Pré-jogo: Setembro sempre chega
Pré-jogo: Setembro sempre chega
Por Ivan Martins
Setembro sempre chega. Essa frase já é um dogma para quem acompanha a NFL há algum tempo e, como todos os dogmas, por mais que demore, alguns anos mais que os outros, a NFL sempre volta para a nossa vida.
Algumas coisas são as mesmas todos os anos: mesma época do ano, mesmos adversários de divisão e, para muitos dos torcedores, a mesma esperança de que esse será o nosso ano.
Também é uma verdade que, depois de muitos anos escrevendo sobre o Saints, essa está longe de ser a temporada em que a torcida entra com mais expectativas. Assim como na temporada passada, mais uma vez o Saints entra em uma temporada com mais dúvidas do que certezas, com mais apostas do que realidades.
Porém, existem duas grandes diferenças em relação a temporada passada. A primeira é o fato de a divisão claramente estar muito enfraquecida, com a NFC Sul estando totalmente aberta e, pela falta de experiência dos elencos de nossos adversários, essa temporada é uma ótima oportunidade para que o Saints volte a dar as caras nos Playoffs.
A segunda grande diferença tem nome e sobrenome: Derek Carr. Após duas temporadas sofrendo para encontrar um substituto que chegue aos pés de Drew Brees, o New Orleans Saints cansou de arriscar e decidiu depositar suas fichas em um QB experiente e que já mostrou capacidade de atuar como Franchise Quarterback na NFL.
O torcedor do Saints sentiu na pele a diferença que faz possuir um jogador que sabe lançar a bola para vencer jogos na NFL. Por si só, um novo e confiável QB já é um motivo para entrar nessa temporada esperando coisas boas. Entretanto, não é só isso que anima a torcida, a base com os principais jogadores foi mantida, com a equipe ainda possuindo promessas no ataque como Trevor Penning e Chris Olave, o retorno de Michael Thomas, e a manutenção de líderes defensivos em Cameron Jordan, Demario Davis e Marshon Lattimore.
Claramente, algumas dúvidas ainda pairam sobre essa equipe em algumas posições: a linha ofensiva precisa se mostrar confiável, a saúde de Michael Thomas novamente sendo uma questão, o encaixe ofensivo de peças novas como Jamaal Williams e Foster Moreau. Do outro lado da bola, a quase toda reformulada linha defensiva irá precisar dar as caras, Pete Werner pode se consolidar de vez e a secundária precisa se mostrar confiável além do nome de Lattimore.
As mudanças e incertezas, por incrível que pareça, não param por aí. O time de especialistas foi o grupo com mais modificações. Tudo que parecia concreto até a temporada passada foi jogado para o alto depois de atuações não muito convincentes no último ano. Will Lutz e Blake Gillikin vão dar lugar a Blake Grupe e Lou Hedley, respectivamente, pontos dignos de atenção que podem acabar fazendo a diferença entre vitórias e derrotas na temporada.
Tantos pontos a serem observados em nosso próprio time quase nos fazem esquecer que enfrentaremos um adversário neste domingo. O escolhido para viajar até New Orleans na semana 1 foi o Tennessee Titans, equipe que registrou o mesmo recorde que o Saints temporada passada (7-10) e também tentará melhor sorte esse ano. De modo geral, o Titans também vem para essa partida com muitos pontos a serem provados, e com essa temporada talvez sendo a derradeira para Ryan Tannehill mostrar se possui a capacidade de liderar um time na NFL.
Além de Tannehill, a equipe possui como pilares ofensivos o monstruoso RB Derrick Henry e o recém chegado WR DeAndre Hopkins, além da escolha de primeira rodada desse draft Peter Skoronski e a primeira rodada de 2022, o WR Treylon Burks. Do lado defensivo da bola, Denico Autry, Harold Landry III, Sean Murphy-Bunting e Kevin Byard são nomes a serem observados. Sinceramente, a equipe do Tennessee Titans se mostra um adversário bem acessível caso a ideia seja competir para garantir uma vaga na pós-temporada.
O felizmente curto Injury Report finalizado trás no New Orleans Saints, J.T. Gay (CB) e Tre’Quan Smith (WR) como fora, enquanto Kendre Miller (RB) está listado como questionável. Do lado do Titans, Tre Avery (CB) não vai para o jogo, e Harold Landry III (LB) e Dillon Radunz (OT) estão listados como questionáveis.
Entrando num escopo mais histórico do confronto, essa será apenas a segunda vez que as equipes se enfrentam na semana 1, sendo a primeira em 1993 quando, na oportunidade, o Saints venceu o então Houston Oilers por 33 a 21 no Superdome. Selo “anti-zica” na próxima frase mas, o Saints venceu suas quatro últimas estreias, maior marca da história da franquia, e tenta nesse domingo aumentar ainda mais esse recorde.
Na história do confronto, as equipes já jogaram 16 vezes em temporada regular, com o Saints possuindo um recorde negativo de 6-9-1 nesses confrontos. O último duelo entre as equipes aconteceu em 14 de novembro de 2021 em Tennessee, quando a equipe da casa venceu por 23 a 21 em uma partida com chamadas questionáveis da arbitragem, extra points não convertidos e com Trevor Siemian como titular naquela oportunidade.
Dito tudo isso, fato mesmo é que a NFL voltou, o New Orleans Saints voltou, a ilusão voltou, e teremos mais uma vez a oportunidade de se emocionar com esse time, nos dois sentidos da palavra. Parafraseando o Rei Roberto Carlos, “se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi”. Uma coisa que todos sabemos é que o Saints vai sempre estar aí nos enchendo de emoções e sentimentos controversos, mas que no fim das contas não conseguimos abrir mão de acompanhar. A estreia acontece domingo (10) às 14 horas, horário de Brasília, com transmissão apenas no NFL Game Pass e no DAZN.
Imagem destacada: Saints Wire – USA Today.
Não adianta tentar, Ivan. Não me venha com pontos negativos, dúvidas, essas coisas. Superbowl já é nosso. Nada vai me convencer do contrário.