sabiam disso tudo. Se falarmos sobre conjunto, o conjunto de habilidades desse cara é excepcional, e de um ponto de vista da inteligência, ele aborda as coisas do jeito certo. Ele pede para ser corrigido. Ele já me perguntou como será o calendário de reuniões para o restante do verão (no hemisfério Norte) e, cara, tem sido impressionante trabalhar com ele.”

Baun está aprendendo a jogar em múltiplas posições

O técnico do Saints, Sean Payton, disse depois do draft que viu Baun como um cara que poderia jogar tanto de mike como sam, apesar de jogar a maior parte do tempo no college como edge rusher.

A avaliação particular de suas habilidades surgiu bem antes do draft, durante uma discussão entre Hodges e Jeff Ireland. Hodges fez algumas anotações sobre Baun quando eles o viram jogar, e no topo delas estava o comentário de que ele tinha visto um jogador com a habilidade de jogar em qualquer uma dessas posições.

“Foi a primeira nota que eu tomei sobre ele e estava realmente alinhada com a visão dos outros. Isso nos a deu confiança em pegá-lo naquele momento, Sean concorda com isso. Sean o vê similar ao restante do elenco”, disse Hodges. “Houve algumas coisas que ele nos mostrou, como a movimentação dele pelo campo, coisas que vimos durante o Senior Bowl, este cara vai fazer tudo isso aqui. Associa-se ainda todo o conjunto e a inteligência que nós observamos. Tudo isso nos deu uma tonelada de confiança em vê-lo como um jogador multi-posição que terá uma carreira longa e bem sucedida.”

Estas são as duas posições nas quais o Saints tem focado, mas sua habilidade natural no pass rush é algo que eles gostariam de utilizar em certas situações.

“Eu acho que, assim como fizemos com alguns dos nossos safeties e com algumas posições, vamos fazer o que pudermos para colocar estes caras na posição ideal, semana a semana”, disse Hodges. “Então, pode haver mudança de posicionamento do Jogo 1 para o Jogo 3, certo? Por isso ele está fazendo sua parte em aprender como jogar de sam e mike e em situações de terceira descida, ele terá outro papel. Como calouro, ele tem muita coisa pra fazer, mas sei que ele tem lidado com isso de uma maneira que me faz confiar que ele será capaz de assimilar.”

Hodges acha que os problemas de lesão de Alex Anzalone são passado

Há muitas questões sobre a longevidade de Alex Anzalone na NFL depois de perder a maioria dos jogos por lesão em duas temporadas. Uma das maiores preocupações do Saints é se ele poderá se manter saudável frente ao rigor de uma temporada inteira, o que ele só conseguiu uma vez, em 2018.

Mas ele tem tido total suporte de Hodges, com certeza. Anzalone foi o primeiro jogador entrevistado por Hodges no NFL Scouting Combine pouco depois dele ter aceitado o cargo em 2017.

“Lá estava eu na NFL, não deveria fazer entrevistas ainda, estávamos na pior, e de repente eu estou com Alex”, lembra Hodges. “E eu estou aprendendo só agora a dizer seu último sobrenome. Veja, havia uma conexão pessoal lá atrás, então ele chega, nós o avaliamos e vimos como ele trabalha, vimos sua habilidade e como há um potencial ali que ele nunca nem chegou perto de atingir, o que é animador. Mas eu estou confiante que ele estará melhor do que nunca.”

Anzalone jogou apenas dois jogos na temporada passada devido a um problema no ombro que exigiu uma cirurgia em Setembro, mas Hodges confia que isso tudo é passado para ele.

“Sua forma física, é isto, não há segredos aqui, certo? E nós sabemos disso, ele sabe disso, mas eu sei o seguinte, ele se mostra excelente hoje”, disse Hodges. “Apenas pelos vídeos que eu tenho visto e as conversas que temos tido, vejo que ele parece excelente e ele me diz que está se sentindo muito bem. Então eu acho que ele vai chegar aqui e… acho, do fundo do meu coração, eu posso estar errado, mas acho que ele já passou pelo mais difícil e agora ele poderá estender sua carreira para 8 a 10 anos, que é o ideal, com a esperança de que ele permaneça saudável dentro de campo.”

Até mesmo Davis tem uma lista extensa

Um jogador com o qual o Saints tem zero preocupações é Davis, que foi um dos melhores linebackers da NFL na temporada anterior. Um líder dentro e fora de campo, ele tem sido um jogador chave desde que foi contratado na free agency em 2018.

Mas isso não significa que eles acham que Davis já atingiu seu teto. Nesta pré-temporada, os técnicos do Saints se aprofundaram em cada jogador para identificar problemas, soluções e áreas passíveis de melhoria. Surpreendentemente, Davis tem uma lista extensa.

Não é porque ele não tem jogado em alto nível; é porque havia um grande volume de vídeos (ele jogou 93% dos snaps defensivos ano passado), e eles acreditam que ele pode ser um All-Pro todos os anos. Isso significa que mesmo pequenos detalhes estão na lista.

“Eu fiz tudo isso antes de Wilhoite ser contratado como assistente e enviei a ele para que desse uma olhada e ele disse ‘Por que há mais coisas de Demario do que dos outros?’ Bem, se olharmos com atenção, há uma grande quantidade de vídeos sobre ele para estudar, certo? E ele é um aluno muito estudioso. Este cara lida com isso tão bem quanto qualquer pessoa que eu já vi”, disse Hodges. “A única outra pessoa que eu já vi lidar de forma diferente, na minha curta carreira, é Drew, e isso já faz muito tempo.”

“Há algumas coisas na cobertura, há algumas coisas no pass rush, há algumas coisas nos ajustes em corrida que se eu consigo fazê-lo ser um pouquinho melhor, bem, instantaneamente ele se torna um jogador All-Pro perene, mas não por causa do que eu faço. É porque ele está me usando como uma ferramenta. E está me usando como mais um recurso para continuar a ser melhor. Sempre há espaço para melhorar. Eu nunca imaginei estar perto de um jogador que é um All-Pro, com a temporada que teve ano passado, me ligando para perguntar ‘O que eu posso fazer melhor?’. Logo, é por isso que eu realmente vejo que ele pode ir mais alto. E realmente acho que nós veremos um jogador ainda melhor do que vimos no ano passado.”

(Photo: Scott Cunningham / Getty Images)

Traduzido de: theathletic.com

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